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Bem-estar e Saúde / Vencedoras

Outubro Rosa: mulheres que venceram câncer de mama contam experiência em voo especial

Durante o percurso, que seguiu de Campinas (SP) para Vitória (ES), elas ainda deram palavras de incentivo para as pacientes

Juliana Ribeiro Publicado em 08/10/2020, às 08h20

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A comissária de bordo, Luyza Monteiro, falou sobre sua luta contra o câncer - Juliana Ribeiro
A comissária de bordo, Luyza Monteiro, falou sobre sua luta contra o câncer - Juliana Ribeiro

Outubro já é marcado, há alguns anos, como um mês voltado para refletir sobre a importância da prevenção do Câncer de Mama. Neste período, diversas organizações - sejam elas privadas, estatais ou não governamentais- acabam aderindo à cor rosa para manifestar sua solidariedade e amparo às mulheres que lutam contra a doença.

Este é o caso da Azul Linhas Aéreas, que neste ano celebra 10 anos de apoio às causas sociais no Outubro Rosa. Em um voo especial, a companhia realizou a 'Experiência Rosa', que destaca a conscientização das mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. 

Durante o percurso, que seguiu de Campinas (SP) para Vitória (ES), algumas mulheres, entre tripulantes da Azul e convidadas, relataram como venceram a doença e aproveitaram o momento para transmitir palavras de incentivo.

VITORIOSAS


Cleonice Quaresma recebeu o primeiro diagnóstico de câncer de mama em 2011 FOTO: Juliana Ribeiro

Apesar do susto inicial do diagnóstico, essas mulheres não se deixaram abater: passaram por cirurgias e tratamentos intensos e, hoje, fazem parte do time conhecido como ''vitoriosas' da companhia. A agente líder de cargas, Cleonice Quaresma, de 47 anos, é uma delas. Em 2011 e prestes a completar 36, ela recebeu a notícia do diagnóstico. 

"Foi um baque! Eu não fazia parte do chamado 'grupo de risco', não tinha histórico na família e nem idade. Então, no primeiro momento, fiquei mesmo em choque. Porém, tive anjos que me esclareceram sobre o assunto, como os médicos que cuidaram de mim na época. Mas não tem como negar que dá aquele medo do desconhecido", relatou.

Cleonice contou ainda ter começado a pesquisar sobre o assunto, mas, como só via coisas negativas, decidiu parar e encarar a doença de frente, com bom humor e pensamento positivo. Passados quatro anos, ela descobriu que estava novamente com câncer, só que na outra mama desta vez. 

"Quando fizeram a cirurgia, descobriram que este já estava muito mais invasivo, então fizeram a mastectomia [procedimento cirúrgico para a remoção de uma ou das duas mamas]. É um outro baque porque, para a mulher, mexer com isso é complicado, mexe com o sentimental", contou. O baque, porém, não tirou a alegria de viver da agente, que citou o avanço da medicina como aliada. Ela, que está no processo de reconstrução mamáriaa, afirmou que tudo fica muito pequeno perante a grandeza da vida. 

"Fácil não é, porque dói, têm os momentos de medo, mas eu nunca deixei de sorrir. Nós não precisamos passar pela dor para valorizar, mas depois do câncer, a gente começa a ver brilho em muitas coisas do dia a dia, valoriza muito mais. Eu acho que foi o 'start' para eu abrir os olhos para muitas coisas. Precisamos parar e olhar pra dentro", declarou. 

APOIO DA FAMÍLIA É FUNDAMENTAL
A comissária de bordo Luyza Monteiro, de 35 anos, também começou a olhar as coisas de modo diferente depois do câncer. Ela, que também é uma das vitoriosas da companhia, contou que tinha o hábito de dormir de bruços, e percebeu que algo estava errado ao notar um carocinho na mama direita. 

Ela confessa que, inicialmente, pensou que fosse algo sem importância, mas mesmo assim decidiu fazer alguns exames, que acabaram revelando o resultado.  "Fiquei meio sem acreditar... Não fiquei em pânico, mas um pouco triste e sem reação. Mas continuei trabalhando, tentei levar a vida normal enquanto fazia os exames e aguardava a cirurgia", relatou.

Luyza ressaltou que, durante todo o processo, o apoio da família foi parte fundamental: "Me deram muita força e o apoio deles foi essencial para que eu continuasse bem, acho que foi por isso que eu não entrei em pânico".

Após a cirurgia, a comissária segue fazendo acompanhamento médico e, assim como Cleonice, garante que, agora, vê as coisas de outra forma. "Tem que continuar acreditando que a vida vale a pena", afirmou.

CONSCIENTIZANDO OUTRAS MULHERES

Gislene Charaba também relatou sua experiência FOTO: Arquivo Pessoal

A modelo e comunicadora Gislene Charaba, de 32 anos, convidada do evento, também relatou sua experiência. Ela, que foi diagnosticada com câncer de mama em 2016, recebeu a notícia quando estava em plena atividade. "Na época eu modelava muito, era muito ativa, fazia viagens internacionais à trabalho para a Itália, França, Nova York", contou.

Gislene, que mora sozinha, procurou ajuda médica e fez alguns exames. O susto pela descoberta do câncer de mama a deixou tão chocada que ela imaginou até não iniciar o tratamento. "Pensei em não fazer. Pensava que ia ficar diferente, que poderia perder meu trabalho, olha que coisa louca! A ideia era ficar assim uns cincos anos, para não sofrer com o tratamento e nem precisar falar nada para ninguém", revelou. 

Demorou três semanas até ela assimilar melhor o que estava acontecendo. Gislene ,então, acabou procurando o médico, que a orientou melhor. O problema foi que, além do câncer na mama, os especialistas descobriram uma metástase no osso esterno, localizado entre as mamas. Aí foram sessões de quimioterapia, queda de cabelo, náuseas, dentre outros sintomas. 

E, apesar da melhora na mama com o tratamento da quimioterapia, Gislene ainda precisava operar a parte óssea. "Eles retiraram 74% do meu osso, 1/4 de mama, tiraram o músculo dorsal esquerdo e jogaram para o tórax. Aquela manchinha da mama eles cortam e repõe com a pele das costas, então eu tenho cicatrizes de 30 centímetros. Foi aí que eu nasci de novo", disse, emocionada.

Com a doença, os trabalhos como modelo foram se esvaindo, segundo Charaba. "Eu entendo. Hoje em dia tem um preconceito velado quanto às minhas cicatrizes, porque eu fazia muita lingerie e biquíni, e hoje em dia não sou mais chamada para isso", declarou.

Apesar de, na época, ela ter sido orientada a não falar da doença nas redes sociais, Gislene não só assumiu como passou, desde então, a usar a web para conscientizar outras mulheres acerca do assunto.

"Elas precisam ver que que tem uma pessoa que sempre foi modelo de beleza, de corpo, jovem, ativa, sem histórico na família, que não fuma, não bebe e que teve câncer! Então eu tenho que falar isso, preciso usar a minha voz para conscientizar", concluiu a modelo.

Voo partiu com passageiras muito especiais.