Meu filho pode
assistir Round 6?

Para quem ainda não conhece, Round 6 é um seriado
coreano que tem feito muito sucesso na Netflix.

A série utiliza-se de brincadeiras simples de criança
como ‘Batatinha frita 1,2,3’, ‘Cabo de guerra’ e
outras, para assassinar a ‘sangue frio’ quem não
atinge o objetivo final.

O enredo gira ao redor de pessoas endividadas que
podem ser resgatadas da crise financeira por meio
de um jogo perigoso, levantando alguns temas.

O que leva pessoas a arriscarem tudo por dinheiro?
Quais os valores da vida? O que seria, de fato, a
felicidade?

Outra questão que precisa ser abordada é que o
programa é recomendado para maiores de 16 anos.
Só que não é bem isso que acontece na vida real.

Exemplo disso é que uma escola no Rio de Janeiro
revelou que crianças de 7 e 8 anos estavam
comentando sobre o assunto e feito brincadeiras
que, na série, relacionam-se com o assassinato de
personagens.

Diante deste cenário, a neuropsicóloga Leninha
Wagner lembra o quanto é necessária uma
espécie de controle por parte dos pais.

Ela explica que a série apresenta cenas de violência
explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de
órgãos, sexo e palavras de baixo calão.

"E isso chama a atenção, pois são crianças
comentando sobre o assunto como se fosse algo
normal delas assistirem”, explica.

Segundo a especialista, ao entrar em contato com
conteúdo de cunho violento, as crianças e
adolescentes acabam ‘normalizando’ e tomando
isso como algo comum.

“Deixando-as mais reativas e agressivas, pois nesta
fase da vida ainda são imaturos e muito vulneráveis
a estímulos, que podem se tornar incontroláveis e
até mesmo viciantes”, acrescenta.

Ela diz que, nesta idade, o cérebro tem menos
'freios' na regulação das emoções, além de destacar
que a escola é o ambiente que mais se assemelha
ao lar, com regras, acolhimento e amor.

“Todo segmento educacional com interface da saúde
mental estão preocupados com a repercussão dessa
série. As crianças tendem a fazer o que vêem, não o
que os pais e professores sugerem”, alerta.

A neuropsicóloga observa ainda que “a ação
preventiva preconiza o controle de tempo e de
conteúdo da tela para crianças e adolescentes”.

Já o neurocientista e psicanalista Fabiano de Abreu
explica que a criança não tem a mesma percepção
preventiva do adulto, pois a região relacionada à
tomada de decisões, lógica e prevenção está em
formação.

“Assim como a cognição com base na experiência
não está desenvolvida. São discernimentos
diferentes na percepção do adulto e da criança”,
disserta o especialista.

Neste caso, ele recomenda: “Deve-se ter cuidado ao
acesso das crianças e explicar com argumentos
coerentes para a faixa etária, de maneira que
entenda o real e o abstrato assim como suas
consequências".

TEXTO: Juliana Ribeiro
REVISÃO: Vivian Ortiz 
EDIÇÃO: Caroline Duarte 
CRÉDITOS: Unsplash, Tenor, Pixabay e
Reprodução/ Netflix