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Meu filho não fala, e agora? Especialista dá respostas para pais aflitos

Meu filho não fala: o que fazer para ajudar a sua criança

Redação Publicado em 22/03/2022, às 08h00

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Se o seu filho não fala, veja o que pode estar acontecendo. - Nathan Dumlao/Unsplash
Se o seu filho não fala, veja o que pode estar acontecendo. - Nathan Dumlao/Unsplash

Olá, pessoal! Essa tem sido uma queixa frequente no consultório desde o recomeço das aulas no período "após a pandemia" e que gera grande preocupação entre pais, cuidadores e professores. E com razão: o desenvolvimento da fala e linguagem também são marcadores de desenvolvimento infantil e devem ocorrer tanto quanto engatinhar ou andar.

Assim, já deixo bem claro que é mito o ditado de que "cada criança tem seu tempo" ou que "não se preocupe que uma hora ela vai falar". Cada etapa do desenvolvimento da criança ocorre dentro de um período de tempo médio. Atrasos significativos neste tempo não devem ser ignorados.

Quando consideramos o desenvolvimento da fala alguns marcadores são importantes. Entenda!

Aos 6 meses: início dos balbucios intercalados com a fala da mãe.

Aos 12 meses: há produção de fonemas em resposta a pedidos e perguntas. A criança entende comandos simples e reconhece algumas palavras (não, papa, mamãe, papai, vovô e vovó), aponta para brinquedos e alimentos quando solicitado!

Aos 18 meses: utiliza frases curtas para se fazer entender e o vocabulário aumenta para 20 a 50 palavras. Entende frases simples, pega objetos quando solicitada.

Aos 2 anos: consegue usar frases de 3 palavras. A fala deve ser entendida por adultos que não tem contato direto com a criança. Tem um vocabulário de ao mínimo 50 palavras.

Aos 3 anos: cria frases longas e fala sobre eventos passados.

Entre 3 e 5 anos: a criança deve entender tudo o que é dito pelo adulto e perguntar quando não compreender. Usa frases mais complexas, usa plural e consegue expressar melhor as suas necessidades.

Assim, qualquer desvio significativo nestes marcadores deve ser avaliado. Muitos fatores estao envolvidos com o atraso de fala. Abaixo falo de alguns!

BRINCAR É O CAMINHO!

O desenvolvimento normal da fala acontece através de interação entre a criança e os cuidadores. Em outras palavras, conversar e interagir é fundamental. Excessos de jogos no celular, tablets ou televisão prejudicam desenvolvimento da fala, mesmo sendo adequados a idade.

O ideal é o tradicional brincar com lápis e papel, desenhos, panelinhas, carrinhos, embalagens vazias e até ler histórias. Assim, o cuidador deve se envolver e estimular a criança.

MASTIGAR BEM LEVA A FALAR BEM!

Outra dica é observar se a criança mastiga. A progressão adequada da alimentação é importante para fortalecer a musculatura da face e coordenar o movimento da língua. Assim, crianças com preferência por alimentos pastosos poderão ter mais dificuldade de aquisição e desenvolvimento da fala.

PARA FALAR, TEMOS QUE OUVIR!

Mesmo com o teste da orelhinha normal - realizado obrigatoriamente ao nascimento-, existem outros problemas auditivos que podem surgir durante o crescimento, como otites. E ouvir bem é fundamental para o desenvolvimento da linguagem. Uma criança chamada de "distraída" ou "preguiçosa para falar" pode na verdade não ouvir bem.

E TEM MAIS!

Outro ponto importante é observar se a criança compreende e aprende o que você tenta ensinar. Déficit cognitivo também pode gerar atraso na fala o que envolve desde alteração de atenção, memoria, inteligência e até emoção!

E AGORA, O QUE FAZER?

Não espere seu filho falar "no tempo dele". Claro que o desenvolvimento de cada um ocorre em diferentes velocidades. A ciência, porém, já determinou o que é normal ou não. Assim, quando algo sair deste padrão, um médico especialista deve ser consultado. O tratamento envolve, na maioria das vezes, equipes multidisciplinares.

Até a próxima!

*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves