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Travessuras ou gostosuras? Guia para montar o Halloween das crianças

Veja dicas para quem quer festejar essa data ‘gringa’, mas que caiu no gosto popular dos brasileiros

*Priscila Correia, do Aventuras Maternas, do AnaMaria Digital Publicado em 22/10/2021, às 08h00

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Halloween tem as melhores fantasias para os pequenos. - Zachary Kadolph/Unsplash
Halloween tem as melhores fantasias para os pequenos. - Zachary Kadolph/Unsplash

Teias de aranhas, olhos esbugalhados, roupas monstruosas ou divertidas. Chegou a temporada de abóboras gigantes e muita imaginação e, embora a comemoração tenha origem celta e seja um traço cultural de países como os Estados Unidos e Canadá, o fato é que, com a globalização e a fantasia em torno da data, o Dia das Bruxas também tem sido comemorado no Brasil, com muita ludicidade e estímulo ao faz de conta, algo que as crianças tanto amam.

E para ajudar nessa comemoração, que está cada dia mais presente no nosso calendário, a nossa coluna de hoje será como um guia para quem quer festejar essa data ‘gringa’, mas que caiu no gosto popular dos brasileiros.

POR DENTRO DO HALLOWEEN - E DA NOSSA CULTURA TAMBÉM
André Hedlund, mestre em Psicologia da Educação e Mentor Pedagógico do Edify Education, explica que a origem do Halloween é uma data pagã que celebrava os mortos. Trata-se de um festival celta chamado Samhain, em que os irlandeses comemoram as colheitas e a nova estação. "Os católicos passaram a usar a data para comemorar os mortos. A celebração incorporou várias tradições com o passar do tempo. Acreditava-se que o dia 31 de outubro fortalecia uma conexão entre o mundo dos mortos e dos vivos e as pessoas acendiam fogueiras e esculpiam rostos em vegetais para espantar os maus espíritos. Era comum visitar as casas e pedir bolo em troca de orações. Mas, ao longo do tempo, esse dia 31 de outubro foi ressignificado. Hoje virou algo que tem apelo mundial pela fantasia e ludicidade”, esclarece. Já no Brasil, explica, caiu no gosto das crianças brasileiras pelo elemento lúdico. O Dia das Bruxas estimula bastante a imaginação, pois é uma história que está sendo contada. "Também há uma conexão com filmes de terror, monstros, que achávamos que existiam embaixo da cama, dentro do armário, trazendo boas memórias da infância”, complementa.

Para Priscila Ximenes Souza do Nascimento, Doutora em Educação e Professora do Curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), embora as datas festivas façam parte da construção histórica e cultural de todas as sociedades, a comemoração dessa data pelos brasileiros merece uma reflexão, pois não faz tanto sucesso nas comunidades mais carentes. “Podemos achar que o Halloween caiu no gosto das crianças por envolver um estímulo à imaginação, à criatividade, à interação com diferentes grupos e ações muito agradáveis ao usar fantasias, brincar de “ser” personagens da cultura Infanto-juvenil, brincar de coletar doces com o “Gostosuras ou travessuras”, entre outros. Eu diria, porém, que esses motivos são plausíveis, especialmente, para famílias com maior poder aquisitivo que, não raramente, têm acesso à Língua Inglesa e à cultura de povos falantes desse idioma. As crianças de comunidades mais carentes, quando vivenciam a comemoração do Halloween, o fazem de uma maneira bem menos intensa e essa é uma das demonstrações de que essa festividade não faz parte da nossa cultura nacional. Portanto, tem seu valor, mas não pode ser sobreposta ao que é típico do nosso povo”, pontua.

Por outro lado, ela lembra que o dia 31 de outubro deve ser festejado também na cultura nacional, pois é o dia em que se comemora um emblemático personagem do folclore brasileiro, o Saci. “Em várias cidades brasileiras, como São Paulo e Florianópolis, o Dia do Saci em 31 de outubro já foi estabelecido legalmente como uma forma de valorizarmos as belezas e a diversidade das tradições populares nacionais. Assim, as novas gerações podem participar festejando e mantendo vivos no imaginário social os seres sobrenaturais do folclore brasileiro, como o Saci-Pererê, o Curupira, a Caipora, o Boitatá, entre outros. É interessante instigarmos as crianças a descobrirem a história de como essa data se tornou uma comemoração coletiva e importante para toda a sociedade. Isso, inclusive, permite que elas desenvolvam o senso crítico sobre o assunto e decidam se e como desejam festejar esse dia”, elucida.

AMBIENTAÇÃO É ESSENCIAL

Festa de Halloween improvisada em casa, com recortes e desenhos das crianças. (Crédito: Arquivo pessoal)

Um dos pontos mais diferentes da comemoração do Halloween no Brasil é que, dificilmente, as crianças vão ficar de porta em porta pedindo doces, como acontece nos Estados Unidos. Então, um dos pontos altos das festas, por aqui, fica por conta da decoração. Lourdes Correia, da Étoile Eventos, lembra que as comemorações mais caseiras, mesmo antes da pandemia, já estavam ganhando o interesse das famílias. E, nos últimos dois anos, entraram para o calendário das famílias, como forma de dar mais cor e mudar a rotina. “Brasileiro ama festa e o Halloween é uma espécie de Carnaval, só que horripilante”, brinca. Mas engana-se quem pensa que é preciso gastar rios de dinheiro para entreter as crianças. Na realidade, as festas mais legais são as com itens personalizados e DIY (do it yoursef). “Não é preciso gastar muito dinheiro, especialmente nesse período que estamos atravessando. As próprias crianças podem confeccionar os itens de decoração, fazendo teias de aranha, desenho de fantasmas, zumbis, etc. E a família também pode usar acessórios que já tem em casa, como recipientes, bandejas e alguns itens recebidos como lembranças em festas infantis. "As crianças podem e devem participar de todo o processo, desde o planejamento até a execução, inclusive na hora de arrumar os ambientes, na decoração, ajudar a fazer as comidinhas”, complementa.

Leda Sangiorgio, mãe de Valentina, de seis anos, conta que sempre foi fã dos gêneros de terror e suspense, mas foi depois de morar nos EUA, mais precisamente em Salem, que começou a comemorar o Halloween ‘de verdade’. “Foi uma experiência inexplicável passar o 31 de outubro nessa cidade, que fica nos arredores de Boston. Lá é tudo tão real, tão assustador, tão excitante. É muito interessante, pois praticamente todos os moradores enfeitam as casas e entram no clima da data. Daí em diante, sempre que posso, comemoro”, conta. De volta ao Brasil, costumava ir a festas sobre o tema sempre nessa época, mas, depois que a filha nasceu, a comemoração virou assunto sério – em 2020, por exemplo, teve bebê fantasma, porta estilo 'Walking Dead' e até uma lápide no jardim. “Foi mais de um mês para chegar no resultado que eu queria. E o fato de gostar de artesanato e trabalhos manuais me ajudou muito. A Valentina ainda é muito pequena, não entende exatamente o porquê da festa, mas ama entrar na brincadeira”, complementa.

UM ESTÍMULO EXTRA PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOS

Bolos decorados são o destaque da Unique Festas. (Crédito: Divulgação)

O tema não é comemorado apenas por mães que amam essas brincadeiras. Danielle Barbosa, da Unique Festas (RJ), explica que o Halloween está cada vez mais fazendo parte da cultura dos brasileiros, e que, com a pandemia, as comemorações nesta data aumentaram bastante – gerando um aumento de 25% nas vendas dela. “As famílias buscaram entreter os pequenos e tornar divertida a permanência em casa em razão das restrições causadas pela pandemia", conta. Segundo ela, o produto com mais saída são os bolos decorados, mas não podem faltar também doces no tema, que são essenciais para dar personalidade à festa. E, por lá, também acontece um controle de qualidade extra. “Tenho uma garotinha de 5 anos super criativa. Sempre que finalizo o esboço da arte de um bolo infantil mostro para ela, se a reação for "nossa, que lindo!", sei que meus clientes mirins irão gostar”, diverte-se.

Quem também acredita que a pandemia deu um empurrão na data é Nanda Pimentel, da Amor Gift Box (RJ). Mãe do pequeno Noah, de apenas oito meses, ela conta que tudo virou motivo de comemoração e de viver momentos especiais em família. "A primeira cesta de Halloween foi feita despretensiosamente e as crianças amaram; e acabaram vendendo mais do que o esperado”, lembra Debora Craveiro, sócia de Nanda. Hoje, a Box de Dia das Bruxas é o produto com mais saída da marca, que reúne pequenos produtores da região numa colab.


Colab de pequenos produtores artesanais é a aposta da Amor Gift Box para a data. (Crédito: Arquivo Pessoal)

Outra empresa também especializada em festas que aposta na data é a Vila Meã (SP), de Celia Durães, que tem fantasias para todas as idades. E com um detalhe: no Dia dos Bruxas, as vendas ultrapassam, e muito, outra data importante desse período, o Dia das Crianças. “Em outubro, 80% das vendas são de fantasias para Halloween, 15% para Dia das Crianças e os restantes, 5%, para pedidos diversos. Os produtos que têm mais saída são esqueleto e bruxa”, exemplifica. E por lá a ajuda da filha também é fundamental. “Desde o início da empresa, há 12 anos, é minha filha quem me atualiza sobre personagens novos, preferência das crianças, até mesmo ajudando no atendimento, assessorando mini clientes na escolha da fantasia”, complementa.

A Cake Designer Geane Piffer, da Gegê Bolos Artísticos (SP), lembra, ainda, que grande parte dos aniversariantes no mês de outubro, principalmente na segunda quinzena, optam por temas relativos ao Dia das Bruxas para as suas comemorações. Além disso, muitas famílias fazem eventos em seus condomínios ou entre amigos no próprio dia 31, o que acaba gerando pedidos específicos para essa data. “O Halloween no Brasil ainda não se mostra superior a outras datas, como Dia das Mães, Páscoa ou Natal, por exemplo. Mas, de todo modo, o tema, diferentemente das outras datas, que somente apresentam demandas no dia específico, fica em alta sempre durante o mês de outubro”, explica.

AS TÃO ESPERADAS BRINCADEIRAS
Se tem uma coisa que não pode faltar nas festas são as brincadeiras. E nas comemorações de Halloween, é claro, também não. Por isso, pedimos a ajuda de Juliana Fontanella, professora de inglês para crianças e tradutora, que indicasse algumas ‘travessuras’ para este dia.

- O Retorno da Múmia:
Dois sacerdotes egípcios apostaram que seus 'mortos voltariam' à vida! E agora, quem ganha?

Você vai precisar de: Rolos de papel higiênico; temporizador/relógio.

Reúna as crianças em pares, uma será a múmia e a outra, o sacerdote. Entregue um rolo de papel para cada dupla. A primeira missão é saber quem transforma o amigo em múmia no menor tempo possível. A regra é enrolar o coleguinha sem prender os braços e as pernas. Aproximadamente 15 minutos até parar o relógio. A melhor múmia ganha doces para dupla.

Segunda missão: Hora de ver se desempata o jogo e qual morto-vivo vai ganhar a aposta! As crianças, oops múmias, devem apostar uma corrida e ver quem chega primeiro. Definido o vencedor, a dupla ganha doces.

- Tesouro do Pirata Fantasma:
Era uma vez um pirata fantasma que escondeu um tesouro em algum lugar da casa. As crianças devem seguir pistas para encontrar o "tesouro" que é um pacote, caixa ou baú de doces (balas, pirulitos, chocolates). O personagem que "incorpora" o pirata escreve as pistas para cada um dos dez passos (ou menos conforme a idade e o espaço) até onde está o tesouro. A cada pista vencida, a criança encontra outra, até chegar ao destino. Não há limite de tempo. Vale até colocar música para animar a garotada.

Você vai precisar de: Cartões ou papel para as pistas, uma caixa ou saco maior para o Tesouro do Pirata Fantasma, doces sortidos em boa quantidade

Para incrementar a brincadeira e deixá-la a cara da festa do Dia dos Bruxas, cada pista também contém um desafio. A criança só pode pegar a próxima se fizer algo como cantar o refrão de uma música com determinada palavra, citar três coisas com uma determinada letra, adivinhar uma charada, contar de trás para frente, pular num pé só. Cumprida “a pena”, a turminha ganha alguns doces e a próxima pista.

#DICADATEACHER: Essa brincadeira pode ter o personagem "fantasma" ou não, de acordo com a faixa etária das crianças. Para os pequeninhos, o "fantasma" acompanha cada etapa.

- Pesca das Maçãs:
Um grupo de aldeões foi condenado a tirar todas as maçãs de uma bacia com água* sem usar as mãos. Uma delas é a maçã da Branca de Neve e vai envenenar todas as outras, então eles precisam ser muuuito rápidos. O problema é que a água já ficou vermelha! E agora, qual é a maçã envenenada? As crianças podem brincar juntas ou cada uma tentar pescar o máximo em 1 minuto. A brincadeira é, com as mãozinhas pra trás, ver quem consegue pegar as maçãs só usando a boca. Quem pescar a maçã bruxa ou tentar usar as mãos, paga prenda.

Você vai precisar de: maçãs pequenas; corante alimentício; um pincel marcador. Higienize as maçãs e reserve. Em uma bacia larga coloque água (menos da metade) e o corante até ficar bem vermelha. Coloque as maçãs. Agora é só liberar as crianças e contar o tempo.

#DICADATEACHER: pode-se pendurar as maçãs na altura do rostinho das crianças, formar duplas e pedir para morderem a fruta com as mãos para trás, a dupla que 'comer' mais, ganha.

É HORA DE COMER
Se tem uma coisa que adultos e crianças amam em festas é comer. E em comemorações temáticas como essa, além do sabor, a criatividade na montagem de cada receita também é fundamental. Na sequência, separamos algumas delícias para fazer no Halloween. E o melhor: a criançada também poderá colocar a mão na massa.

Pãozinho Abóbora
Por Daniela Lisboa, Nutricionista e Chef de Cozinha (@danifranlisboa)


(Crédito: Arquivo pessoal)

Para a Esponja:

  • 150 g de farinha de trigo orgânica
  • 7 g de fermento biológico seco
  • 150 ml de água

Junte todos os ingredientes em uma tigela, misture bem, tampe e deixe fermentar por 20 minutos ou até dobrar de volume.

Para o Pão:

  • 350 g de farinha de trigo orgânica
  • 75 g de açúcar demerara, mascavo ou de coco
  • 1 e ½ ovo
  • 150 g de abóbora assada em purê
  • 10g de cúrcuma em pó
  • 50 g de óleo de coco
  • 50g de azeite ou manteiga ou ghee
  • 9 g de sal
  • 1 ovo levemente batido para pincelar ou azeite
  • Barbante

Corte a abóbora em pedaços médios e leve para assar até que fique macia. Retire a casca e amasse a polpa até ficar um purê. Deixe esfriar. Em uma tigela, adicione todos os ingredientes secos e misture bem, abra um buraco no centro e adicione a esponja, ovos, purê de abóbora, óleo de coco, azeite, misture com um garfo, e vá juntando a farinha ao redor aos poucos. Sove a massa por 5 minutos, cubra e deixe crescer por 20 minutos ou até dobrar de tamanho. Divida a massa em porções de 100g, boleie as massas e deixe em repouso por mais 10 minutos. Agora, coloque um fio de barbante longo no centro da bolinha e vá transpassando até formarem 8 gomos, faça um nó, e disponha na assadeira enfarinhada. Pincele cada massa com ovo e deixe crescer por mais 20 minutos. Pré aqueça o forno a 180°C e leve os pães para assar por cerca de 20 minutos ou até ficarem dourados. Depois de pronto, espere esfriar e então corte os barbantes.

Obs: Você pode fazer o pão recheado, com cogumelos, purê de abóbora, requeijão ou Tofupiry

Biscoitos Recheados com Teias de Aranha
Por Vavo Krieck, chef de cozinha e professor de Gastronomia e da especialização em Chef de Cuisine Internacional da PUCPR.

Ingredientes:

  • 150g de chocolate em gotinhas para derreter
  • 100g de chocolate branco em gotinhas para derreter
  • 1 pacote de biscoitos recheados

Forre a assadeira com papel manteiga e reserve. Forre a bancada de sua cozinha com papel alumínio e coloque uma grade em cima. Em uma tigela própria para micro-ondas, derreta separadamente os chocolates em intervalos de 15 segundos, mexendo sempre.

Transfira o chocolate branco para um saquinho plástico e corte e pontinha dele. Mergulhe os biscoitos recheados no chocolate ao leite, remova o excesso e coloque-os sobre a grade. Com o saquinho com chocolate branco, faça 3 círculos sobre o biscoito, acompanhando seu formato. Com a ajuda de um palito de dente, faça riscos imitando uma teia de aranha, de dentro para fora. Espere o chocolate solidificar e bom apetite!

*PRISCILA CORREIA é jornalista, especializada no segmento materno-infantil. Entusiasta do empreendedorismo materno e da parentalidade positiva, é criadora do Aventuras Maternas, com conteúdo sobre educação infantil, responsabilidade social, saúde na infância, entre outros temas. Instagram:@aventurasmaternas