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Comportamento / Entenda!

‘Masculinidade tóxica’: como identificar e lidar com esse tipo de comportamento?

Expressão ganhou ainda mais destaque após falas machistas de Erasmo Viana, em ‘A Fazenda 13’

Samira Paiva, com supervisão de Vivian Ortiz Publicado em 05/11/2021, às 14h31 - Atualizado às 15h22

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Erasmo Viana disparou falas machistas em 'A Fazenda 13' - Reprodução/PlayPlus - Reprodução/PlayPlus
Erasmo Viana disparou falas machistas em 'A Fazenda 13' - Reprodução/PlayPlus - Reprodução/PlayPlus

“Homem não chora”. “Seja macho“. “Que gay”. “Isso é coisa de mulherzinha”. Quem nunca ouviu algum desses termos ao menos uma vez na vida? Todos eles derivam da ‘masculinidade tóxica’, expressão que podemos traduzir como a construção social baseada na superioridade do masculino em relação ao feminino. 

Presente na sociedade há um bom tempo, a tal masculinidade tóxica ganhou ainda mais destaque nas últimas semanas, com a participação de Erasmo Viana no reality show ‘A Fazenda 13’. Isso porque, por vezes, o agora ex-peão polemizou ao espalhar mentiras e tentar contar vantagens em relação a três mulheres com quem já se relacionou fora do confinamento: Erika Schneider, Gabriela Pugliesi e Marina Ferrari

Mesmo soando um tanto quanto absurdo, o discurso de ‘macho alfa’ do influenciador se repete mundo afora. Para esses homens, as mulheres são, na maioria das vezes, interesseiras, sem conteúdo, rasas ou oferecidas demais. Mas, como explica a psicóloga Maria Rafart, em entrevista à AnaMaria Digital, tudo isso não passa de uma barreira de defesa, uma vez que eles foram ensinados a agir assim. 

“A masculinidade tóxica aparece em muitos comportamentos e pensamentos justamente porque os rótulos e etiquetas sociais são apresentados desde a infância: o que é “coisa de homem”, o que é a 'força' que deve ser demonstrada em todos os seus atos. É um fio condutor de comportamentos”, pontua a profissional. 

Para Maria, esse comportamento é mais comum do que imaginamos. A maioria dos homens, no entanto, nem imagina que age de tal maneira e, por esse motivo, acaba ferindo suas parceiras, sejam elas amigas, namoradas ou esposas: “As imposições sociais vinculadas a comportamentos agressivos podem supervalorizar a força física. As emoções, nesse padrão, são vistas como sinal de fraqueza”, avalia, antes de acrescentar: “Isso é um prato cheio para a misoginia, para fomentar a cultura do estupro, e também para estimular uma sociedade homofóbica”.

COMO LIDAR COM A MASCULINIDADE TÓXICA?
Em primeiro lugar, é necessário reconhecer algumas características comuns dos homens tóxicos, como contar mentiras para ganhar vantagens sobre o sexo oposto ou até se negarem a realizar exames preventivos relugarmente, por se considerarem ‘fortes’ demais. 

“São inúmeras situações, geralmente vinculadas a rígidos papéis masculinos e femininos que são esperados pela sociedade. Quando estabelecemos que há ‘comportamentos de homem’, desvaloriza-se o homem que se comporta com um padrão diferente. A emoção, por exemplo, é considerada um terreno dos fracos: ‘homem não chora’”, ressalta a psicóloga.

Ela afirma que a principal solução para esse problema é o diálogo: “Uma sociedade muda quando o assunto é debatido, quando os jovens se dão conta de que não precisam seguir padrões pré-estabelecidos de comportamentos”.

Além disso, vale ressaltar que a forma como uma criança é educada na infância diz muito sobre o adulto que ela irá se tornar futuramente. Desta forma, a profissional aconselha que pais e mães ensinem seus filhos a serem ‘pares’, sem colocá-los em divisões hierárquicas, para que, assim, seja possível abandonar os padrões tóxicos de comportamentos.

COMO EVITAR?
Evitar homens que tenham distúrbio de masculinidade tóxica não é tão simples quanto parece. Isso porque, vez ou outra, eles podem ser pais, tios, avós ou até mesmo colegas de trabalho que estão presentes em seu cotidiano social ou familiar. Se esse é o seu caso, atenha-se em tentar esclarecer que tal comportamento não é nem um pouco saudável, na tentativa de fazer a pessoa reconhecer que algo está errado. 

E o mais importante de tudo: não se submeta a esse tipo de situação! Conviver com homens que carregam consigo a síndrome de ‘macho alfa’, na maioria das vezes, causa uma enorme dependência emocional nas mulheres. Ao se verem presas nesse tipo de relacionamento, muitas delas assumem o polo da passividade e se veem sem saída.

A psicóloga explica que é justamente nessa situação que a sororidade ganha destaque. Mulheres devem entender, apoiar e ajudar outras mulheres, para que, assim, possamos desconstruir cada vez mais a cultura da masculinidade tóxica presente na atual sociedade.