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Como engajar nossas crianças na luta contra o aquecimento global?

Mães, escolas e empresas estão focadas em ajudar a cuidar do planeta

*Priscila Correia, do Aventuras Maternas, colunista de AnaMaria Publicado em 03/09/2021, às 09h00

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É preciso cuidar de nosso planeta! - Unsplash/Ben White
É preciso cuidar de nosso planeta! - Unsplash/Ben White

Ensinar às crianças desde cedo sobre responsabilidade ambiental é caminho para lutar contra os efeitos das alterações climáticas. O Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), publicado no início de agosto, soou como um pedido de socorro do planeta e me fez refletir, imediatamente, sobre como o futuro dos nossos filhos, já promete ser quente, mas muito quente, além de perigoso para a saúde da atual geração de crianças.

De acordo com os estudos, a temperatura do planeta pode alcançar o limite de +1,5ºC em relação à era pré-industrial, por volta de 2030 e antes de 2050. E este limite já pode superar +2ºC, se as emissões não forem reduzidas drasticamente. O que isso significa na prática para o Brasil? Aumento na duração das secas do Nordeste e no número de dias secos no norte da Amazônia, onde seriam comuns longos períodos de chuva, além de mais dias com temperaturas máximas superiores a 35°C na área da Floresta Amazônica.

Se no relatório fica clara a responsabilidade humana sobre o aquecimento global, a busca por soluções também recai, imediatamente, sobre nós. Ou seja, há uma necessidade urgente de ações governamentais de cada país, que envolvem cortes nas emissões de carbono entre outras iniciativas, além das práticas individuais, que incluem mudanças nos hábitos alimentares, de consumo e de estilo de vida de uma maneira geral.

E é por esse último ponto que nosso papo materno da semana vai falar sobre a responsabilidade que temos em construir um planeta mais seguro para nossos filhos e as futuras geraçõe, explicando como inserir as crianças na prática diária em prol da redução na emissão de gases e da poluição de maneira geral. Dividida em 10 tópicos, a coluna de hoje traz histórias e dicas de mães, escolas, instituições e empresas que entendem a importância do engajamento sócio-ambiental como um bálsamo de esperança e ideias coletivas que podem ajudar a reduzir os danos ao planeta.

1. MENOS DESCARTÁVEIS, MAIS REUTILIZÁVEIS DESDE O BERÇO

Trajes de banho com tecido tecnológico durável da Ecokids Place (Crédito: Arquivo Pessoal).

Mãe do pequeno Giuseppe, a empresária Carolina Fariah criou a EcoKids Place anos antes do nascimento dele, mas pensando em levar sustentabilidade e praticidade para que outras famílias pudessem melhorar a relação com o meio ambiente. A estilista que é pioneira em fraldas de banho reutilizáveis e peças para desfralde gentil, diz ter sempre sido consciente sobre a palavra sustentabilidade, mas avalia que ter morado na Dinamarca, um dos países mais sustentáveis do mundo, a fez mais adepta dessa postura ecológica. Reduzir, reutilizar e reciclar começaram a fazer parte de seu cotidiano há 17 anos, quando ainda não se ouvia falar muito dessa prática por aqui.

"Quando vi pela primeira vez uma fralda de banho reutilizável criada nos Estados Unidos, tive a certeza que poderia fazer algo muito melhor quando voltei a morar no Brasil. Fui em busca dos melhores materiais existentes no mercado, adaptando tecidos, criando modelagens e construindo cada peça incansavelmente até chegar no produto que a Ecokids Place tem hoje”, conta Carolina, que se orgulha da marca que criou para mostrar desde cedo ao seu bebê, que a acompanha desde os 2 meses na fábrica. "Criei um espaço especial para ele, para que essa rotina se tornasse confortável, segura e cheia de descobertas. Quem vem para o nosso mundo, automaticamente incorpora essa filosofia sustentável, e claro, não será diferente com ele”, conta entusiasmada.

Sugestão de ações possíveis: não há mais espaço para plásticos no mundo de hoje. E as primeiras atitudes estão ligadas ao consumo exagerado de fraldas nos primeiros anos do bebê. Se, antes, fraldas descartáveis eram esquecidas sobre as areias das praias, hoje existem maiôs, biquinis e fraldinhas de tecido ecológico e com proteção UV para fazer a diferença. Outra ideia é o upcycling. Em parceria com o clube de mães e artesãos locais que trabalham de forma independente, as sobras de matérias primas inutilizadas pela empresa têm vida útil para desenvolver novas peças, contribuindo assim para um mundo com menos lixo. "Se cada pequeno empresário, por menor que seja, fizer a sua parte, teremos um mundo muito melhor para a nossa e as futuras gerações. São pequenas mudanças que podem fazer uma enorme diferença”, complementa.

2. DIVULGAR INFORMAÇÃO

Erica Murad, Líder do Comitê de Sustentabilidade do Núcleo de São Bernardo do Campo, do Grupo Mulheres do Brasil. (Crédito: Arquivo Pessoal)

Mãe do Henrique, de 18, Heitor, de 16, e Cesar, de apenas 7, Erica Murad é líder do Comitê de Sustentabilidade do Grupo Mulheres do Brasil – Núcleo São Bernardo do Campo, que tem como propósito gerar o protagonismo feminino e se posicionar em relação aos temas atuais, de impacto à vida dos brasileiros. "Para isso, realizamos uma série de lives com presença de grandes personalidades e pessoas que cumprem seu papel na sociedade, conteúdos para a população local, ações em todo o ABC Paulista, bem como presença em mesa de discussões, com foco no meio ambiente”, conta.

Ela acredita que a presença da natureza na vida das crianças está diretamente relacionada com seu bem-estar emocional, físico, social e estendendo até a fase adulta. "Quando uma criança aprende desde cedo a respeitar a natureza e os animais, isso reflete no seu autocuidado e na nossa autorresponsabilidade sobre o impacto de nossas ações. É impossível pensar em cuidados com os pequenos sem associá-los à natureza, pois as crianças necessitam dela tanto quanto a natureza necessita das crianças”, diz.

Sugestão de ações possíveis: Seja dentro de casa, ao evitar o desperdício de água e alimentos; na escola, com os amigos e a todo momento. Um simples ato de companhar um vasinho com uma plantinha, por exemplo, pode promover a conscientização nas crianças. Elas acabam fechando a torneira ao escovar os dentes, pois as plantinhas podem ficar sem água para serem regadas; fazer a separação do lixo para que ele possa ser reciclado e não correr o risco de ir parar em locais inadequados ou rios e mares, onde os peixinhos podem consumi-los. É necessário colocar as teorias em prática de forma didática e que faça sentido para cada fase das crianças, e, assim, criar uma consciência ambiental que reflita em toda vida do indivíduo.

3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS
criança comendo

O trabalho com a horta proporciona ... de aprendizagem no Colégio Humboldt (Crédito: Acervo Pessoal).

Rebeca Boldrin de Oliveira, pedagoga e coordenadora pedagógica da Ed. Infantil e 1º ano do Colégio Humboldt, conta que já no Jardim II (alunos que completam 5 anos até final de março) tem o Projeto MINT voltado para a horta, em que são envolvidas diversas áreas do conhecimento, como Ciências naturais; Matemática e Língua Portuguesa. "O trabalho com a horta proporciona um momento de aprendizagem que considera o que os alunos já sabem sobre o assunto e estimula a capacidade de investigação, resolução de problemas, formulação, construção de novos conhecimentos e verificação de hipóteses”, explica.

Andréa Angeli, Mestre em Zoologia pela UNESP e Professora de Ciências no Colégio Franciscano Pio XII, conta que, em 2020, as crianças de 11 anos participaram do Desafio Oceano na Educação, proposto pelo Projeto Maré de Ciência, da UNIFESP.  Primeiramente, eles relataram memórias afetivas e experiências pessoais que viveram junto ao mar ou em uma cidade litorânea. Os relatos foram anexados ao Google Earth, em marcadores inseridos nos locais relacionados a cada memória contada. Na segunda etapa, os estudantes embarcaram em uma expedição virtual pelos oceanos por meio do Google Earth Underwater View. Eles trabalharam com temas como sobre-exploração da pesca, contaminação por mercúrio e acidificação dos oceanos e corais. Com esse projeto, os alunos representaram a instituiçãono Fórum dos Jovens Embaixadores do Oceano, promovido pela UNIFESP e pelo British Council.

Agora, em 2021, os estudantes de 6º ano estão desenvolvendo um projeto sobre o consumo consciente do pescado. Eles pesquisaram e organizaram informações sobre as espécies de peixes, moluscos e crustáceos mais consumidas na região. Os dados estão sendo discutidos e analisados criticamente. "Quando as pessoas têm conhecimento sobre qual espécie estão comprando e qual é o estado de conservação desse pescado, elas podem fazer escolhas conscientes ao consumir", ressalta Andréa.

Sugestão de ações possíveis: Ideias como enterrar lixos de diversos materiais em um aquário, ajudam os alunos a observar o processo de decomposição ou não decomposição do plástico, do papel e da casca de uma fruta, por exemplo. São muitas semanas de observação, até que a fruta se desfaça. No entanto, o alumínio e o plástico permanecem intactos. "Além disso, ao longo de uma semana, juntamos todo lixo de plástico trazido pelos alunos em suas lancheiras e o volume é imenso. Neste momento, sensibilizamos eles a respeito de não apenas reciclar, mas de reduzir o consumo de tantas embalagens”, explica Rebeca.

4. EMPREENDEDORISMO MATERNO E SUSTENTÁVEL

Panos de cera são alternativas (Crédito: Acervo Pessoal).

Mãe do Tom e do Eric, Luciana Parente é designer e empresária, proprietária da Miüdo, marca que cria estampas personalizadas para lençóis, almofadas, bolsas e outros acessórios para crianças. Ela lembra que, em 2018, decidiu buscar uma solução sustentável para os retalhos que restavam dos tecidos. Começou, então, a criar kits de panos de cera para ajudar a reduzir o uso de plástico (e lixo) também na casa dos clientes. 

A mãe empreendedora orgulha-se de passar o ensinamento adiante para os filhos. "Em nossa casa separamos o lixo e os meninos nem saberiam fazer diferente, já que sempre foi assim. Nossa geladeira é bem colorida, repleta de panos de cera estampados sobre frutas, pães, queijos, tigelas e potes de comida. E quando eles levam lanche para a escola, muitas vezes, sanduíches, oleaginosas e frutas vão embalados nos panos de cera, que voltam para casa para usar novamente”, afirma.

Sugestão de ações possíveis: ao embalar os alimentos para mantê-los frescos com panos de cera, a pessoa evita o uso de plástico filme descartável e de sacos e caixas plásticas na cozinha, o que mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, vão para a lixeira sem serem reciclados. E você sabia que o filme PVC transparente é especialmente poluente, por ser de uso único? Esse problema não acontece com os panos de cera, que podem ser usados centenas de vezes e são biodegradáveis, livres de BPA e atóxicos. Além de lavável e reutilizável, ele é biodegradável e compostável, já que é feito com tecido 100% algodão. Além disso, o alimento fresco por mais tempo significa que ele tem mais chances de não estragar e ser consumido, ajudando também a reduzir o desperdício e o lixo orgânico.

5. ESCOTISMO

Escoteiros conquistam conscientização ambiental na prática (Crédito: Acervo Pessoal).

Gabriela Banzatto dos Santos, Coordenadora de Programa Educativo dos Escoteiros do Brasil, em São Paulo, conta sobre o estímulo para os jovens conquistarem a Insígnia Mundial do Meio Ambiente, um dos distintivos disponíveis no programa educativo, por meio da realização de atividades práticas e reflexivas relacionadas à questão ambiental.

Além disso, eles podem ainda conquistar a Insígnia Mares Limpos, que se relaciona ao desenvolvimento de atividades práticas e comunitárias que promovem a limpeza das águas. "O jovem tem a oportunidade de se desenvolver, seja em projetos em grupo, ou sozinho, sempre de acordo com sua maturidade, faixa etária, interesse e principalmente as necessidades da comunidade na qual ele está inserido”, conta.

Sugestão de ações possíveis: Levar a criança/adolescente a participar desde gincanas de coleta de lixo em parques, concursos de fotografia de folhas, intervenções urbanas a luz de velas, até sessões de cine-debates com temática ambiental.

6. COMPRA CONSCIENTE

Fabiana Carraro estimula a moda sustentável com consumo consciente e uso de materiais naturais (Crédito: Acervo Pessoal).

Mãe da pequena Angelina, de 1 ano e 2 meses, a consultora de estilo com ênfase em moda com propósito e consumo inteligente/consciente Fabianna Carraro explica que seu trabalho atua na contramão ao consumismo do mercado de fast fashion. Ela ensina todo o processo para a chegar no tão sonhado armário enxuto, que consiste em ter o mínimo possível de peças, para o máximo de combinações. "Peças que sejam de qualidade e, principalmente, de fibra natural como seda, lã e linho. Me preocupo muito com esse consumo desenfreado que o mercado da moda gera no mundo, deixando resíduos irreparáveis no nosso planeta", pontua.

E o que ensina é levado a sério também no seu dia a dia, não apenas na hora do que vestir. “Há 9 anos, vendi meu carro e comprei uma bicicleta para me deslocar. Após a maternidade, me preocupei como seriam esses deslocamentos, e resolvi com uma cadeirinha de bebê”, complementa.

Sugestão de ações possíveis: Pensar no consumo inteligente. Ninguém precisa ter um armário abarrotado de roupas. Além disso, é preciso saber comprar: qual tecido? É natural? É poliéster? Sabe ver a etiqueta de composição? Ter consciência no consumo (seja qual for ele) é fundamental para frear as degradações climáticas que estamos vivenciando.

7. ESCOLHAS NA ROTINA

Conversas e histórias conectam mãe e filha em prol de um mundo melhor (Crédito: Acervo Pessoal).

Aida Franco de Lima é mãe de Gabriella, 15 anos, e conversa com a filha desde pequenininha sobre a importância de preservar a natureza e como isso afeta no nosso dia a dia. "Em casa, por exemplo, nós temos a parte da calçada da rua com grama e parte do quintal com árvores. Sempre comprei livros e colocava músicas que falavam da importância de respeitar os animais, a natureza e evitar o consumismo. Quando era menor, minha filha confeccionava seus brinquedos, estojos. Ela sabe que não devemos ser escravos de marcas ou acumular coisas. Eu, inclusive, era apaixonada por objetos antigos e, de uns tempos para cá, desapaguei completamente.”, lembra.

Outra mudança vem por meio da alimentação, Aida, por exemplo, é ovolactovegatarina desde criança e sua filha, até os dois anos, era assim também. “Com a vida escolar e a convivência social, ela incorporou o gosto por comer carne, apesar de ser pouco, mas acredito que no futuro mudará a alimentação também”, Além disso, a mãe sempre conversa com a filha a respeito de todos os assuntos e isso a levou até a escrever livros ( como “Guardador de Palavras da Gabi”) sobre esses diálogos cotidianos. 

Sugestão de ações possíveis: Ensinar os pequenos com exemplos da rotina da própria família – como ter uma alimentação ovolactovegatarina, falar sobre respeito aos animais, separar o lixo, economizar água, entre outras atitudes.

8. RECICLAR E RECRIAR

Catarina e as criações com papelão feitas pela mãe, Carolina Eloy (Crédito: Acervo Pessoal).

Carolina Eloy, mãe de Catarina, de 7 anos, aproveita a paixão da filha por animais para falar sobre natureza e todos os impactos. "Quando os canudos de plástico foram proibidos no Rio, falei da poluição, que o plástico não é como o papel que se desfaz e pode virar outro papel, mas a informação que ela guardou foi que as tartarugas confundem os canudos com comida e passam mal. Catarina também fecha a torneira sempre enquanto escovamos os dentes e fala que estamos gastando água do planeta. Outra coisa que ela reclama muito é quando vê crianças arrancando folhas ou flores de árvores ou jardins. Ela adora pegar pedrinhas, folhas e flores, mas sempre caídas no chão”, reflete.

A pequena também entende muito a importância de reciclar, de algo não virar lixo e poluir a natureza. Não só nos brinquedos, mas com tudo. “A gente usa roupa que foram de outras crianças e passamos depois para crianças menores e ela sabe disso. Acho que entender que o ciclo de vida útil de algo é maior que apenas uma “temporada” é lição que tento passar", enfatiza. E o cuidado com o planeta e os ensinamentos para a filha, com o tempo, se tornaram ofício. Hoje, Carolina vende brinquedos de papelão. “Acho que nunca fiz propaganda ou disse que estava vendendo. As pessoas começaram a perguntar se eu podia fazer algo específico para festas. Normalmente, querem um brinquedo que a criança possa brincar no evento com o tema. Já fiz barcos que as crianças entravam, avião, trem. Então, vira um brinquedo mesmo”, explica.

Sugestão de ações possíveis: Reciclagem. “O papelão é incrível nesse sentido, pois é versátil e a transformação não acaba, já que, quando não dá mais pra brincar, ainda é possível reciclar – e além de evitar o consumo desenfreado de brinquedos industrializados, ainda aguça a criatividade dos pequenos. E para quem tem animais, como gatos, também pode ser uma forma de entreter os bichanos sem brinquedos de plástico, já que amam caixas desse material. Além disso, ensine as crianças sobre reutilização de roupas. No que tange à alimentação, é possível começarem juntos, pais e filhos, a pensarem em diminuir ou eliminar o consumo de alimentos de origem animal, sempre conversando, contextualizando”, completa.

9. BELEZA VERDE

Projeto sustentável no Mais Bonita Centro de Beleza é reflexo de atitudes pessoais e empresariais (Crédito: Acervo Pessoal).

Ações para a preservação do meio ambiente são urgentes no mundo, como sabemos, e algumas empresas têm procurado tornar seus negócios cada mais sustentáveis. Esse é o caso do Mais Bonita Centro de Beleza, em Niterói, que aderiu ao projeto Beleza Verde e mudou todo o seu modus operandi para receber o primeiro Selo Verde entre os salões de beleza de Niterói. Eles separam todo o lixo com a intenção de reciclar e reutilizar esses insumos. Plásticos, metais, vidros e restos de esmaltes, embalagens e sobras de coloração, e até mesmo as mechas de cabelos que são cortadas e não seguem para doação, passam a ter um descarte seguro e renovável, e são utilizados em outras indústrias.

"O cabelo, por exemplo, é reaproveitado em uma empresa de revestimentos; a sobra de esmalte é decantada e usada em pinturas. Ou seja, tudo que seria considerado lixo passa a ter uma vida útil fora do ambiente do salão”, explica a proprietária Viviane Silveira, mãe do Miguel, de 12 anos. Ela conta ainda que além do descarte correto para sua reutilização, que já é uma prática sustentável, o que seria jogado fora ainda vai gerar renda para as ONGs que atuam em diferentes frentes e ajudam boa parte da população.

Sugestão de ações possíveis: A consciência ambiental viraliza. Viviane acredita que o filho, vendo que a família já aderiu à sustentabilidade em casa e no trabalho, acaba repetindo esse mesmo comportamento no seu dia a dia. A empresária sugere ainda que iniciativas como o Selo Verde deveriam ser propostas e procuradas por gestores de condomínios. “Ações assim poderiam conscientizar mais famílias a aderirem à luta pelo meio ambiente. É para o bem de todos”, diz ela, lembrando, ainda, que esse tipo de iniciativa não beneficiaria apenas os moradores, mas também gera uma fonte de renda extra para outras pessoas. “Por aqui, por exemplo, juntamos óleo de cozinha e chamamos a coleta reciclável na minha casa”, exemplifica.

10. INFLUÊNCIA DE GRANDES EMPRESAS

Funcionários da Comlurb levam aprendizados da empresa para a criação da filha, Nina (Crédito: Acervo Pessoal).

Empresas grandes têm uma enorme responsabilidade em transmitir valores que sejam fundamentais para a sociedade. E a Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro, a Comlurb, tem, além do reconhecimento da população carioca pela limpeza de ruas, praias etc, inúmeros projetos que promovem a conscientização em relação ao que impacta diretamente no meio ambiente. Flavio Lopes, presidente da companhia, explica que todos os serviços prestados visam a preservação do meio ambiente, desde os mais básicos, como coleta domiciliar, varrição, remoção gratuita de entulho, até limpeza de caixas de ralo.

“Todos tem como base evitar o descarte irregular de lixo, formação de pontos críticos, ações que refletem diretamente na deterioração do meio ambiente”, enfatiza. A Companhia oferece, por exemplo, a coleta seletiva em dias alternados aos da coleta domiciliar para incentivar a população a fazer a separação dos resíduos potencialmente recicláveis em casa. Há ainda, no EcoParque do Caju, vários projetos ambientais, entre eles, o equipamento para aproveitamento de restos de poda; a transformação de lixo em gás; e a produção de composto orgânico super potente usado nos projetos de reflorestamento e na regeneração de solos desgastados e estéreis.

E os projetos que a companhia realiza também inspiram quem trabalha lá. Ana Carolina Fernandes e João Burle são funcionários da Comlurb e pais de Nina, de 4 anos, e levam para a rotina familiar muito do que aprendem no dia a dia da companhia. “Em casa, trabalhamos muito a questão do lixo no chão, que não pode em hipótese alguma, e a Nina já entende. Ela, inclusive, usa super bem as papeleiras nas ruas e fica indignada quando vê lixo jogado no lugar errado. Outro ponto que sempre conversamos é separar para a Coleta Seletiva, que ela faz direitinho em casa, pois temos uma lixeira específica para embalagens. Me emociono com ela perguntando com o jeito ainda enrolado de falar: “é reisciclável, mamãe?” (sic)”, conta Ana