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Bem-estar e Saúde / Sintomas persistentes

Após ir ao hospital pela 5ª vez, mãe descobre câncer em filha de 1 ano

Sem saber da gravidade, médicos receitaram laxante e diurético, pensando ser algo ligado ao estômago

Naty Falla Publicado em 07/05/2019, às 14h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h47

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Débora e Maitê - Arquivo pessoal
Débora e Maitê - Arquivo pessoal

Infecção urinária e febre persistentes, apatia e uma barriga extremamente inflada. Os sintomas da pequena Maitê Torres Crespo, hoje com dois anos e dois meses, chamaram a atenção da mãe dela, Déborah Morgana, 12 meses atrás. 

Para descobrir o que o aquilo significava, no entanto, foi preciso persistência.

Tudo porque os médicos consultados, até então, diziam que estava tudo bem com a menina, apesar dos sintomas continuarem. Sem saber da gravidade, receitaram laxante e diurético, entre outros medicamentos, achando que era algo ligado ao estômago.

“Na quinta vez em que fomos ao hospital, porque ela não melhorava, descobriram 600ml de urina acumulada na barriga e só aí pediram uma tomografia, que descobriu a existência de uma massa suspeita”, conta. 

O diagnóstico, confirmado após uma ressonância magnética, era de Tumor de Células Germinativas (TCG), que são justamente aquelas que formam os óvulos e testículos.

De acordo com dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), esse tipo corresponde a aproximadamente 3% dos tumores malignos diagnosticados em crianças e adolescentes com menos de 15 anos. 

A notícia foi um choque para toda a família. “Uma hora a sua filha está bem, comendo e, do nada, você descobre que está doente. Era tudo muito novo, muita informação que eu não tinha conhecimento. Foi desesperador”, lembra.

FOCO NO ACOMPANHAMENTO
Carla Macedo, especialista em oncopediatria do GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), explica para AnaMaria  que a incidência do TCG costuma ser mais comum entre recém-nascidos e crianças com até dois anos de idade, faixa etária de Maitê. Os sinais dependem muito da área atingida, mas, segundo a especialista, o que precisa chamar a atenção dos pais é a persistências dos sintomas.

“O que indico aos pais ou responsáveis é fazer um acompanhamento clínico constante com um pediatra, para que os problemas de saúde sejam diagnosticados com clareza o mais rápido possível”, afirma a médica.

Como o atendimento de um pronto-socorro é mais generalista, segundo ela, muito provavelmente foi por isso que os médicos não perceberam o problema de Maitê.

Após o diagnóstico, a garotinha foi encaminhada para o Hospital do GRAACC, em São Paulo (SP). Atualmente, ela já passou por nove ciclos de quimioterapia, mas ainda continua em tratamento. O intuito é que ela consiga fazer um Transplante de Medula Óssea (TMO) assim que possível.

“Como o câncer se espalha com maior facilidade nas crianças, mais até do que nos adultos, a ideia de tratamentos como a quimioterapia é destruir a multiplicação celular da doença”, explica Carla.

MÃE CORAGEM


Foto: Arquivo pessoal

A oncopediatra ressalta que a família é essencial em todos os processos da doença, especialmente na fase do tratamento. “Sem o apoio deles, nós, os médicos, não conseguimos cumprir o protocolo de forma eficaz. Para que tudo corra bem, é necessária uma participação de 50% da família e 50% do médico e da equipe multidisciplinar.”

Para Déborah, descobrir a doença da filha foi algo totalmente inesperado. “Quando confirmaram, senti como se a minha vida tivesse acabado ali. A gente pensa que não vai dar conta, mas precisei ser forte. Antes, não tinha muita informação. Mas durante o tratamento, a equipe me auxiliou bastante. É uma via de mão dupla.” 

CORRIDA DO BEM
Maitê é uma das crianças que estampam o número de peito nos kits da 19ª edição da tradicional Corrida e Caminhada do GRAACC, que este ano acontecerá em 12 de maio, Dia das Mães, em São Paulo (SP). Para celebrar a garra da pequena, a família inteira pretende participar do evento.


Divulgação

A corrida acontece nas imediações do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e conta com três percursos: 10 km, 5 km, para corredores, e 3 km, para caminhantes. As inscrições terminam nesta terça-feira (7) e toda o dinheiro arrecadado será destinado para o tratamento das crianças e adolescentes do Hospital do GRAACC.

“A corrida não é importante apenas para mim e para a Maitê, mas também para todas as mães dos pacientes que fazem tratamento na instituição. Quem participa também ajuda a bancar o tratamento das crianças, e isso é muito legal!”, diz.