Como denunciar

um relacionamento abusivo


Além do medo e das incertezas que o novo coronavírus
trouxe para o cotidiano, milhares de mulheres ainda
precisam lidar com outro grande problema durante a
pandemia: a violência.


Exatamente por isso, a quarentena tem sido um
momento difícil para muitas que vivem um namoro
ou casamento conturbado.


O isolamento social - cenário no qual muitos casais
estão confinados, por vezes longe de amigos e familiares
– tornou os relatos de relacionamentos abusivos mais
frequentes.


A advogada e influenciadora Lívia Sampaio ressalta que
essa convivência diária acabou evidenciando um aumento
nos casos de relacionamento abusivo e diversos tipos de
violência contra a mulher.


Antes da pandemia, alguns casais passavam pouco tempo
juntos e, por isso, brigas eram consideradas normais. Para
quem já vivia um relacionamento abusivo, a violência passou
a ser mais frequente.


Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma
em cada três mulheres já sofreu violência sexual ou física,
praticada na maior parte das vezes por seus parceiros.


O QUE É? Existem ao menos um tipo de violência, entre
elas a verbal, moral, psicológica, física, sexual e patrimonial. 


Para analisar se o relacionamento é abusivo ou não, deve-se
levar em consideração fatores como o sofrimento causado
na vítima, a frequência dos abusos, os ciclos de agressão e
até mesmo a proporção.


O abuso não é apenas físico, pois o abusador pode deixar
marcas na saúde mental da mulher de forma sutil,
mexendo apenas com o psicológico da vítima,
manipulando a percepção que ela tem sobre si.


OS SINAIS: De acordo com a advogada, um dos principais
indícios de abuso é a desigualdade entre as duas partes.
O abusador retira o poder de escolha da vítima e a afasta
de outras pessoas. 


Outro é a imposição, evidente ou não, de mudanças no
comportamento da mulher, que anulam e diminuem sua
identidade. 


Fique alerta com o homem que ignora as conquistas da
vítima, grita, desconta a raiva em objetos, controla sua vida
financeira, chama de louca, força relações sexuais e deixa
a vítima com medo.


COMO SAIR: Não é uma tarefa fácil, mas um apoio
especializado é fundamental para superar traumas e
reconstruir a vida. Além disso, a busca por um psicólogo
ajuda a vítima a identificar o problema. 


Livia destaca que não se deve julgar a vítima. É preciso
acolhê-la, criar um espaço seguro para ela. O segundo
passo é mostrar que a mulher é vítima e não a culpada. 


LEIS E AÇÕES: é importante buscar apoio no governo e
esfera jurídica. Mulheres que sofrem com relacionamentos
abusivos podem denunciar no Disque Denúncia (180),
serviço que preserva o anonimato. 


Existem ainda as Delegacias de Atendimento à Mulher, onde
é possível fazer um boletim de ocorrência contra o agressor.
Nas situações de emergência, a recomendação é ligar para a
polícia (190). 


Na Justiça, as vítimas podem contar com a Lei Maria
da Penha, que dá suporte para mulheres que sofreram
violência  física, patrimonial, sexual, moral e psicológica. 

TEXTO: Ana Mota
REVISÃO: Vivian Ortiz
EDIÇÃO: Vitória Gomes Nogueira
CRÉDITOS: Unsplash, Tenor