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Da música ao bolo simples: os rituais de Marcos Mion e Donatella

A seguir, os melhores trechos do bate-papo com o apresentador que defende maior participação dos homens na educação das filhas

Fabricio Pellegrino Publicado em 10/08/2018, às 13h33 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Da música ao bolo simples:  os rituais de Marcos Mion  e Donatella - Divulgação/Editora Globo; Editora Caras
Da música ao bolo simples: os rituais de Marcos Mion e Donatella - Divulgação/Editora Globo; Editora Caras

Em defesa da maior participação dos homens na educação das filhas, astro lança o livro Pai de Menina. Em entrevista exclusiva, ele (que também tem Romeo e Stefano) revelou por que investiu no tema:

Um dia só deles
“Costumo sair a sós com a minha filha de 9 anos para jantar, passear... Nessas situações, abro a porta do carro para ela, andamos de mãos dadas, elogio. Enfim, dou toda a atenção, carinho e respeito. Tudo para ela saber como um homem deve tratá-la e que não deve aceitar nada a menos de um futuro namorado. Porém, achava que todo pai fizesse isso.” 

Bombou na internet
“Quando fiz um post no Instagram sobre um dos nossos passeios, viralizou. Com a repercussão, percebi que os homens estão em débito no quesito pais de meninas. Avaliando friamente a minha relação com a Donatella e vendo que, de fato, poderia ajudar muitos pais, decidi escrever o livro para o homem expandir o seu universo e englobar a sua filha. Saber o nome das princesas, dos namorados das princesas, por exemplo, criará um elo entre pai e filha.”

Homem não pode?
“É fácil achar livro, filme e série que fala da mãe. Mas para pai é difícil. Então, resolvi representá-los. Muitas vezes, os pais não fazem mais pelos filhos porque não sabem que podem. Ninguém diz que ele pode sair sozinho com a filha, trocar a fralda, chorar no filme da Rapunzel, se maquiar. Não sei o que veio primeiro: os homens assumirem trabalhar muito e se afastar dos filhos ou as mães afastarem os homens ao dizer que não sabem pegar a criança, dar banho.” 

Fui lá e fiz!
“Não aceitava ninguém dizer que eu não sabia fazer algo. Aos 24 anos, dei o primeiro banho no meu primeiro filho e nunca tinha lavado nem boneca. Todo mundo me falava para não fazer. A enfermeira dizia: ‘E se o bebê cair?’ Eu nunca deixaria ele cair. Deixem 
os pais participarem mais da educação das filhas. Às vezes, eles querem e não têm espaço.” 

Voltando ao livro…
“Trata-se de uma obra para ler ao lado da filha e construir uma relação para a vida toda. São 15 capítulos. Cada um é uma declaração do pai para a filha, preparando-a para a vida e criando um elo entre eles. Um capítulo fala sobre aceitar a beleza independentemente de como ela for e das diferenças. Outro já é sobre ninguém ser melhor do que ela.” 

Rede social não

“Escrevi com garra o capítulo sobre redes sociais. Pelas consequências que podem causar às crianças, sou contra. Meus filhos não têm. WhatsApp? Só para falar com os pais e avós. A pureza da infância precisa ser preservada para a criança amadurecer aos poucos. Basta um vídeo superviolento ou supersexual e você amadurece em 30 segundos. Me esforço para expandir a infância dos meus filhos ao máximo. Tudo pede para as crianças crescerem: a roupa, a música, a novela... É tudo voltado para a sexualidade precoce e sou contra isso. Redes sociais e ferramentas como WhatsApp contaminam a infância.” 

Gatilho e afinidade
“Algumas partes do livro são exclusivamente para o pai. Outras são para ele ler para a filha. Ao final da leitura conjunta tem uma pergunta. Exemplo: ‘Já te contei o que senti quando te peguei no colo pela primeira vez?’ A criança ama saber sobre quando nasceu, o que o pai sentiu. O livro deve funcionar como um gatilho para o pai desenvolver a relação dele com a filha e descobrir o que ela gosta.” 

Beijo, te amo, tchau!
“Alguns pais não costumam falar ‘eu te amo’ para suas filhas e não pedem para elas dizerem isso. Na minha casa é regra: só se desliga o telefone após falar ‘beijo, te amo, tchau’. O ‘eu te amo’ deve estar de forma natural e orgânica presente na vida de todas as famílias.” 

Canção de acordar
“Quando sua filha crescer, precisa lembrar das coisas que marcaram a vida dela ao seu lado. Tenho inúmeros rituais com os meus três filhos. Um deles: os acordo diariamente com a mesma música. Tenho certeza de que, pelo resto da vida deles, quando ouvirem essa mesma canção, ficarão superemocionados.”

Hummm... A casquinha
“A Suzana [esposa do apresentador] adora bolos simples e isso acaba com a minha dieta. Mas só não resisto quando está saindo do forno com aquela crostinha queimadinha... O que eu fazia? Raspava essa casquinha e a minha mulher ficava brava. Um dia, eu estava cutucando o bolo e a Donatella viu. Não resisti e falei para ela experimentar só a casquinha. Ela amou! Hoje, sempre que sai um bolo do forno em casa, a minha filha me manda uma foto pelo celular e diz: ‘Pai, estou te esperando pra gente cutucar!’ Nós criamos um ritual para sempre. Assim você cria memórias.”

Corrida contra as horas
“Essa primeira infância é o tempo que tenho para colocar dentro dela tudo que acredito sobre caráter, ética, tolerância, dignidade, preconceitos. Enfim, os pilares de um adulto admirável. É uma corrida contra o relógio, pois as crianças de 9 anos de hoje equivalem a uma adolescente de 16 da minha época. É uma loucura, mas confio no que já plantei até agora.” 

Rigidez amorosa
“Ser um bom pai é falar ‘não’. O ‘não’ educa e mostra que ama. É fácil dizer ‘sim’, deixar comer besteira, assistir a programas de adultos, ter redes sociais. Mas você vai criar alguém que se frustrará demais na vida. Vemos isso nessa geração que tem tudo e quando leva um ‘não’ da namorada ou no trabalho se deprime. Sou rígido, mas a rigidez é feita com amor, respeito e carinho.”

O QUE APRENDI COM OS MENINOS

Romeo: um amor livre de travas
“Com o meu filho mais velho, de 13 anos, coloquei os pés no chão e entendi do que a vida é feita, o que é amor e  dedicação ao próximo. Por causa do autismo, ele é amor puro e intenso, sem travas ou vergonha. Conviver com uma pessoa assim é uma honra. Normalmente, nos  perdemos na correria da vida. Mas ele me faz lembrar o que vale a pena: família e estar inteiro para quem ama. A diferença entre uma criança especial e uma tradicional que sentem o mesmo amor? A primeira beija, abraça, olha no olho, diz que ama, não reprime o que sente. Não seria quem sou, não chegaria aonde cheguei e não teria o que tenho se não fosse o Romeo. Aprendo com ele a ser um homem melhor todos os dias.” 

Stefano: espelho, espelho meu!
“É louco você se enxergar totalmente em outra pessoa. Ele é a melhor versão de mim. O Stefano sou eu quando ainda era um moleque, antes das preocupações e cobranças da vida. Sempre que olho para ele, me analiso constantemente. Quando o vejo já sei para onde vai, o que precisa, o que está querendo. Enquanto o Romeo me ensina o real motivo da vida, que é plantar amor em quem a gente ama, o Stefano representa para mim o que tenho de melhor. Esse menino de 8 anos é um doce, um amor de criança, supersensível, mas um palhaço. Exatamente como eu era. Ao longo da vida, confesso, perdi essa essência, mas ele a traz de volta para mim.” 

Enquanto isso, no trabalho...

No dia 15 de agosto, a RecordTV inaugura a PlayPlus, plataforma de conteúdos on demand. Marcos Mion será o responsável pela atração de estreia da empreitada: a série documental Pais da Nova Era. “Busco, em cinco episódios, trazer referências aos pais por meio de histórias de homens famosos e desconhecidos com seus filhos”, explica Mion. Entre os entrevistados célebres estão Junior Lima, Marcos (da dupla com Belutti) e Piangers. As histórias dos pais anônimos também prometem inspirar. “Um deles, durante o processo de diagnóstico do filho, não só descobriu que o garoto fazia parte do espectro autista, como ele próprio também”, revela o apresentador. E, em setembro, Mion volta à RecordTV para comandar a décima temporada do reality show A Fazenda. 

10 dicas para o pai melhorar a relação com a filha

1   Sussurre no ouvido dela e cante quando estiver colocando-a para dormir. Sua voz trará paz e segurança a ela.
2 Tente não fazer tudo o que ela quer e comprar tudo o que ela pede só porque ela fala “papai” de um jeito que faz seu coração derreter.
3 Escove os cabelos dela. Sempre.
4 Não perca a chance de dançar com ela em todas as alturas, começando quando ela bater nos seus joelhos.
5 Deixe recadinhos afetuosos escondidos. Mas de uma forma que ela consiga achar.
6 Deixe claro, desde sempre, que ninguém pode tocar em suas partes íntimas.
7 Acredite em unicórnios. E numa tal de baleia com chifre de unicórnio. Na dúvida, se for unicórnio, acredite.
8 Ensine: dinheiro não é o mais importante do mundo.
9 Ao dar uma bronca, ajoelhe e fique da altura dela.
10 Trate a mãe dela com respeito, carinho e amor. Ela vai sempre tomar essa relação como base.