AnaMaria
Busca
Facebook AnaMariaTwitter AnaMariaInstagram AnaMariaYoutube AnaMariaTiktok AnaMariaSpotify AnaMaria
Descomplica / SINTA & LIGA

Autoestime-se: cuidado com a mania quase incontrolável de se atribuir defeitos

A maioria das mulheres tem dificuldade para enxergar beleza em si própria, mas uma capacidade quase infinita de autodepreciação

Wal Reis Publicado em 02/06/2020, às 08h00 - Atualizado em 25/06/2020, às 23h14

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
As pessoas nos enxergam através de nossas próprias lentes, daí a importância de acertar o foco - Banco de Imagem/Pixabay
As pessoas nos enxergam através de nossas próprias lentes, daí a importância de acertar o foco - Banco de Imagem/Pixabay

Não, você não é gorda, nem magra, nem baixa ou alta demais. Não tem nada de errado com seu cabelo e nem com sua pele. A única coisa errada nisso tudo é seu olhar pouco amoroso com você mesma. 

Falta à maioria de nós, mulheres, encarar a autoimagem com mais tolerância, buscando o ângulo preferível e não só para sair bem na foto, mas para se sair bem na vida porque a confiança em si mesmo é o ponto de partida para muitas conquistas e também armadura que ajuda a esquivar de ataques. 

As pessoas nos enxergam através de nossas próprias lentes, daí a importância de acertar o foco. Um exercício e tanto para quem aprendeu a colecionar uma lista de imperfeições como uma espécie de patrimônio torto. 

Pode reparar: estamos sempre prontas a apontar defeitos de fabricação em nossa aparência. Chega a ser cruel essa falta de tolerância com quem somos, esse acabrunhamento que nos empurra para baixo, obrigando a ver os outros – ou outras, no caso – maiores e melhores. 

O problema é que fazemos isso meio sem pensar, numa espécie de piloto automático: se alguém lhe pergunta o que mudaria no seu rosto e corpo, a lista não contém menos do que dois ou três itens. Porém, quando a indagação é sobre os traços admiráveis, a gente se complica e emudece. Temos o péssimo hábito de cultivar a depreciação como se a valorização do próprio patrimônio físico esbarrasse no egocentrismo e, por isso, nunca treinamos o outro lado, vendo com bons olhos aquela estranha que te olha cheia de desconfiança no espelho. 

ESPELHO, ESPELHO MEU
Não é por acaso. É cultural: aprendemos, com a história da Branca de Neve – para citar uma das pequenas lavagens cerebrais sofridas na tenra infância – que quem se autoproclamava bela era a bruxa, a malvada, a assassina de mocinhas doces. Então, nosso espelho mágico foi sendo programado para priorizar desvirtudes, uma vez que enxergar a formosura nos ligaria irremediavelmente ao abominável, à malvadeza. 

Fomos doutrinadas a entender que a beleza deve ser admirada apenas pelos outros e nos outros, sob pena de nos transformarmos nas anti-heroínas da história. Olha que loucura isso! 

Como se, ao valorizarmos quem somos, incorrêssemos num pecado capital, que nos distancia da humildade, quando, na realidade, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Dá para se sentir bonita com aquele vestido cuja cor realça seu melhor e desfilar autoestima por aí. E não se preocupe se a inveja pelo seu empoderamento causar efeitos colaterais: “que metida: ela se acha...”. Porque é isso mesmo: se ache. Para nunca mais se perder de quem você é.

WAL REIS é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br