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Surto de gripe no verão: como saber se é Delta, Ômicron ou Influenza?

Por qual motivo estamos tendo um surto de gripe em pleno verão?

*Dra. Maura Neves, colunista de AnaMaria Publicado em 21/12/2021, às 09h30

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Delta, Ômicron ou Influenza continuam circulando no Verão. - Brittany Colette/Unsplash
Delta, Ômicron ou Influenza continuam circulando no Verão. - Brittany Colette/Unsplash

Olá, pessoal! O assunto da coluna desta semana é o surto de gripe pelo qual passamos simultaneamente à pandemia da covid-19. Trata-se do vírus Influenza, que atinge de forma mais drástica os Estados do Rio e São Paulo. E por qual motivo estamos tendo um surto de gripe em pleno verão?

Apesar desta ser tradicionalmente uma estação em que nos mantemos em ambientes mais arejados, ou seja, com menor circulação de vírus (que se multiplicam menos no calor quando comparado aos meses mais frios), eles ainda estão presentes no ar e podem, sim, causar epidemias.

Por que um surto de influenza neste momento?

Existem algumas causas importantes que ajudam a promover essa disseminação. A principal delas foi o relaxamento das medidas de distanciamento social, usadas para reduzir os casos da covid-19. Ou seja: o maior contato social, somada a redução do uso de máscaras, facilitou o contágio.

Além disso, a pouca adesão a vacina da gripe este ano, decorrente em grande parte da exigência de intervalo entre as doses de vacina para a covid-19 e a da gripe, tem sido associada também como fator causal. Isso porque menos pessoas vacinadas contra a gripe significa uma menor proteção coletiva da população, o que facilita a ocorrência da doença.

Apesar do vírus causador do surto de influenza atual não estar incluído na vacina da gripe administrada este ano, a vacinação ainda pode conferir uma proteção cruzada parcial. Em outras palavras: a vacina da gripe pode proteger e, em caso de contágio, deixar os sintomas bem mais leves.

Quais são os sintomas desse vírus da gripe?

O vírus circulante é um influenza A (H3N2 variante Darwin), mesma cepa que está circulando agora no inverno do hemisfério norte.

Os sintomas principais são: obstrução nasal, coriza, espirros, tosse, febre, dor de garganta, dor de cabeça e dor no corpo. Existe a possibilidade, porém, de evolução para Síndrome do desconforto respiratório com uma pneumonia.

Importante ressaltar que, diferentemente da covid-19 - que atinge as crianças predominantemente com sintomas leves, o influenza normalmente dá sinais mais intensos nos pequenos, especialmente nos menores de dois anos. Além disso, os idosos, gestantes e puérperas, imunossuprimidos e pessoas com comorbidades (outras doenças como diabetes, doenças cardíacas, pulomonares, entre outros) também têm risco de gravidade maior.

E a variante Ômicron, da covid-19, é mais “levinha” mesmo?

Até o momento a OMS (Organização Mundial da Saúde) ainda necessita de mais dados para determinar o perfil de sintomas desta variante. No entanto, o que foi observado é que a variante Ômicron causa sintomas diferentes daqueles que ocorreram na covid-19.

A Ômicron tem causado cansaço extremo, dores pelo corpo, dor de garganta e de cabeça, mas sem a presença de perda de olfato e paladar. Segundos dados publicados pela Associação Médica da África do Sul, a maioria dos casos da Ômicron foram quadros que permitiram tratamento domiciliar. Se avaliarmos por essas avaliações, ela pode ser, sim, mais “levinha” quando comparada com a covid-19 inicial.

A questão é que ela é bem mais transmissível, além de ter um número muito maior de mutações. Outro dado significante é que metade dos casos relatados de Ômicron aconteceu entre não-vacinados.

A variante Delta, da covid-19, acabou?

Infelizmente, não! A Delta já se espalhou pelo planeta. Ela ainda pode circular entre nós, pois vários tipos de vírus circulam simultaneamente. No entanto, é possível que ela apareça com menos frequência, pois os demais vírus estão mais presentes.

Aqui, vale lembrar dos sintomas principais desta variante, altamente transmissível também: febre, tosse persistente, coriza, espirros e dor de cabeça e garganta. Neste caso a perda de olfato e paladar deixaram de ser relatadas, segundo estudo do King’s College of London.

De acordo ainda com a Comissão Europeia de Controle e Prevenção de Doenças, esta variante causa adoecimento rápido e alto risco de hospitalização, sobretudo entre os não-vacinados. O CDC americano (Centro de Controle de Doenças) afirmou que os vacinados que contraem a Delta tendem a ser assintomáticos ou apresentarem sintomas leves.

Como diferenciar sintomas da variante Delta, Ômicron e Influenza?

Infelizmente, é muito difícil diferenciá-las, pois têm sintomas muito semelhantes, variando apenas em intensidade entre as pessoas. Apenas um exame laboratorial para determinar, com mais certeza, qual o vírus e conseguir diferenciá-los.

Como Prevenir?

Os cuidados para evitar o contágio são os mesmos utilizados na prevenção da covid-19. Uso de máscaras, evitar aglomerações, higiene das mãos e manter os ambientes bem ventilados. A transmissão ocorre através de gotículas de secreção (saliva, secreção nasal) contaminadas, que são eliminadas através de tosse, espirro, ou através das mãos.

A forma de transmissao é a mesma da COVID e os cuidados são os mesmos que estamos tomando nestes quase dois anos de pandemia. Além destes cuidados, o melhor método de prevenção ainda são as vacinas. Portanto, não esqueça a sua!

E ainda pode complicar?

Além da evolução esperada dos próprios vírus, outras complicações podem ocorrer. As mais frequente são infecçoes bacterianas associadas, como otites, sinusites e pneumonias que necessitam de antibióticos para o tratamento. Por isso, é sempre importante consultar um médico.

Para Resumir:

  • Tem que usar mascara, álcool em gel, e manter o distanciamento social? SIM
  • Tem que tomar a vacina da gripe? SIM
  • Tem que tomar a vacina da covid-19? SIM
  • Mas tem que tomar o reforço da COVID também? SIM
  • Se tiver sintomas de doença respiratória, tem que ir ao medico? SIM
  • Tem que fazer exame de COVID-19 e INFLUENZA, para saber qual vírus está presente? SIM, pois se for influenza há medicacao específica para ele, o que ainda não temos para a covid-19 até o momento.

*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves