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Sensível demais

Uma em cada dez pessoas sofre com a síndrome do intestino irritável, doença que provoca falhas no funcionamento do órgão – além de muitas dores! Mas é possível evitar que o mal interfira na qualidade de vida. Descubra como

Redação Publicado em 23/08/2016, às 16h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h44

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Sensível demais - Shutterstock
Sensível demais - Shutterstock
Constantemente tensa e suando frio, à espera de um desconforto abdominal que não tem hora certa para acontecer. É assim que a vítima da SII (síndrome do intestino irritável) se sente. Um dos sinais de que o problema está a caminho são os gases, que incham
a barriga a ponto de a pessoa ter de desabotoar a calça! Isso sem falar na emergência de parar em algum banheiro de repente. Ou, o contrário, se contorcer de dor e não conseguir evacuar por dias... Estima-se que essa realidade atinja cerca de 10% da população mundial. Ou seja, uma em cada dez pessoas sofre com isso. E nós somos as principais vítimas: “A doença ocorre quatro vezes mais em mulheres do que em homens”, diz o gastroenterologista Flávio Steinwurz, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).


O que é SII?
Esse mal é caracterizado por uma desordem funcional, uma espécie de anormalidade no funcionamento do nosso intestino. Calma, a gente explica mais detalhadamente: no tubo digestivo ocorrem os movimentos peristálticos, um conjunto de contrações musculares responsável por juntar o bolo fecal e empurrá-lo para ser expelido. "No caso dos portadores da SII, o intestino fica muito sensível a esses estímulos, tornando essa coordenação de movimentos imperfeita e ineficaz", explica o médico. O resultado de tamanha confusão? Dores abdominais intensas, sensação de estufamento e diarreia ou prisão de ventre – que podem, inclusive, se alternar no
mesmo paciente.


Por que acontece?
As pesquisas ainda não são conclusivas sobre o que de fato desencadeia essa hipersensibilidade. O que se sabe até agora é que o estado emocional do paciente e a alimentação costumam ter grande relação com o surgimento do quadro. “Apesar de não existirem estudos que comprovem isso, a suscetibilidade feminina para desenvolver a síndrome pode estar relacionada aos hormônios e ao maior índice de ansiedade nas mulheres”, observa Ricardo Portieri, cirurgião geral e gastroenterologista do Hospital Bandeirantes (SP).


Como descobrir?
Não existe um exame pra detectar o distúrbio. Pior: os sintomas são semelhantes aos de outras doenças do intestino. O caminho
é longo, porque geralmente a pessoa demora a procurar o médico e a análise é feita por exclusão. É necessário, primeiro, afastar a hipótese de inflamações, infecções e tumores. “Vão uns seis meses da primeira consulta até o diagnóstico. Geralmente, são feitos
exames de sangue e de fezes, radiologias e colonoscopia para se chegar ao veredito”, revela Flávio. O sinal mais importante da
SII é dor abdominal contínua ou recorrente.


Como evitar
Pra fugir das crises, controle a ansiedade e cuide da alimentação. Aliar momentos de lazer com a prática de esportes também costuma trazer benefícios, assim como recorrer à psicoterapia. Já a alimentação pede uma análise minuciosa, pois a sensibilidade a
determinado item pode variar caso a caso. Pra saber a que o paciente é sensível, o médico recomenda uma dieta que retira do cardápio o alimento suspeito. Com um acompanhamento, especialista e paciente observam se há alívio dos sintomas. Existem,
porém, certos alimentos que parecem ser mais agressivos e, por isso, devem ser evitados. É o caso do leite e dos seus derivados; e da cafeína, presente em alguns tipos de chá, como o preto, o mate e o verde.


Tem cura?
Não e sim. Se a síndrome for controlada com a mudança de hábitos e com medicação, o paciente pode ficar até anos sem os
incômodos. Mas nada garante que eles não voltem. Os remédios dependem do quadro apresentado. Em geral, os médicos indicam
drogas que regulam os movimentos peristálticos, tratam diarreia e prisão de ventre, combatem a dor e ajudam a formar o bolo fecal. “Existem também receptores de serotonina no intestino que estão ligados a esse quadro. Certos remédios são capazes de soltar ou prender o intestino”, diz Flávio.


Falso alívio
“Períodos difíceis se alternam com o desaparecimento dos sintomas, que pode durar meses e até anos. Isso faz muita gente acreditar que o quadro se resolve sozinho e, daí, não busca tratamento adequado”, conta Portieri.