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Bem-estar e Saúde / Sinta & Liga

Com que roupa eu vou? As dores e as delícias de vestir sua autoestima

O prazer de mostrar ao mundo que você tem amor por si mesmo e não usa roupas só para esconder a nudez

*Wal Reis Publicado em 08/12/2020, às 08h00 - Atualizado em 09/12/2020, às 10h10

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A aparência é um cartão de visitas mágico, que pode contar uma história inteira sobre quem somos - Mabel Amber/Pixabay
A aparência é um cartão de visitas mágico, que pode contar uma história inteira sobre quem somos - Mabel Amber/Pixabay

O assunto aqui não é moda, passarelas ou o universo fashionista, apesar de, em um primeiro momento, parecer isso. O tema é a preocupação saudável com a aparência, de como nos apresentamos para o mundo. “Preocupação saudável”, porque pode-se incorrer no erro de confundir com o clichê da ditadura da beleza, da necessidade de seguir padrões e, de novo, não é isso.

Quando falamos em roupas, acontecem alguns fenômenos interessantes: ou somos tachados de fúteis, sob o argumento de o importante é a essência da pessoa, ou de materialistas porque a tendência é pensar que se trata de um privilégio de quem tem rios de dinheiro para gastar “à toa”. Estes são contra-argumentos vazios, porém, que deixam escapar a verdade por detrás da falta de cuidado ao se apresentar em público ou para o espelho: negligência com a autoestima e escassez de um olhar amoroso sobre si mesmo.

Há um pensamento recorrente de que se vestir bem é apenas necessário para ir a uma festa, ao trabalho ou à igreja e que, no restante do tempo, é só encaixar uma calça e uma blusa “para bater” e evitar sair nu. “Roupa da missa”, diriam alguns. Este tipo de crença alimenta o descuido, nos colocando em segundo plano. Isso é se vestir para a plateia e se transformar em um personagem que não existe na vida real.

É muito engraçado afirmar que não se está nem aí para o que falarão caso resolva sair de calça de pijama, chinelo e camiseta do time para ir à padaria. Afinal, é a beleza interior que importa, a bondade do coração e mais um monte de frases feitas, proferidas principalmente por quem será o primeiro a comentar o desleixo. E se é para usar uma frase feita, prefiro “uma imagem vale mais do que mil palavras”.

NÃO SE ILUDAM: O HÁBITO FAZ, SIM, O MONGE
A menos que seja realmente um monge e tenha se isolado em um mosteiro no Himalaia, seremos julgados pelo o que vestimos o tempo todo. Mas isso não é necessariamente ruim. Ao contrário: é uma oportunidade e tanto de autoconhecimento e de praticar o autocuidado.

Alguém só bonito ou só bem arrumado tem prazo de validade. Mas a aparência é um cartão de visitas mágico, que pode abrir ou fechar portas, além de contar uma história inteira sobre quem somos. Uma pessoa que visivelmente se preocupou com o que está usando passa um recado claro de saber que ocupa seu espaço e que não vai se conformar com o fim da fila.

Ao escolher o que vestir, elegendo peças apropriadas ao corpo e a alma, encarando a atividade com prazer, aprendendo o que gosta, o que cai bem, aprovando o resultado desta alquimia perante o espelho e se olhando de forma amorosa você estará praticando algo muito mais profundo que um exercício de moda.

E por mais paradoxal que possa parecer, é quando estamos tristes, abalados e inseguros que a roupa certa faz mais diferença. Funciona como uma espécie de armadura, que protege de nos sentirmos ainda mais infelizes. É um reforço positivo, provando que nem tudo está em desarmonia e que onde existe autorrespeito, existe a condição imperativa de ser respeitado também.

E para quem acha que estar vestido cuidadosamente é uma prerrogativa apenas para ir a festas, tudo bem. Porque ao se vestir com alegria você transforma sua rotina em uma festa diária, na qual sempre será seu próprio anfitrião.

*WAL REIS é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: walreisemoutraspalavras.com.br