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Um pouquinho é capaz de fazer a diferença

A doação de leite materno salva a vida de milhares de bebês. Um litro alimenta até 10 recém-nascidos

Caroline Cabral Publicado em 06/10/2017, às 10h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Um pouquinho é capaz de fazer a diferença - iStock/Arquivo pessoal
Um pouquinho é capaz de fazer a diferença - iStock/Arquivo pessoal
Ofertar apenas leite materno durante os seis primeiros meses do bebê é fundamental para fortalecer a imunidade da criança. A prática também previne infecções respiratórias, alergias e diarreias nessa primeira fase da vida. Entretanto, bebês prematuros ou internados em UTIs neonatais que não conseguem mamar no peito precisam de leite doado para que sua recuperação ocorra efetivamente. São eles que figuram na lista prioritária dos Bancos de Leite Humano (BLH) do Brasil. Além de garantir a alimentação desses bebês, os bancos funcionam como uma central de apoio a todas as mulheres, orientando-as e estimulando o aleitamento materno. Em 2016, o país coletou 183 mil litros de leite. O volume, no entanto, supriu apenas 60% da demanda para recém-nascidos prematuros e de baixo peso internados nas UTIs.

Pasteurização: um processo seguro
O aleitamento cruzado é proibido no Brasil por risco de infecção: portanto, não é permitido ofertar leite fresco, cru, para outra criança que não a da própria mãe. O líquido precisa passar pelo processo de pasteurização, que é feito dentro do banco de leite. “O processo é responsável pela inativação térmica de bactérias e vírus. Elevamos a temperatura a 62,5 ºC por 30 minutos e a resfriamos rapidamente, para manter as propriedades nutricionais do leite. Enviamos uma pequena quantidade de cada frasco para um teste que verifica se a pasteurização foi efetiva”, completa.

Como é feita a coleta?
Em casa, no trabalho ou no ambiente hospitalar, a coleta precisa seguir o passo a passo abaixo:
■ Ferva um vidro de tampa plástica rosqueável por 15 minutos e deixe-o secar sozinho – é nele que o leite será armazenado.
■ Lave bem as mãos e coloque um lenço no cabelo e outro tampando nariz e boca.
■ Com as mãos ou com o auxílio de bombas extratoras, manuais ou elétricas, despreze as primeiras gotas e tire o restante do leite do seio, depositando o líquido no frasco.
■ Ao terminar, adesive o recipiente com seu nome, data e hora da coleta, e reserve no congelador. “A identificação é importante para garantir o prazo daquela leva”, reforça Danielle.

O envio do leite
O frasco pode ser levado até um banco de leite em uma bolsa térmica por qualquer pessoa. Há também o serviço de coleta: para isso, basta entrar em contato com o banco de leite mais próximo (rblh.fiocruz.br). Desde junho, uma parceria com o serviço de carros UBER permite o uso do código promocional DOELEITEMATERNO – ele dá direito a uma viagem de ida e de volta ao banco de leite no valor máximo de R$ 15 cada trecho (o valor excedente será cobrado do passageiro).


O leite materno serve como tratamento
Crianças em UTIs neonatais são a prioridade dos bancos, mas não são as únicas que podem se beneficiar. “A unidade de cuidados intermediários neonatais e o alojamento conjunto da maternidade estão na sequência de prioridade. Entretanto, a maioria dos bancos do Estado de São Paulo consegue dar conta apenas de 70% da demanda da UTI neonatal”, diz Danielle Aparecida da Silva,
coordenadora do Centro de Referência da Rede Global de BLH do IFF/Fiocruz. Para a administradora Agda Dias, de 32 anos, o Banco de Leite foi essencial na vida da Amora, sua filha. “Ela nasceu prematura extrema, com 27 semanas e pesando apenas 760 gramas. Foram 111 dias de internação nos quais o leite do banco foi sua maior fonte de nutrientes”, conta. Durante a internação da filha, Agda também doou todo o seu leite para o banco até que, quase três meses depois, Amora teve alta e pôde finalmente mamar na própria mãe. “Esse foi um dos momentos mais sublimes da minha vida. Me senti mãe de verdade”, relembra.