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O preço invisível das apostas

Um a cada dez brasileiros participa de jogos com apostas pelo menos uma vez por mês.Mas algumas pessoas perdem o controle

Ana Bardella Publicado em 01/01/2018, às 16h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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O preço invisível das apostas - iStock
O preço invisível das apostas - iStock

Muitos brasileiros enfrentam o mesmo desafio: reconhecer o momento de parar. A doença, chamada transtorno de jogo, pode demorar até
a ser diagnosticada e suas consequências são sérias. Entenda:

Qual a sensação?
De acordo com Mirella Mariani, diretora de gestão e supervisora no Programa Ambulatorial do Jogo (PRO-AMJO), do Hospital das Clínicas,
a resposta depende do perfil do jogador. A doença pode começar a se desenvolver durante a adolescência. Nesses casos, está relacionada à impulsividade típica dos jovens, que se arriscam com mais facilidade e, por isso, são mais vulneráveis. “O desenvolvimento cerebral nesta fase da vida ainda está em curso, por isso, adolescentes têm menos capacidade de manter o controle”, completa. Em compensação, principalmente em mulheres, a tendência é que o transtorno se desenvolva mais tardiamente e tenha uma evolução rápida. “Muitas relatam o jogo como uma fuga do sofrimento psicológico causado por uma situação dolorosa”, detalha a especialista. Também por isso o problema pode estar associado à ansiedade ou depressão. No caso dos homens, ocorre o contrário: o quadro mais comum está associado às tentativas de esconder suas angústias, motivo pelo qual podem ocorrer episódios de raiva.

Sinais típicos
Para que o problema seja considerado um transtorno psiquiátrico, é preciso que a pessoa apresente uma combinação de fatores. A doença está relacionada com o que os jogadores denominam “estar em ação”, um estado gerado pelas apostas e que pode ser comparado à euforia provocada por uma droga estimulante. Esse sentimento pode funcionar como um alívio para outros desagradáveis, como tédio, ansiedade e tristeza. Ele ainda colabora para a redução da autocrítica, da preocupação e da culpa, uma vez que a pessoa passa a criar fantasias de que poderá recuperar o que perdeu assim que conquistar sua próxima “grande vitória”. Para ser considerado um portador de transtorno do jogo, é necessário que a pessoa apresente quatro dos nove sintomas abaixo:

1 Necessidade de jogar com quantidades cada vez maiores de dinheiro a fim de obter a excitação que deseja.

2 Fica agitada ou irritada quando tenta diminuir ou parar de jogar.

3 Tem feito esforços para reduzir ou parar, mas não consegue.

4 Preocupação em não repetir os mesmos erros ao jogar e também em conseguir dinheiro para as próximas apostas.

5 Muitas vezes, se sente angustiado, impotente, culpado, ansioso ou deprimido ao jogar.

6 Depois de perder dinheiro, planeja voltar outras vezes a fim de recuperar a quantia.

 7Mente para esconder a extensão do seu envolvimento com essas atividades. 8Já colocou em risco ou perdeu um relacionamento, emprego ou oportunidade de educação por causa do jogo. Pode até acontecer de ter perdido os três.

9 Depende de terceiros para prover dinheiro a fim de apostar.

Você sabe a definição exata de jogos de azar?
Trata-se de uma modalidade em que é necessário apostar dinheiro ou algo de valor em um evento cujo resultado é totalmente (ou em grande parte) influenciado pela sorte. Entre os exemplos estão: cartas, bingo e caça-níqueis.

O PRO-AMJO oferece suporte aos apostadores através do site viraojogo.org.br. Também existem grupos de apoio, como o Jog-anon (jog-anon.com.br) voltados para isso!