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Comportamento / Redes sociais x vida real

Como os filtros do Instagram afetam o modo que você vê seu próprio rosto?

Pesquisa aponta que cerca de 84% das jovens já usaram algum filtro ou aplicativo de edição para mudar a própria imagem

Naty Falla, com supervisão de Vivian Ortiz Publicado em 29/04/2021, às 15h31 - Atualizado às 16h19

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78% das jovens já tentaram mudar alguma parte indesejada antes de postar uma foto - Pixabay/Pexels
78% das jovens já tentaram mudar alguma parte indesejada antes de postar uma foto - Pixabay/Pexels

Você certamente já deve ter utilizado ou visto algum filtro disponível nas redes sociais. A ideia, de forma geral, é deixar a foto “mais bonita” com recursos que suavizam a pele e aumentam a boca e os olhos, por exemplo. Apesar de ser comum o uso desses efeitos no dia a dia na web, soando inofensivo, eles acabam impactando diretamente na autoestima das mulheres. 

Uma pesquisa da Dove aponta que cerca de 84% das adolescentes brasileiras, a partir dos 13 anos, já usaram algum filtro ou aplicativo de edição de fotos para mudar a própria imagem. 

Os dados também informam que 78% delas já tentaram mudar ou ocultar alguma parte indesejada do corpo antes de postar uma foto nas redes, e 5% das jovens brasileiras se sentem “menos bonitas” ao verem fotos de influenciadores/celebridades na Internet.

BUSCA PELA “PERFEIÇÃO”
Essa baixa autoestima causada pelo impacto do uso das redes sociais alimenta outro problema: a busca pela “perfeição” nas mesas de cirurgia. De acordo com o cirurgião plástico WendellUguetto, membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, aconteceu um aumento na procura por cirurgias faciais, como a rinoplastia (que mexe no formato do nariz), justamente por conta dos filtros. 

“Esses casos estão famosos nos últimos quatro anos. Existem pacientes que buscam uma boca maior, por exemplo, porque viram que no filtro do Instagram ficou legal, mas esquecem que aquela imagem não condiz com a realidade. Eles querem se comparar com o que é irreal, computadorizado, onde o filtro coloca o rosto dentro de um padrão que não existe e, se feito, não fica simétrico”, detalha o especialista.

Por isso, é preciso que haja uma conscientização das pessoas sobre o que é mostrado nas redes sociais, que não é necessariamente a realidade. Antes de procurar uma intervenção cirúrgica ou procedimentos estéticos, é preciso refletir se aquele resultado é realmente uma vontade própria ou externa. 

“Essa conscientização do paciente é primordial. Ele precisa refletir se isso de fato o incomoda ou é uma influência de algum amigo, ou famoso que recorreu à mesma intervenção. A expectativa precisa estar alinhada ao real”, ressalta Wendell Uguetto. 

Além disso, o médico alerta sobre a necessidade de entender os impactos de uma cirurgia plástica, que possui riscos e pós-operatório, onde a pessoa precisará de cuidados especiais até chegar à reabilitação total: “É essencial procurar um profissional qualificado, que tenha registro. Conversar com quem já fez o procedimento é interessante, e se informar bem sobre o assunto”.

CASOS QUE DÃO ERRADO
A informação é o grande aliado para evitar com que intervenções malsucedidas aconteçam. Nos últimos tempos, pessoas que se submeteram a procedimentos que não saíram como o esperado usam as redes sociais para expor o caso e alertar outras pessoas. O perfil Vítimas da Bichectomia reúne histórias em que o sonho resultou em flacidez facial e expressão cadavérica. 

“Isso ocorre por uma indicação mal feita, sem levar em conta se o paciente precisa ou não da bichectomia. Vale ressaltar que essa cirurgia pode lesar o paciente e gerar até uma paralisia facial quando feita de forma errada. A pessoa, às vezes, não tem culpa, ela só vê a proposta, causada por uma falsa realidade, sem saber realmente o que é o procedimento e quais as possíveis consequências futuras”, analisa Wendell. 

Consequências essas que podem gerar problemas ainda maiores na autoestima e também na qualidade de vida. Para evitar isso, é preciso, antes de tudo, entender que não há um padrão de beleza como denominador comum. O que é belo para uma pessoa, pode não ser para outra e assim por diante. “Esses casos não são de hoje, as modelos sempre tiveram muito photoshop nas revistas, mas elas não são assim na vida real. No entanto, as pessoas não levam isso em consideração, e cada vez mais caem no mito da perfeição”, conclui o cirurgião.