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“Nas cenas de preconceito, eu fico mal”

Eliane Giardini vive uma megera preconceituosa em O Outro Lado do Paraíso, a Nádia. A mulher é tão víbora que até a atriz sofre!

Natália Leal Publicado em 12/01/2018, às 19h44 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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“Nas cenas de preconceito, eu fico mal” - Globo/Raquel Cunha
“Nas cenas de preconceito, eu fico mal” - Globo/Raquel Cunha

O combate ao machismo e racismo são temas que andam em pauta na vida real e na internet – sempre tem alguém falando sobre o assunto e a vontade de nos transformarmos em algo melhor como sociedade. Mas, em O Outro Lado do Paraíso, Eliane Giardini vive o lado negativo desses temas: uma mulher que reproduz muito preconceito dentro de casa, principalmente quando o filho, Bruno (Caio Paduan), namora sua ex-empregada Raquel (Erika Januza)...

Sua personagem é muito preconceituosa. Como é pra você falar aqueles absurdos sobre negros com tanta naturalidade?

É difícil, mas quando a gente engata, vai. No começo foi complicadinho. É o personagem, né? Em uma das cenas que eu fiz com a Erika [Januza, que vive a Raquel], fiquei mal. Ela também.

Como você joga esse malestar fora depois do trabalho?

Eu abraço a Erika e a cubro de beijinhos para melhorar o astral, né? [risos]

Existem muitas Nádias no mundo real. Como passar uma mensagem?

Muitas! Espero que elas se identifiquem com esse horror e vejam que isso não é legal não vai para lugar nenhum.

Você já conheceu alguém extremo como ela?

Pessoalmente, não. Não sou amiga de ninguém assim, mas vejo essas coisas. Em grupos de WhatsApp do meu condomínio, às vezes aparecem umas meio brabas. Quando isso acontece, saio do grupo. Não dá para ficar educando as pessoas a essa altura do campeonato, né? Elas têm que ler, se informar, se educar. Basicamente isso. Faz parte de um comportamento muito egoísta isso de não olhar o outro e incluir as diferenças. Precisamos falar muito do assunto. Acho bom, ajuda bastante. Não tem uma cena que eu faça dizendo barbaridades que não tenha outro personagem me contradizendo. Funciona como um balizador, um contraponto.

Ela tem algum lado positivo?

Acho que ela tem uma família muito afetuosa, os filhos são bem-educados, por incrível que pareça. Acho que essa coisa familiar, de querer proteger a família dela da forma torta que ela entende que está protegendo é boa.

Ela é uma perua, né?

Perua demais! Casada com um cara corrupto, tem cenas que eu guardo dinheiro de propina na roupa...

E você, tem um lado mais consumista?

Acho que isso é tudo uma fantasia. Essa pessoa que só usa coisas de marca, bolsas de R$ 14 mil... Isso pra mim é outro mundo. Mesmo que eu fosse muito rica, não conseguiria. Acho que não é por aí, é o oposto. Simplificar a vida, né? Ir para o essencial.

Se considera desapegada do material?

Não, eu estou aqui, vivo nesse mundo, quero viver com conforto. Meu trabalho me proporciona uma vida confortável, mas acho que tem limites para essas coisas. Há uma desigualdade tão violenta que não tem como se sentir bem sendo perua. É um constrangimento.

Como você lida com a sua autoestima, ainda mais nessa fase de mulher madura?

É um trabalho eterno. Todo mundo tem as suas melancolias, angústias, isso faz parte da natureza humana. Eu faço análise há muitos anos, leio bastante, procuro me informar.

O passar dos anos te abala?

A gente não tem muita opção! Às vezes, bate um ressentimento, mas acho que tem ganhos também. Tem que dar uma de Poliana, se sentir mais leve.

Tem gente que fica angustiada porque a TV HD mostra rugas, marcas de expressão...

Não vejo nada! Só quando está no ar, senão começo a me engessar. A gente se critica muito, né? Não ia conseguir aprovar nada. Prefiro ficar bem à vontade, fazer o personagem e não enxergar nada disso aí.