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Coronavírus / vacina

Quando vai sair a vacina contra a Covid-19? Entenda os avanços no Brasil e quais os próximos passos

Especialista em direito médico explica como ocorre o processo burocrático e se é possível termos imunização ainda em 2020

Naty Falla Publicado em 31/07/2020, às 07h40 - Atualizado às 14h26

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Atualmente, duas vacinas estão sendo testadas no Brasil - Pixabay/whitesession
Atualmente, duas vacinas estão sendo testadas no Brasil - Pixabay/whitesession

Com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a ansiedade para o surgimento de uma vacina só aumenta entre a população. Afinal, só assim será possível voltar à rotina que tínhamos antes com segurança. Aqui no Brasil, inclusive, duas delas estão na 3ª fase de testes: a da Universidade de Oxford (Reino Unido), desenvolvida em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), e outra da China, nomeada CoronaVac, em parceria com o Instituto Butantan. 

Atualmente, esses são os dois produtos mais promissores e avançados do mundo, pois foram aprovadas nas fases anteriores (pré-clínica, fase 1 e fase 2), finalmente chegando na última parte do processo, que é a testagem em massa. Mas será que essa vacina sai logo?

Em entrevista à AnaMariaDigital, a especialista em direito médico MércesdaSilvaNunes explica que a aprovação nos processos anteriores garante que ambas imunizações são seguras, ou seja: não fazem mal ao organismo humano. “Os efeitos colaterais delas foram pequenos, como fadiga e dor de cabeça, sintomas comuns no processo de imunização”, ressalta a especialista.

Após a 3ª fase, que vai comprovar se ela funciona mesmo contra o novo coronavírus, chega o momento do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Isso porque todo medicamento precisa ser registrado, e com a imunização não é diferente. “A Agência fará um processo de flexibilização da vacina, para o processo ser mais rápido, e só depois disso é que poderá ser aplicada”, explica Mérces.

Infelizmente, apesar dos avanços promissores, a especialista em direito médico acredita que o produto não será distribuída até o final de 2020. No entanto, a expectativa é que as vacinações ocorram ainda no primeiro semestre de 2021. Inclusive, o governador do Estado de São Paulo, JoãoDória, concedeu uma entrevista à Rádio Itatiaia, na última segunda-feira (27), afirmando que a expectativa é que ela seja distribuída em massa já em janeiro de 2021.

ORDEM DE PRIORIDADE

Segundo Mérces Nunes, será necessário seguir uma ordem de prioridade quando a vacina começar a ser distribuída, pois não é possível a produção de doses suficientes neste primeiro momento. Também lembra que, por mais que o governo brasileiro tenha efetuado a compra de 100 milhões de doses do Reino Unido, devemos ter em mente que a nossa população é de cerca de 209 milhões de habitantes. “É preciso tempo para produzir as doses necessárias, mas não deixando de imunizar determinados grupos nesse primeiro momento”, diz. 

Para a especialista, funciona mais ou menos como uma estratégia de guerra, quando os soldados são atendidos em 1º lugar. Aqui, a prioridade seriam os profissionais de saúde, que estão na linha de frente contra a Covid-19. Depois, viriam os idosos e, em um 3º momento, as pessoas que têm comorbidades, como diabetes, pressão alta ou alguma outra doença que torna o organismo mais frágil e propenso à infecção do vírus. “Enquanto isso, mais produções são feitas e, futuramente, serem distribuídas para toda a população”, explica a especialista.

QUANTO VAI CUSTAR PARA A POPULAÇÃO? 

A médica ressalta que o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, tem um programa nacional de imunização que é absolutamente gratuito. Com isso, toda a campanha de vacinação deve ser feita por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), cujo acesso é universal e sem custo para todos os brasileiros. 

Contudo, isso não impede que as redes privadas, como laboratório e outras indústrias, também comprem a vacina, seja de outro país ou a que está em território brasileiro. Isso já acontece com a vacina da gripe, por exemplo. Apesar dela ser distribuída de graça pelo governo, a mesma pode ser tomada de forma particular na rede privada.

CORRIDA PELA VACINA

Em 22 de julho deste ano, os Estados Unidos anunciaram a compra de 100% dos lotes das vacinas que estão sendo produzidas pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech. Por conta disso, muitos passaram a se perguntar qual é a interferência que isso causa nos outros países. Antes de mais nada, segundo Mércer, é preciso deixar claro que os testes desta vacina não estão tão avançados quanto os que estão sendo realizado no Brasil. Tanto que eles só entraram para a 3ª fase na última segunda-feira (27). 

“A Organização Mundial da Saúde (OMS) baixou uma resolução dizendo que qualquer país membro que desenvolvesse a vacina, teria que disponibilizá-la para o mundo inteiro. Contudo, o governo americano foi contra essa medida, o que significa que eles vão preservar a patente e ter o privilégio, podendo causar um atraso na comercialização da vacina no resto do mundo”, esclarece a especialista em direito médico. 

Mas calma! Não é porque os EUA compraram as doses dessas indústrias que o resto do mundo ficará à mercê do país. Isso porque os testes das mais de 160 vacinas que ocorrem em todo o mundo continuarão sendo efetuados. “Até podemos chegar no momento em que todas as vacinas aconteçam. O que seria maravilhoso, pois não é preciso ficar dependente de outros países. Quanto mais empresas conseguirem, melhor para todo mundo”, diz. 

SE CUIDE

Por mais que as notícias sejam promissoras, não é hora de deixar os cuidados de lado. Apesar da flexibilização da quarentena em diversos estados brasileiros, é preciso se cuidar e também preservar a saúde do próximo. 

O recomendando é sair de casa apenas se necessário e, quando for, seguir todos os padrões de cuidados que já sabemos: use a máscara corretamente, utilize álcool em gel e mantenha a distância necessária das outras pessoas. O último levantamento aponta que mais de 90 mil pessoas perderam a vida no Brasil para a Covid-19, não é tempo para descuido!