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Perdi o olfato e o paladar por causa da covid-19; o que fazer?

Em muitos casos, essa perda ainda acontece associada a falta de paladar

*Dra. Maura Neves, colunista de AnaMaria Publicado em 02/02/2021, às 08h20

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Nervo danificado tem uma boa chance de se reparar. - Esther Merbt por Pixabay
Nervo danificado tem uma boa chance de se reparar. - Esther Merbt por Pixabay

Hoje escolhi um tema que parece batido, mas gera muitas dúvidas: a perda da capacidade de sentir cheiro, ou olfato, que é um dos principais sintomas da covid-19. São vários os graus dessa perda, que pode acontecer em qualquer fase da doença, ou mesmo nem aparecer.

Em muitos casos, essa perda da capacidade de sentir cheiros vem associada a perda do sabor (ou paladar). O grande problema, porém, é que a situação pode durar meses. Ou seja: mesmo após a pessoa ter se curado do novo coronavírus,  não há como saber quem vai recuperar e quem vai ficar com a perda.

Mas existe um jeito de combater essa sequela: fazer uma série de exercícios, em uma espécie de fisioterapia de cheiros.

TIPOS DE PERDA DE OLFATO
Perder o olfato pode afetar a qualidade de vida e levar, em alguns casos, ao isolamento e até a problemas emocionais, como a depressão. Existe dois tipos diferentes de perda: a total (anosmia) ou a parcial (hiposmia). 

O problema maior, porém, está nas alterações de percepção do cheiro, como na parosmia (em que um cheiro "bom" é identificado como ruim pelo cérebro) e na  fantosmia (que é quando você sente cheiros que não existem).

A perda do cheiro também pode afetar a sensação do sabor ou paladar. Muitas pessoas confundem a perda do olfato com a perda do paladar (ageusia). No caso da covid-19, a perda do paladar é o que chama atenção para a perda do olfato em grande parte das vezes.

CAUSAS DE PERDA DE OLFATO
Além do novo coronavírus, outros motivos podem fazer você perder o olfato. São eles:

GRIPES E RESFRIADOS: outros vírus podem afetar o nervo olfatório. Isso não é exclusivo dA COVID-19
TRAUMA: batida na cabeça ou nariz pode causar perda de olfato.
DOENÇAS NEUROLÓGICAS: Parkinson, Demência e Alzheimer podem levar a uma redução ou perda do olfato. Em casos assim, o treinamento traz bons resultados, tanto para o cheiro quanto para a memória.
DOENÇAS NASAIS: sinusites e rinites crônicas afetam a percepção de cheiro.

O QUE É O TREINAMENTO DO OLFATO?
É uma espécie de “fisioterapia” para o cheiro. A técnica consiste em estimular o nervo olfatório e as conexões cerebrais com aromas já conhecidos, ajudando na sua recuperação.

COMO FAZER O TREINAMENTO DO CHEIRO (OLFATIVO)?
São utilizadas 4 fragrâncias de óleos essenciais para estimulo do olfato. Os aromas sugeridos são: rosa, eucalipto, limão e cravo.

Cada essência deve ser inalada por 10 segundos com intervalo de 15 segundos entre cada uma. O treinamento deve ser feito 2x ao dia, durante 24 meses, para que haja tempo de recuperação da sensação do cheiro e da comunicação com o cérebro.

Por conta do distanciamento social imposto atualmente, podem ser usadas fragrâncias “domésticas” o que torna a realização do treinamento mais fácil e mais acessivel. Algumas sugestões abaixo:

  • Café;
  • Cravo;
  • Mentol;
  • baunilha;
  • Menta (pasta de dente);
  • Vinagre;
  • Tangerina (suco).

O modo de uso das “fragrâncias domesticas” é o mesmo das essências em frequência e tempo. Deve-se ter cuidado apenas em escolher aromas que não causem irritação no nariz, para evitar o desenvolvimento de rinite.

Mesmo que você não sinta o cheiro de nada nos primeiros dias é importante fazer o treinamento. Isso porque um nervo danificado tem uma boa chance de se reparar, sendo os exercícios uma maneira de ajudar isso a acontecer mais rápido.

Estudos recentes mostram que as pessoas que usam o treinamento olfativo se saem melhor nas áreas de identificação de cheiros do que aquelas que não fazem nenhum treinamento.

EXISTEM OUTROS TRATAMENTOS?
Alguns medicamentos podem ser prescritos caso a caso, dependendo de avaliação com médico otorrinolaringologista.

VOU RECUPERAR MEU OLFATO?
Um estudo brasileiro mostra que a maioria dos casos de perda de olfato melhora e que apenas 5% dos casos não apresenta melhora alguma. De qualquer forma, o tratamento precoce ajuda essa recuperação e deve ser feito com orientação médica.

*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves