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Bem-estar e Saúde / SAÚDE MENTAL

Como conseguir atendimento psicológico gratuito durante a pandemia?

Especialistas de todo o país atendem voluntariamente profissionais da linha de frente, quem precisa lidar com o luto e ainda quem sofre com o isolamento

Joice Viana, FLUIRDAMENTE Publicado em 10/06/2020, às 07h40 - Atualizado em 25/06/2020, às 23h14

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As principais queixas são a angústia e o estresse, fatores que acabam gerando ansiedade - Banco de Imagem/Pixabay
As principais queixas são a angústia e o estresse, fatores que acabam gerando ansiedade - Banco de Imagem/Pixabay

Nunca se falou tanto em saúde mental como agora, não é mesmo? Mas será que a urgência para lidar com as nossas emoções precisaria de uma pandemia como a COVID-19 - e todo o isolamento social causado por ela - para que déssemos a devida importância ao assunto? 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil tem o maior índice de pessoas com ansiedade do mundo, com 10% da população, além dos 6% que sofrem de depressão. E o mais preocupante é que cerca de 85% dos pacientes de países de baixa renda, como é o nosso caso, não recebem o tratamento psicológico adequado. 

Só que o surgimento do novo coronavírus têm deixado muita gente ainda mais ansiosa, justamente por conta das várias questões que o tema envolve: medo de se infectar ou passar a doença para outra pessoa, de não saber como será o futuro após a pandemia e, especialmente, quando tudo isso vai acabar. Muitos ainda perderam parentes e pessoas queridas para a doença e mal conseguiram se despedir.

Tudo isso teve reflexos na busca por terapia. Muitos psicólogos com quem eu tenho contato me disseram que o volume de atendimento aumentou. As principais queixas são a angústia e o estresse, fatores que acabam gerando ansiedade. O problema é que, apesar de importante, sabemos que esse tipo de serviço custa dinheiro e não são todos que têm condições de bancar. 

Felizmente, diversos profissionais, dos mais de 370 mil registrados no Conselho Federal de Psicologia, têm ajudado muitas pessoas a passarem por essa crise de forma mais leve e aprendendo a lidar com as emoções, principalmente com o medo, a ansiedade e o luto.

Na sequência, mostro algumas dessas iniciativas que estão atendendo online e voluntariamente:

AJUDA PARA LIDAR COM O LUTO
ajuda
(Foto: Banco de Imagem/Pixabay)​

O novo coronavírus trouxe um cenário novo para o paciente e toda a sua família. Isso porque quem está doente precisa ficar sozinho no hospital, sem a possibilidade de visitas de parente, tendo que lidar com a incerteza da cura sozinho. Ao mesmo tempo, quem está em casa esperando notícias fica ansioso e aflito aguardando por novidades.

Muitas outras famílias e amigos ainda tiveram que aceitar o pior e enterrar uma pessoa querida. Acontece que, durante a pandemia, a cerimônia é feita de forma muito rápida, sempre com o caixão fechado. Assim, não é possível ver, abraçar ou mesmo dar um beijo de adeus. Fora que não há o conforto trazido por outras pessoas, o que normalmente aconteceria em um velório normal.

Com o intuito de ajudar aqueles que estão passando por um dos piores momentos de suas vidas, um grupo de psicólogos de São Paulo (SP) está realizando um atendimento gratuito, especializado em atender pessoas que não estão sabendo lidar com o luto, seja pela morte de familiares ou de amigos.

A neuropsicóloga Márcia Stella Palmeira, que é organizadora do grupo, conta que a ideia central é fortalecer a capacidade de aceitação do luto após a perda de alguém querido, o que normalmente traz um alto nível de angústia. “É algo inesperado, um encerramento/ruptura carregado de dor em relação ao fato de não poder nem mesmo se despedir da forma que foi aprendida culturalmente”, diz.

Márcia, que atua ao lado de outros sete psicólogos, explica que a ideia é cuidar das três fases do luto: mal-estar, saudade e reorganização. O atendimento se dá em três momentos: 

  • Acolhimento: quando o profissional trabalha para passar conforto, compreensão e possibilidade de trazer à tona sentimentos;
  • Escuta: abertura de estar disponível e atento aos sentimentos;
  • Auxílio: elaboração do luto, direcionado a reorganização interna, orientando a possíveis riscos da não retomada da vida. Cuidar da intensidade da dor.

No momento, devido à dificuldade de divulgação da iniciativa, o grupo está atendendo apenas seis pessoas. O paciente tem direito de oito a 12 sessões gratuitas, com duração de 50 minutos. Nada, porém, impede que o atendimento continue, isso vai depender do paciente e do psicólogo.

COMO PARTICIPAR? Basta entrar em contato com a Márcia Palmeira. Ligue ou mande uma mensagem no Whatsapp (11) 99215-2644 ou acesse o perfil @ressignificando_o_psicologico no Instagram.

PARA OS ANSIOSOS
O site “A chave da questão” surgiu há três anos com o intuito de fazer uma ponte entre o profissional de psicologia e o paciente que quer fazer o acompanhamento terapêutico. A ideia é da psicóloga Fátima Marques, que possui 33 anos de experiência e é especialista no tratamento de ansiedade, depressão e doenças psicossomáticas.

Se antes da pandemia o site contava com cerca de 500 acessos em média por mês, quando começou o isolamento social, em um intervalo de 72 horas, passou a ter 1 milhão de acessos. Devido à grande procura por atendimento psicológico, os profissionais passaram a atender pelo Facebook e Instagram de forma gratuita, além de promoverem Lives com o intuito de orientar, dar dicas, atividades guiadas, entre outras coisas.

O acolhimento, que é realizado voluntariamente, visa orientar os pacientes a tentar aliviar o problema causado pelo isolamento social. Nessa modalidade, a pessoa tem direito a até meia hora de conversa online com o profissional.

COMO PARTICIPAR? Acesse o site: https://www.achavedaquestao.com/

SOLIDARIEDADE EMOCIONAL POR TODO O PAÍS
Confira outras iniciativas espalhadas pelo Brasil e compartilhe para ajudar nessa corrente do bem:
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN): Um chat foi disponibilizado para os profissionais que estão na linha de frente do combate à COVID-19 e se queixam, principalmente, do medo de serem infectados e passarem a doença para os familiares, além de trabalharem sem os equipamentos adequados. De 26 a 29 de março foram quase mil atendimentos. Atualmente, são 150 profissionais de saúde mental fazendo este trabalho de acolhimento.

Projeto Psicologia Solidária - COVID-19: Conta com 800 psicólogos que atendem voluntariamente médicos, enfermeiros e outros profissionais que estão na linha de frente, além do serviço se estender para brasileiros que estão em isolamento em outros países. A pessoa que necessita de ajuda é passada para um psicólogo, que faz o atendimento com duração de 50 minutos. Instagram: @psicologiasolidaria.covid19

Psicólogos Voluntários Ceará: Grupo oferece atendimento online de acolhimento para profissionais da linha de frente e jornalistas. Instagram: @psicologosvoluntariosceara

Projeto Incubadora Esuda: Outro projeto legal vem do Recife (PE). São 18 psicólogos que atendem, de forma online ou por telefone, pessoas da área da saúde, mas também qualquer um que esteja abalado emocionalmente. Instagram: @projeto_incubadora_esuda

Linha Aberta: Esse grupo de 16 psicólogos da Bahia oferece acolhimento psicológico online e por telefone com duração de 20 minutos. Instagram: @linha.aberta

Joice Viana, é jornalista e fundadora do FLUIRDAMENTE, site que aborda temas como a depressão, ansiedade e outras doenças mentais de forma leve, contando a sua própria experiência com a doença. Site: www.fluirdamente.com.br