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Comportamento / Cuidado!

Relacionamento abusivo: como posso ajudar uma vítima?

Na maioria das vezes, a violência demonstra sinais que podem ser facilmente descobertos

Da Redação Publicado em 08/03/2021, às 08h20

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Fique atenta aos sinais e denuncie! - Pixabay
Fique atenta aos sinais e denuncie! - Pixabay

“O nome do meu abusador é Brian Warner, também conhecido mundialmente como Marilyn Manson. Ele começou a me assediar quando eu era uma adolescente e me abusou horrivelmente por anos. Eu sofria lavagem cerebral e fui manipulada para ser submissa”.

Foi com este relato que a atriz Evan Rachel Wood revelou recentemente ter sido vítima de violência psicológica e física pelo cantor. Ambos iniciaram um relacionamento em 2007, quando ela tinha 19 anos e ele, 38. Ficaram noivos em 2010, mas tudo terminou nos meses seguintes.

O depoimento de Rachel reacendeu a discussão em torno da violência contra a mulher, principalmente quando a vítima tem dificuldades em revelar os abusos e denunciar o agressor, seja por medo, vergonha ou pressão psicológica às quais geralmente são submetidas.

O psicólogo Alexandre Bez explica à AnaMaria Digital que a relação entre a atriz e Manson é categorizada como abusiva, justamente por conta do sofrimento, desrespeito e humilhação. Baseado no depoimento dela, Manson parece ter uma personalidade sádica, com tendência a se achar superior. 

“Inclusive, aproveito para reforçar que um homem agressivo não muda a sua personalidade, faz parte de seu trato psicológico. Independentemente de amar a pessoa, pela esperança na mudança ou medo de perder. O que pode mudar é a intensidade da agressão, progressiva, começando com gritos e terminando com tapas. Fuja desse tipo de relação!”, alerta.

COMO POSSO AJUDAR ALGUÉM PASSANDO POR ISSO?
Por conta de toda situação dramática que essa mulher está vivendo, ações mais drásticas, como pedir para ela denunciar ou sair do relacionamento, podem causar desconforto e retração. Se você quer realmente ajudá-la, melhor optar por uma abordagem mais discreta, longe de familiares e amigos.

“Essa orientação deve ser sempre com muita paciência e compaixão, pois o grande problema é a dependência da vítima com o abusado, além do medo. Muitas vezes, ela ainda não consegue fazer a associação do que está ouvindo [daquele conselheiro] com o que está, de fato, vivendo”, diz.

Neste momento, ele ressalta que o melhor é apresentar os pontos negativos da relação sem tentar impor nada. A ideia é deixar claro para a vítima que existe uma vida muito mais saudável e feliz longe daquele parceiro. 

“Conversar com outra pessoa sobre a violência fará com que se sinta acolhida e fortalecida, além de trazer elementos positivos e concretos a seu estado psicológico, que nessas situações se encontrará inteiramente em pedaços. Falar da situação dará um novo ânimo, amparando também alguns traumas”, avalia Bez.

ATENTO AOS SINAIS
Sabe aquele casal que você encontra em público e ambos parecem incríveis juntos, mas parece que tem algo errado? Pode ser a vítima demonstrando mudanças de comportamento são como um alerta. Entre os sinais mais frequentes, estão:

  • Tristeza;
  • Depressão;
  • Mágoa;
  • Isolamento;
  • Retração social.

A pessoa também pode comentar com amigos e familiares mais íntimos a renúncia e negação da parte sexual. Além disso, associações mentais são comuns também. Ao ver um filme ou notícia, por exemplo, a mulher se mostra muito tocada, podendo exibir sinais de ‘Transtorno de Estresse Pós-Traumático’. “O estresse agudo leva algumas vítimas a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, despersonalização e até mesmo dissociação da consciência e dificuldade para dormir”, avalia.

A HORA CERTA DE FALAR
No caso de Evan Rachel e outras pessoas que denunciaram Manson, a “hora certa” de colocar tudo para fora levou um tempo. Isso acontece porque, quanto mais exposta a mulher estiver, maior será o dano psicológico. 

Quando isso acontece, o ato de coragem impulsiona uma onda de apoio e incentivo a outras vítimas. Esse é o motivo pelo qual, após uma denúncia pontual, outras começam a vir à tona.

De acordo com Bez, a reestruturação emocional vai ajudar essa mulher a canalizar o “choque” dos acontecimentos. Apesar do quadro grave e sensação de angústia, a tendência é que o tratamento junto de um especialista em saúde mental ajude a aliviar toda a carga psicológica do trauma.

“O ‘colocar para fora’ contribui para a compreensão do ocorrido e o alívio da culpa. A catarse faz bem à alma”, avalia o psicólogo.

Por fim, a tendência é que seja restabelecida a autoestima, o empoderamento e ainda o orgulho da vítima,  que está superando esse momento tão complicado. “Mesmo que umas levem mais tempo do que outras”, diz Bez.