O psiquiatra Eduardo Perin comenta sobre o preconceito em relação à medicação psiquiátrica - Instagram/@dra.deolanebezerra@albuquerquedeborah
Entenda

Por que a fala de Deolane sobre Deborah Albuquerque em ‘A Fazenda’ foi tão problemática?

Deboche de Deolane Bezerra contra Deborah Albuquerque mostra estigmatização da medicação psiquiátrica no Brasil

Isabella Placeres, com supervisão de Vivian Ortiz Publicado em 30/09/2022, às 08h00

As discussões entre Deolane Bezerra e Deborah Albuquerque, ambas participantes de ‘A Fazenda 14’, vêm dando o que falar nas redes sociais. No mais recente confronto entre as rivais, a advogada apontou o uso de medicação psiquiátrica pela influenciadora de modo pejorativo, o que gerou revolta entre os internautas que viram a cena.

Contudo, o comportamento da peoa está longe de ser um caso isolado. “Ainda se tem aquele pensamento - muito antigo - de que psiquiatra é médico de louco, e as medicações acabam entrando nisso também”, comenta o psiquiatra Eduardo Perin, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

“Se ela tivesse diabetes, e precisasse tomar insulina durante o programa, provavelmente não teria passado por isso, pois ninguém iria insultá-la por essa questão”, avalia o especialista sobre o ocorrido no reality show. Ele lembra ainda que o tratamento psiquiátrico é tão necessário quanto o para outras doenças. “E a pessoa que está usando aquela medicação sofre o preconceito de uma forma muito injusta: ele é fundamental para deixá-la bem.”

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PSIQUIATRA? MELHOR NÃO

Na visão de Perin, a crítica feita por Deolane é apenas uma das formas de identificar como ainda existe um forte preconceito em relação aos tratamentos psiquiátricos. Tanto que, segundo o médico, a maioria dos pacientes com algum transtorno procura outros profissionais, como neurologistas e psicólogos, antes de recorrer a essa especialidade, o que acaba impactando no resultado do tratamento.

Eduardo Perin ressalta ainda que a estigmatização dos remédios psiquiátricos vem de uma crença antiga, e que se perpetua até hoje, sobre os supostos efeitos colaterais desse tipo de remédio: “Ainda se tem aquela noção de que deixam a pessoa boba ou estranha, mas hoje isso não acontece mais por conta das medicações mais modernas, além do avanço da psiquiatria, dos diagnósticos e do tratamento.”

IMPACTO NOS FÃS

Questionado sobre o impacto que a fala de Deolane teria nos fãs que também utilizam medicações psiquiátricas, o médico avalia que, além de se sentirem ofendidos, eles poderiam tomar outras medidas que prejudicariam sua saúde, como querer parar de tomar a medicação ou até mesmo parar o tratamento.

“Por isso, figuras públicas têm que tomar um cuidado especial ao fazer certas declarações, pois podem impactar bastante no tratamento desses pacientes”, explica.

E parar o tratamento psiquiátrico no meio é um problema bastante sério: “Depende muito da patologia, mas imagina uma pessoa com depressão. Se ela para essa medicação, a tendência é a piora do quadro depressivo, o que pode torná-la resistente a buscar ajuda novamente [pelo preconceito]”.

PANORAMA

Na opinião do psiquiatra, o estigma em relação a esse tipo de transtorno melhorou bastante em relação ao que era antes. No entanto, apesar de ser menos intenso, ainda existe o preconceito, que depende de um trabalho muito mais amplo da mídia para diminuir.

“Quando vão mostrar a psiquiatria, por exemplo, acabam indo por um lado sombrio, com pessoas muito perturbadas e tratamentos agressivos”, avalia. Para ele, esse preconceito vem sendo quebrado ao longo do tempo, até porque a especialidade se modernizou muito.

“Ainda assim, acredito que educar a população é muito importante. A forma de mostrar as coisas em uma novela, por exemplo, pode fazer toda a diferença”, finaliza.

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