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Comer bem não deve ser uma tortura!

A relação das crianças com a comida deve ser leve e prazerosa, segundo o pediatra espanhol Carlos González. Ele, que acaba de lançar um livro sobre o assunto, afirma que o melhor que os pais têm a fazer pra lidar com esse desafio é descomplicar!

Ana Bardella Publicado em 22/12/2016, às 16h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Comer bem não deve ser uma tortura! - Shutterstock
Comer bem não deve ser uma tortura! - Shutterstock
Por que ficamos tão preocupados quando nossos filhos não comem direito?
Acredito que nós, médicos, tenhamos uma parcela de culpa nisso. Transmitimos aos pais a ideia de que a criança não sabe o que tem que comer, só o pediatra sabe. No consultório, damos orientações muito específicas, como “ele deve comer frango grelhado às segundas, quartas e sextas às 13 horas”. E, muitas vezes, recomendamos quantidades exageradas, superiores às verdadeiras necessidades deles. Resultado? Temos, ao mesmo tempo, crianças “que não comem” e uma epidemia de obesidade infantil.
Alguns pais ameaçam os filhos com: “Você não vai sair da mesa enquanto não comer tudo” ou “Se não comer, vai ficar de castigo”. O que acha disso?
Esse tipo de ameaça é muito prejudicial! Imagine se alguém fizesse isso com um adulto num restaurante. Nem os soldados do quartel são obrigados a terminar a comida desse jeito! É humilhante e, se de fato ocorrer, coloca em risco até a saúde da criança.
A obesidade infantil é um fator preocupante. Ao mesmo tempo, muitas crianças dizem não gostar de comidas saudáveis, como frutas e verduras. O que fazer?
Os pais devem comprar comidas saudáveis e evitar ter em casa alimentos gordurosos ou ricos em açúcar e que podem prejudicar o organismo das crianças. O ideal é não ter no armário: refrigerantes, biscoitos recheados, doces de qualquer tipo, salgadinhos  tranqueiras em geral. Além disso, é importante deixar os pequenos livres. Jamais insista para que eles comam, muito menos as verduras. Já parou para pensar que nunca insistimos para que eles tomem um sorvete, um refrigerante, peçam batatas fritas na rua... Por que fazer isso com a comida saudável? Esse hábito só faz com que os pequenos as detestem cada vez mais. 
Muitas famílias apelam para o uso de tecnologias pra manter os pequenos entretidos durante a refeição. Qual a sua opinião?
O melhor seria desligar a televisão (e todos os tipos de tela) e comer em família, conversando e desfrutando do momento. Quando era pequeno, meus pais não permitiam que eu comesse enquanto estava lendo. Isso era considerado falta de educação. Por que agora os pais oferecem às crianças refeições enquanto elas assistem a vídeos no celular? É assustador. Mas, é claro, os pais devem dar o exemplo. Nada de checar seus próprios aparelhos enquanto comem.
As crianças devem participar do processo de preparação da comida e ir ao supermercado?
Não é imprescindível, mas se há tempo e possibilidade é muito bom que as famílias promovam esse tipo de atividade. Deixá-las animadas para ajudar na cozinha (e em outras tarefas domésticas) é uma forma de entretê-las ao mesmo tempo em que vamos cumprindo nossas tarefas. O importante é apresentar tudo isso como uma brincadeira e não como uma obrigação. Seja lúdica nesse momento! 
É mesmo importante manter uma rotina na hora das refeições?
A rotina não tem tanta importância assim. Não queremos que as crianças tomem o café da manhã na mesma hora no domingo e na quinta-feira. Quando estamos em casa, é provável que cada um se sente sempre na mesma cadeira e faça as refeições no mesmo prato. Mas se vamos à casa da vovó, desejamos que eles sejam capazes de comer em condições diferentes. Ninguém quer que o filho seja preso a esse tipo de situação. Ele deve ser adaptável. Da mesma maneira, comer em família é importante pra manter os laços, mas, se a rotina não permite isso, deve-se buscar outro momento do dia para estarem juntos. Até porque há muitas famílias que, mesmo se reunindo diariamente, dão muito mais atenção à televisão do que uns aos outros.