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O que fazer para distrair as crianças nas férias escolares? Veja dicas

Natureza, brincadeira e diversão perto de casa são algumas das sugestões para distrair as crianças

*Priscila Correia, do Aventuras Maternas, colunista de AnaMaria Digital Publicado em 14/01/2022, às 09h00

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Atividades que envolvam a natureza ajudam a distrair as crianças com qualidade. - Priscila Correia
Atividades que envolvam a natureza ajudam a distrair as crianças com qualidade. - Priscila Correia

Férias escolares, muitos pais trabalhando em home office, ao mesmo tempo que tentam aliar tempo de qualidade para os filhos, o que se torna uma tarefa a mais para o mês de janeiro. Se, por um lado, colônias de férias e viagens para cidades próximas aos fins de semana são boas opções, por outro, é necessário lançar mão de brincadeiras simples em casa, que ajudem a estimular o desenvolvimento infantil e a distrair as crianças

A dica, então, é optar por atividades que envolvam jogos de adivinhação, silêncio e imobilidade, coletividade, ar livre, água, jogos de tabuleiro, entre outras. Importante lembrar, ainda, que correr, explorar a natureza, subir em árvore, observar insetos, andar de bicicleta e aproveitar ao máximo os espaços ao ar livre é fundamental para estimular a conexão com a natureza, tão valiosa para a saúde física e mental.

“É comprovado que esse tipo de experiência reduz níveis de estresse e depressão, melhora a imunidade, a qualidade do sono e estimula a criatividade”, afirma a gerente de Conservação da Natureza da Fundação Grupo Boticário e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Leide Takahashi.

Já neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto, lembra também que não há necessidade de muitos brinquedos e jogos caros. "Já para trabalhar as funções executivas, o brincar é fundamental, a curto e longo prazo. As crianças precisam aprender a controlar impulsos, fazer planos, manter o foco, trabalhar com distrações e com múltiplas demandas e tudo isso é possível por meio da brincadeira", explica. Ela lembra ainda que, depois de dois anos de pandemia, é fundamental não deixar as crianças confinadas entre quatro paredes durante as férias.

Isso porque ter um quintal ou uma varanda dentro de casa, com plantas ou um jardim, especialmente se a criança está desconectada das telas e conectada com a terra, plantando, regando, criando com areia, terra, folhas, galhos, ajuda. "Há várias atividades educativas e sensoriais possíveis com materiais que podem ser encontrados dentro de casa. Mas, quando falamos sobre brincar ao ar livre, entra em questão a possibilidade de explorar novos espaços e nada se compara com a possibilidade de ir a parques, praias, fazendas, fazer trilhas, descobrir animais e plantas novas. E, acima de tudo, aproveitar os espaços para construir castelos de areia, brincar de pique pega, pique esconde, soltar pipa, bilboquê. Somos seres sociais e precisamos conhecer coisas novas que expandem novos horizontes", destaca.

Por tudo isso, na coluna de hoje, teremos dicas de brincadeiras e atividades para curtir as férias, estimulando o desenvolvimento infantil, especialmente, para aquelas famílias que não vão conseguir viajar ou fazer grandes passeios.

MAIS NATUREZA E MENOS CONSUMO, MESMO PERTO DE CASA

pessoas plantando
Crianças que brincam ao ar livre utilizam menos eletrônicos. (Crédito: Priscila Correia)

A pesquisa “O papel da natureza para a saúde das crianças no pós-pandemia”, idealizada pelo programa Criança e Natureza, em parceria com a Fundação Bernard van Leer e o WWF-Brasil entrevistou 1.000 famílias em todo o país e constatou que 75% delas querem oferecer mais momentos na natureza para as crianças. As famílias disseram que as crianças pedem menos para utilizar eletrônicos quando estão ao ar livre (86%) e identificaram outros benefícios que esse contato com a natureza traz, como a melhora da qualidade e quantidade do sono (88%), maior atividade física (93%) e diminuição de problemas emocionais, como ansiedade (85%).

Nos últimos dois anos, com a pandemia de Covid 19, as crianças ficaram ainda mais confinadas e ligadas nas telas, tornando-se mais suscetíveis às mensagens comerciais de empresas que seguem direcionando - ilegalmente - publicidade ao público infantil com o intuito de fazê-lo pedir brinquedos ou outros itens à família. Para ajudar na missão de afastar as crianças dos eletrônicos nestas férias e brincar mais, os programas Criança e Natureza, Criança e Consumo e o Portal Lunetas, do Instituto Alana, prepararam sugestões de atividades para entreter os pequenos com muita natureza e criatividade e sem apelos consumistas. Confira algumas dicas:

1- Passeio com as crianças pelo bairro

No período de férias, que tal tirar as crianças de dentro de casa? Você pode propor atividades que estimulem a interação com o meio ambiente, como passear por praças e parques do seu bairro. Que tal conversar com os pequenos e incentivá-los a encontrar os diferentes tipos de flores, galhos, plantas, pedras e sementes? Durante o trajeto, você pode pedir para as crianças irem recolhendo alguns itens para utilizá-los em desenhos, pinturas e até esculturas com elementos da natureza. O meio ambiente é um espaço cheio de oportunidades para os pequenos se divertirem.

2- Cultivar uma TiNi?

Ajude os pequenos a desenvolverem autonomia e paciência ao cultivarem mudinhas de plantas em espaços pequenos, chamadas de TiNis. Para criar uma é necessário um vaso para que as crianças plantem sementes diversas e aprendam mais sobre as espécies, a germinação, o ciclo das plantas e o cuidado. Elas também podem desfrutar de atividades sociais, como passar mais tempo com os avós e trocar informações sobre as plantas, conhecer mais sobre a fauna, criar abrigo para insetos ou usar a criatividade na decoração de suas TiNis.

3- Descobrir novos lugares verdes

As crianças têm um espírito explorador e vibram ao tocar ou interagir com outros seres vivos. Que tal aproveitar as férias para conhecer novos espaços verdes? Pode ser uma praça, um parque ou uma Unidade de Conservação, que são áreas naturais protegidas. O Criança e Natureza, em parceria com o WWF-Brasil, listou espaços próximos a capitais, com boa estrutura de visitação.

Essas podem ser ocasiões para contar às crianças sobre a necessidade de preservar a natureza e explicar os impactos que sua destruição pode causar ao planeta. O Portal Lunetas preparou um especial sobre emergência climática e um videomanifesto, protagonizado por crianças, que trazem muita informação e argumentos para esse diálogo.

4- Levar os pequenos para acampar!

Este ano, vamos pensar em proporcionar experiências diferentes, mais verdes e menos poluentes? Acampar em família é uma ótima opção para se divertir ao ar livre. Você pode montar uma barraca no quintal ou em Parques Nacionais e outros lugares apropriados para acampamentos, por exemplo. Com isso, pais, mães e filhos podem dormir sob as estrelas, conversar no escuro da barraca e conhecer alternativas para brincar e aprender com materiais naturais (madeira, tecido, sementes, terra, etc.).

5. Menos shopping e mais parques

Durante as férias, as crianças querem sair para se divertir e, muitas vezes, as famílias costumam passear em grandes centros comerciais para entretê-las. Esse tipo de passeio, além de trazer custos, expõe as crianças a um ambiente que estimula o desejo de comprar e faz com que elas associem, desde cedo, o lazer ao consumo. Uma alternativa mais bacana é programar passeios ao ar livre, em parques, jardins, praias, praças ou espaços onde as crianças possam brincar livremente, sem a necessidade de consumir. Que tal aproveitar para fazer um piquenique com comidas saudáveis?

6. Promova um encontro de trocas com os mais chegados

Aproveite os dias de folga para mexer nos armários e retirar o excesso de brinquedos, roupas, e outros itens, junto com as crianças. Proponha um encontro com a família ou os amiguinhos mais próximos - tomando os devidos cuidados ainda por conta da pandemia - para trocar os itens.

Os “novos” brinquedos e roupas certamente serão ressignificados, ganhando uma nova chance de uso. Essa é também uma boa oportunidade para ensinar às crianças sobre sustentabilidade. Outra dica é sugerir aos pequenos que escolham alguns itens para doar e, dessa forma, compartilhar com alguém o que elas não usam mais.

7. Menos telas

Nos momentos em que as crianças estiverem em frente às telas, é importante que pais, mães e responsáveis acompanhem os conteúdos que as crianças assistem para saber se há inserções de publicidade infantil. Segundo monitoramento realizado pelo programa Criança e Consumo, canais infantis de TV por assinatura, em média, chegam a exibir uma publicidade infantil a cada três minutos de programação. Então, quando notar esse tipo de conteúdo, aproveite para explicar aos pequenos que essas publicidades - que tentam convencê-los de que ter vale mais do que ser - são apenas estratégias das marcas para aumentar suas vendas.

As redes sociais também merecem atenção: muitas empresas se aproveitam da popularidade de canais de youtubers mirins ou adultos que promovem conteúdos para as crianças. Uma forma disso acontecer são os vídeos de unboxing, onde os influencers desembrulham e exibem “presentes” em seus vídeos, estimulando o desejo de consumo nas crianças. Estratégias como essas já são proibidas pela legislação nacional e podem ser denunciadas por qualquer cidadão.

8. Imaginar

Que tal pensar em atividades que não incentivam o consumismo? Você pode separar alguns itens que tem dentro de casa e deixar as crianças brincarem livremente, deixando a imaginação fluir: um lençol que pode se transformar em uma capa ou até um graveto que pode se transformar em uma varinha. O importante é mostrar que as crianças não precisam de muitos brinquedos novos, geralmente de plástico, para se divertir.

O programa 'Criança e Consumo' disponibiliza a pesquisa Infância Plastificada que mostra que o excesso de brinquedos plásticos pode trazer consequências graves para a saúde e para o meio ambiente mas, os materiais naturais favorecem o desenvolvimento das crianças.

BRINCADEIRAS QUE DESENVOLVEM

Se a ideia é brincar em casa ou em uma área verde próxima, de forma simples e com muito aprendizado, a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto, sugere cinco ideias estimulantes.

1 – Circuito de obstáculos: Que tal um desafio psicomotor dentro da sua casa? Achou difícil? Não tem espaço? Lembre-se que a decoração da sua casa são os brinquedos e as brincadeiras do seu filho. Pegue almofadas, bambolês, cadeiras, puffs e outros objetos que você possa usar e monte um circuito com obstáculos. Pense comigo: a criança precisará pisar nas almofadas com 2 pés juntos, passar por cima do puff, passar embaixo da cadeira, pular dentro dos bambolês e pisar com 1 pé só nas almofadas. Use a criatividade e você terá muitos circuitos para diversão por aí. Lembre-se que essa atividade desenvolve a coordenação motora ampla, reconhecimento do corpo, controle do esquema corporal, lateralidade e muito mais.

2 – Labirinto no corredor: Outra atividade psicomotora que as crianças amam. Pegue uma fita grossa e cole de uma ponta a outra na parede formando um labirinto no corredor. Depois, peça para seu filho passar pelo labirinto sem encostar na fita. Já percebeu que será diversão para muito tempo, não é?

3 – Atividades sensoriais: Que tal aproveitar seu filho em casa para fazer atividades sensoriais com ele? Essa é uma ótima pedida, já que a maioria das crianças com atrasos no desenvolvimento tem déficits sensoriais. Faça caixas sensoriais com bolinhas de gel, sagu ou arroz colorido, feijão preto/branco, areia lunar, dentre outros materiais, e coloque dentro da caixa objetos que seu filho gosta. Pode usar animais, letras, números e frutas, e esconda os objetos no material da caixa sensorial. Peça seu filho para encontrar os objetos usando as mãos ou uma pinça. Outras opções de atividades sensoriais são slime, espuma de barbear, macarrão cozido colorido, bolha de sabão, pintura dentro do box do banheiro e muito mais.

Outra opção é colocar líquidos com odores diferentes em potes separados e pedir para ele cheirar e descobrir o que é. Você pode fazer várias vezes durante a semana até ele decodificar e memorizar o cheiro com o objeto. Aproveite para estimular todos os sentidos do seu filho.

4 - Brincadeira do Tarzan: É bastante divertida, no estilo Tarzan mesmo. Bastar amarrar uma corda num galho seguro de uma árvore, para que a criança possa segurar-se na ponta da corda, balançando-se de um lado para o outro.

5 - Corda de Malabarista: Nesta brincadeira, tipo arvorismo, basta amarrar duas cordas paralelas ao chão, em árvores, distantes uma da outra. A primeira corda a uma distância aproximada de um palmo do chão, e a segunda numa altura acima da cabeça da criança, de modo que a criança possa apoiar os pés na corda inferior e se segurar com as mãos na superior, caminhando pela corda, entre as árvores.

ÁREAS VERDES E URBANAS

trilha com crianças
Leve as crianças para caminhar em trilhas. (Crédito: Priscila Correia)

Se, por um lado, o contato com a natureza e o livre brincar são essenciais para o pleno desenvolvimento da infância saudável, por outro o aumento da ansiedade e do déficit de atenção na infância são alguns dos impactos da vida nos grandes centros urbanos em crianças e adolescentes.

“A natureza é reconhecida e recomendada pelos pediatras e profissionais da área da saúde como forma de incentivar a adoção de hábitos salutares no cotidiano das famílias, como forma de contribuir para o desenvolvimento sadio e integral das múltiplas infâncias”, declara Laís Fleury, membro da RECN. A infância, mesmo antes da pandemia, já sofria um certo confinamento, trazendo impactos negativos na saúde. É importante trazer luz a este tema e mostrar que as crianças e adolescentes precisam da natureza tanto quanto a natureza precisa deles para permanecer viva”, destaca.

Pensando nisso, ela lembra que não é necessário viajar para encontrar soluções. Algumas opções de trilhas urbanas, ou próximas aos grandes centros, podem ser feitas por crianças em diferentes partes do Brasil. Abaixo, Laís indica algumas:

1. Trilha do Bauzinho, São Bento do Sapucaí (SP)

A trilha de mais ou menos 400 metros conduz a uma vista da cidade de São Bento do Sapucaí e de parte da Pedra do Baú. O local é ideal para contemplação e relaxamento. Durante a caminhada é possível avistar pequenos animais.

2. Floresta da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ)

Com quase 100 trilhas ecológicas, o parque nacional contempla trilhas, cachoeiras, passeios e montanhas. O nível de dificuldade é baixo para as crianças tirarem de letra.

3. Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba (PR)

A Reserva Natural Salto Morato é opção de tranquilidade em meio ao tumulto das férias de verão. Criada e mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, é uma opção que oferece tranquilidade e contato com a natureza. O conceito da Trilha Infantil é propiciar uma experiência ao ar livre para ativar corpo e mente. Com um total de 600 metros, a ideia é que a criança, sempre acompanhada dos pais, crie a sua própria estratégia e consiga trabalhar sentidos, percepção, estratégia, força, equilíbrio, uso de braço e perna e noção de diferentes tipos de relevo. A trilha termina com um caminho sensorial para fazer descalço. O uso de máscara é obrigatório.

DICAS EXTRAS

Indica-se levar alimentos leves, de preferência com embalagens resistentes à água (barra de cereal, frutas e garrafa d’água), repelente, chapéu, blusa fina de manga comprida e calça leve para proteger dos mosquitos e do sol e roupa de banho de secagem rápida. O ideal é usar mochilas leves, que evitem o desgaste físico e permitam que as mãos estejam sempre livres.

Botas fechadas de cano alto ou sapatilhas de polímero antiderrapante também são uma boa opção. Também é fundamental pesquisar sobre a trilha que pretende fazer e conferir horários e regras de funcionamento de cada local.

Veja alguns benefícios que o contato com a natureza traz à saúde das crianças, segundo o Projeto Criança e Natureza:

  • Reduz sintomas de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e do estresse;
  • Melhora a nutrição: crianças que plantam seus próprios alimentos são mais propensas a comer frutas e vegetais, têm um conhecimento maior sobre nutrição e mais chances de manter hábitos alimentares saudáveis por toda a vida;
  • Estimula a atividade física: brincar em diferentes ambientes naturais as torna mais ativas fisicamente e mais cuidadosas com o outro;
  • Inspira momentos de concentração: proporciona a experiência do belo, aumenta o equilíbrio e a autorregulação em jovens que vivem na cidade;
  • Estimula os sentidos e a criatividade.