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Precisa mesmo matar todas as bactérias?

O tremendo sucesso dos sabonetes antibacterianos esconde um perigo: quando utilizados em excesso, eles podem ser mais prejudiciais do que benéficos à nossa saúde

Ana Bardella Publicado em 25/11/2017, às 10h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Precisa mesmo matar todas as bactérias? - Shutterstock
Precisa mesmo matar todas as bactérias? - Shutterstock
"Tira 99,9% das bactérias.” Você provavelmente já deparou com alguma marca de sabonetes fazendo essa promessa. Parece ótimo... Afinal, quem não quer se ver livre desses seres repugnantes, que nos causam tantas doenças? Acontece que, na prática, a coisa não funciona bem assim. “A flora da nossa pele é constituída por diferentes tipos de bactérias, e a maioria delas não causa
mal nenhum ao nosso organismo. Pelo contrário: só o ajuda a funcionar direito”, explica Claudio Wulkan, dermatologista do Hospital Albert Einstein (SP). Quer um exemplo? Quando tomamos um antibiótico, a tendência é que ele reduza o número de bactérias presentes no nosso intestino – até as que são consideradas boas. Por isso, muitas vezes, os médicos recomendam o consumo de bebidas que contenham lactobacilos – assim, a flora intestinal consegue se reequilibrar.


Onde está o problema?
Apesar de remover uma quantidade grande desses seres vivos da nossa pele, pelo menos 0,1% deles continuarão por ali. “E justamente essas bactérias, que são mais resistentes à ação antisséptica, podem se multiplicar, tornando-se difíceis de serem eliminadas posteriormente, mesmo com antibióticos”, diz o médico. Ou seja, ao desestabilizar a harmonia que estava estabelecida na superfície da pele sem necessidade, damos margem ao surgimento de bactérias mais poderosas. Justamente por isso, nos Estados Unidos a comercialização desse tipo de produto foi proibida, uma vez que os fabricantes não conseguiram comprovar a segurança para o uso diário. E aqui no Brasil? Em nota, a Anvisa informou que está estudando a necessidade de revisar as regras para a comercialização desse tipo de produto.


Como lavar as mãos?
Segundo as propagandas, o uso desses sabonetes é o que garante a nossa saúde e a da nossa família. O dermatologista discorda: “Lavar com água e sabonete comum já é suficiente para eliminar as impurezas presentes na região”.


Eles sempre fazem mal?
Não. Em situações específicas, como no caso do aparecimento de furúnculos na pele, o sabonete antibacteriano pode ser, sim, a melhor opção de limpeza. No entanto, mesmo nessas situações, converse com seu médico antes de recorrer ao produto.


Outras funções
Se você tem um estoque de sabonetes antibacterianos em casa, não precisa jogá-los fora. Eles podem ser úteis para outras coisas.
É possível, por exemplo, limpar seus pincéis de maquiagem, a capa do celular, a pia da cozinha...


E eles nem são tudo isso!
Segundo a Proteste, no Brasil existem 215 sabonetes antissépticos com triclosan (substância comum em sabonetes líquidos) e 110 com triclocarban (mais presente nos em barra), ambas proibidas nos EUA. Em 2012, a associação testou a eficácia de alguns dos
produtos que estavam no mercado. E a marca líder – que prometia acabar com 99,9% das bactérias – não conseguiu sequer
reduzir nenhum dos micro-organismos utilizados no teste, tais como a escherichia coli, presente nas fezes humanas. O órgão de defesa do consumidor recomenda não comprar esses produtos, pois podem ser mais prejudiciais do que benéficos à saúde.


Uma alternativa viável
Para fugir das substâncias nocivas, algumas marcas já estão desenvolvendo produtos com uma ação parecida, mas não tão
agressiva à nossa pele. A presença de determinados ingredientes naturais (como o própolis e o capim-limão) na composição
potencializam a ação antibacteriana sem eliminar quimicamente as defesas do nosso organismo. Portanto, caso se sinta mais segura utilizando produtos com ação antibacteriana, dê preferência a esses, que são mais leves.