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Professora brasileira está entre os 10 finalistas do ''Global Teacher Prize'': ''Foi um sonho''

Considerado o "Prêmio Nobel da Educação" tem prêmio de US$ 1 milhão

Ana Caroline Mota Publicado em 27/02/2019, às 09h50 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Débora Garofalo está no top 10 do maior prêmio para educadores do mundo - Arquivo Pessoal
Débora Garofalo está no top 10 do maior prêmio para educadores do mundo - Arquivo Pessoal

A professora paulista Débora Garofalo está entre os 10 finalistas do anual "Global Teacher Prize", considerado o maior prêmio de educação do mundo. O vencedor será anunciado no dia 24 de março, em Dubai (EAU) e ganhará o prêmio de US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,7 milhões) da  Fundação Varkey. 

A ideia é premiar práticas que causem impacto na comunidade, melhorando a profissão docente e ajudando alunos a tornarem-se cidadãos. Débora leciona matérias relacionadas à tecnologia na EMEF Ary Parreira, em São Paulo (SP), em uma região que é cercada por quatro grandes comunidades. 

Ela contou à AnaMaria que sua vocação para ser professora começou ainda na infância e que não esperava estar entre os 10 finalistas do prêmio. Afirmou, inclusive, que foi pega de surpresa quando recebeu a notícia em casa. 

"Fizeram uma coisa muito bonita. O presidente da Varkey anunciou para todo mundo que eu era uma top 10. Foi uma grande emoção porque eu só sabia chorar, e não por mim, né? É pelas crianças, tudo aquilo que a gente carrega, tudo aquilo que a gente idealiza na educação. Foi um sonho."

O PROJETO

Para concorrer a premiação, é necessário inscrever um projeto de destaque. Débora idealizou o "Robótica com sucata para sustentabilidade", que a levou até a grande final. 

O trabalho incentiva crianças do 1º ao 9º ano a retirarem lixos das ruas, sobretudo das comunidades onde vivem, e transformá-los em protótipos, que são escolhidos por elas mesmas.

"Quando eu cheguei na escola onde estou hoje, apareceu a oportunidade de trabalhar com questões que eu achava tão importante", declarou. 

AÇÃO

Débora ressaltou a importância de olhar a realidade de seus alunos e a quantidade de lixo que os cercavam. 

"Eram coisas que chamavam muito a atenção. E eu pensei que não adiantava eu tentar ensinar qualquer coisa para essas crianças se eu não interferisse na realidade delas. O projeto tem isso, uma intervenção social. Não é só o ensino de programação ou robótica. Ele vai além, extrapola os muros da escola ao propor que o aluno também intervenha na sociedade", explica a professora. 

Logo, o ensino sobre reciclagem, redução e descarte correto de resíduos começou a ser ensinado em aulas públicas, de forma que a comunidade começasse a ser sensibilizada. 

Ela ainda contou que os alunos tiravam fotos dos lixo que viam nas ruas e faziam arrecadação do que era possível. "Aquilo que não era possível nós acionávamos os órgãos públicos."

RESULTADOS

Em três anos de projeto, uma tonelada de sucata já foi retirada das ruas para ser trabalhada por meio da robótica, porém da forma como as crianças quiserem. "O aluno precisa ter voz e participar ativamente da construção de seu conhecimento. Eu apenas comecei a 
estimular."

As aulas já renderam a produção de carrinhos e semáforo inteligente, mas Débora não esconde o projeto que mais chamou sua atenção, feito por um menino do 6º ano. 

"Ele reproduziu a casa dele. Na comunidade é muito comum ter 'gato', e ele refez então toda a parte elétrica da casa, mas de maneira sustentável, com placa solar, programando os horários que a luz deveria acender e apagar, para aproveitar a luz do sol. Era uma criança trazendo uma solução palpável para uma vida adulta, um solução para a comunidade", explicou Débora. 

ENSINO

A professora ressaltou acreditar que práticas docentes devem ser revisadas e que é preciso que os professores olhem com carinho para o que já é realizado dentro da sala de aula. Ela destacou que considera fundamental que educadores ouçam mais seus alunos e se envolvam com políticas públicas. "A educação é a arma que transforma a sociedade."

Em sua 5ª edição, o “Global Teacher Prize” já teve dois brasileiros no top 10, o capixaba Wemerson da Silva e o paulista Diego Mahfouz. Débora disputa com outros professores que representam Reino Unido, Holanda, Japão, Argentina, Estados Unidos, Quênia, Índia, Geórgia e Austrália. Ela sonha em ser a primeira brasileira a ganhar o prêmio.