Jejum muito prolongado funciona? 

Recentemente, pipocaram polêmicas e dúvidas sobre o jejum divulgado por Mayra Cardi. A especialista em emagrecimento ficou sete dias sem comer nada; sobrevivendo, basicamente, de água.

Ela alegou que, além de benefícios religiosos, como conectar corpo e alma, o período sem se alimentar seria saudável e traria vantagens para sua saúde.

Mas será que esse jejum radical realmente faz bem?

AnaMaria Digital conversou com alguns profissionais atrás de esclarecimentos sobre essa prática. É importante ressaltar, porém, que não há consenso sobre os resultados que um jejum pode trazer. 

JEJUM DE ÁGUA

Eduardo Corassa, nutricionista que guiou Mayra, é um defensor do jejum. Segundo ele, são comuns períodos sem comer na natureza. Afinal, se pensarmos no povo pré-histórico, não havia abundância de comida.

E quando paramos de comer, nosso organismo para de usar os carboidratos como combustível, e passa a recorrer à gordura. Durante esse processo, as células ‘defeituosas’ são “recicladas”.

É importante ressaltar que jejuns longos causam uma sensação de fraqueza. Assim, não dá para fazê-lo enquanto a pessoa trabalha, dirige e, enfim, leva uma vida normal.

Além disso, são necessários mais estudos, especialmente do tipo “randômico”, que testa a terapia em pessoas aleatórias, de várias idades, nacionalidades e estados de saúde.

VÁ COM MUITA CALMA!

A nutróloga Fernanda Cortez explica que jejuns longos podem fazer com que a pessoa perca massa muscular, desgastando os músculos. Além disso, a prática pode desenvolver um caso de hipoglicemia.

O corpo começa a fazer muito esforço para manter a atividade cerebral alta e, para se manter ativo, queima toda a glicose. Com isso, a pessoa pode sentir tremores, confusão mental e piora no humor.

A especialista diz ainda que, em casos muito graves, o jejum pode levar até a infarto e insuficiência cardíaca, porque faltam vitaminas, sais minerais e glicose para que o coração consiga bombear o sangue.

Ou seja: não há recomendação médica para a realização de jejuns longos. Pode ser que essa prática seja o futuro - ou não. Os jejuns curtos, porém, são outra história.

Os de 12, 16 e 18 horas são recomendados pelos dois especialistas entrevistados, mas sempre com o acompanhamento médico adequado. 

Nesse caso, já há comprovação dos benefícios: pode diminuir o risco de desenvolver doenças crônicas e problemas cardiovasculares

TEXTO: Juliana Ribeiro
REVISÃO: Vivian Ortiz 
EDIÇÃO: Vinicius Lopes
CRÉDITOS: Unsplash, Tenor e Pixabay