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Família/Filhos / Entrevista

Grávida, Thaeme fala do medo de gerar um filho após aborto espontâneo

Ela quer ajudar mães que passaram pelo mesmo problema a não desistirem do sonho de formar uma família

Fabrício Pellegrino Publicado em 25/01/2019, às 15h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Thaeme está curtindo muito essa fase - Reprodução/Instagram
Thaeme está curtindo muito essa fase - Reprodução/Instagram

Thaeme Mariôto está radiante. Grávida de Liz, ela conta para AnaMaria como descobriu a gravidez, seus desejos, principais mudanças no corpo e como superou um aborto espontâneo. Confira!

Como descobriu que estava grávida da Liz?
Estava indo para Curitiba encontrar a minha família, no 27º dia do ciclo, um pouco antes do atraso, mas ansiosa para saber se estava grávida. Inclusive, porque precisaria tomar anticoagulante por eu ter alguns fatores de trombofilia [predisposição à trombose]. Enfim, fiz o teste de farmácia antes de viajar e apareceu uma faixa clarinha. Mandei uma foto para a minha irmã e ela não via nada, mas eu enxergava alguma coisa. 

Já em Curitiba, fiz o teste de novo. Aí o risco estava um pouco mais forte. Mandei para o meu médico e ele confirmou a gravidez. Foi uma felicidade, mas não contei a ninguém. Apenas eu, minha irmã e o médico sabiam. Meu marido estava em Presidente Prudente e queria falar pessoalmente para ele. Como já havia perdido um bebê, minha mãe me pediu para, na próxima gestação, contar para ela só depois de 12 semanas, pois foi um sofrimento muito grande para todos.

Quando revelou para ela?
Pouco antes das 12 semanas. Para as outras pessoas, contei na 17ª semana. Esperei o máximo que pude, pois depois de uma perda a gente fica insegura.

E para o Fabio (marido)?
Contei no aniversário dele. Coloquei o teste de gravidez dentro do presente. Quando ele abriu, levou um susto: “Tá grávida?!” Ele me abraçou, ficou emocionado e logo depois disse para não contarmos a ninguém com medo de acontecer algo novamente. Ficamos felizes, mas a emoção positiva foi dividida com o medo pós-aborto espontâneo. O receio de acontecer outra vez é tão grande, ainda mais nas primeiras semanas, que seguramos a empolgação. Ao longo da semana, esse medo foi diminuindo. Não vou mentir, ele ainda existe, mas reduziu bastante. 

Sentiu algum desejo?
Nas duas gestações, nas primeiras semanas, foi a mesma coisa: vontade de comer macarrão instantâneo e Danoninho. Comi uma vez e já passou. Além disso, sinto vontade do que a pessoa ao meu lado está comendo, independentemente de conhecê-la ou não. Se sento ao lado de alguém no avião e ela come chocolate, bolacha, castanha... morro de vontade. Já peguei comida do prato do meu assessor, do Thiago [parceiro musical], do meu marido, então...

Perdeu a vontade de comer algo que adorava?
Pão de mel. Eu gostava muito, mas ganhei um bolo de pão de mel delicioso nas primeiras semanas, quando estava com muito enjoo, eu comi bastante. Mas hoje não consigo nem pensar no cheiro.

O que é mais gostoso na gravidez?
Sentir o bebê mexendo. Não existe sensação mais incrível. Além de, claro, o quanto a grávida é paparicada. Você tem vários direitos que não tinha antes e isso é maravilhoso. Estou aproveitando!

E o que é mais desconfortável?
Os enjoos! Tive muitos até a 13ª semana. Depois pararam. Porém, voltaram no meio do quinto mês. Se fico três horas sem comer, tenho um enjoo forte. Não posso ficar muito tempo sem me alimentar.

Quais as principais mudanças no seu corpo?
A minha cintura, que sempre foi pequenininha, desapareceu. O meu quadril abriu me deixando com um corpo de mulher. E, claro, a barriga maravilhosa que está crescendo. Esta é a parte que mais amo. Os seios também aumentaram e estou adorando [risos].

E quais as mudanças na rotina?
Não mudou praticamente nada. Faço as mesmas coisas, trabalho da mesma maneira. A única coisa que alterou um pouquinho nas primeiras semanas foi a prática de exercícios físicos, pois tive um pequeno descolamento. O médico me orientou, nesse período, a suspender as atividades físicas, fazer shows e repousar nos outros dias.

Quais pensamentos surgem quando faz uma reflexão sobre a maternidade?
A gratidão a Deus por ele me proporcionar viver esse sonho. Estou aproveitando dia após dia esse momento que recebo como um presente de Deus, o maior sonho da minha vida. Tudo que construí até aqui foi pensando em chegar ao ponto em que estou: casar e ter filhos, formar a minha família. Já estou me tornando um ser humano melhor porque sei que passarei a ser referência para essa criança e, se Deus me permitir, para um outro filho, pois pretendo ter dois.

Qual a principal missão dos pais?
Ser um espelho. Já tenho isso em relação aos fãs, que se baseiam na gente. Mas o filho está no seu dia a dia, é sua cópia, ele vai absorver e entender como certo tudo o que você fizer. A sua responsabilidade e consciência em relação ao mundo precisa se tornar maior do que quando você não tem filhos. Peço a Deus que me prepare para ser a melhor mãe que a Liz e a outra criança que desejo possam ter.

Em que sentido a gravidez a surpreendeu?
Tenho constatado tudo que minhas irmãs e amigas disseram sobre gravidez, então, nada me surpreendeu. Elas me alertaram sobre esse amor desesperado que sentimos por esse ser que está dentro da nossa barriga, por quem você é capaz de dar a própria vida. Eu já estava preparada psicologicamente para as mudanças de corpo, humor e, principalmente, esse amor sufocante.

Está seguindo alguma dieta?
Sou acompanhada pela nutricionista Gabriela Ghedini e o médico Rodrigo Rosa em relação à alimentação e à suplementação de vitaminas de que tenho precisado. Não tomo suplemento pronto para grávidas. Fiz exames e identifiquei do que o meu organismo precisa. Tento seguir ao máximo o cardápio que ela me passou com nutrientes de que o bebê precisa para se desenvolver e para eu ficar bem também.

Tem feito atividade física?
Parei nas 12 primeiras semanas. Aí, quando poderia ter voltado, fiquei com receio por conta dos shows, pois já me exercito nas apresentações e nunca parei com os espetáculos. O médico me autorizou a cantar desde que pegasse leve nos pulos e danças. Com cinco meses e meio voltei a me exercitar, principalmente no pilates e fisioterapia pélvica, enfim, tudo que pode me ajudar a ter o melhor parto possível.

Como será o quartinho dela?
Ainda não comecei a ver, mas já temos algumas referências. Queremos algo provençal, bem princesa... Sempre optei por cores mais neutras. Mas agora, vendo vários quartinhos bem femininos, rosinha, coloridos, tenho ficado apaixonada.

Vocês dois escolheram o nome Liz por algum motivo especial?
Queria um nome simples e curto. Mas o que convenceu o meu marido, que é bem participativo na escolha do nome, foi o significado: Liz vem de flor-de-lis, uma simbologia do lírio, e quer dizer “meu Deus é juramento, meu Deus é abundância”. Achei lindo e o Fabio adorou. Inclusive, foi ele quem escolheu o nome da Yasmim, o bebê que perdemos, que vinha de flor, de jasmim.

Como foi a experiência de compor a música Pedacinho Meu para a Liz?
Escrevi a letra, que era muito maior, rapidamente. Sempre que componho, conto uma história e coloco todo o meu sentimento. Depois, mandei para a Paula Mattos fazer uma melodia linda. Ela conseguiu usar as partes principais do que eu tinha escrito. Ficou maravilhoso. Aí, adaptei para também homenagear a Yasmim quando diz que um anjo ao lado de Deus protegerá a Liz. Pretendo fazer show até próximo de ganhar o bebê. Até agora está indo tudo bem e estou me preparando tanto fisicamente quanto psicologicamente para isso. É um prazer gigantesco estar no palco e tomara que consiga levar numa boa até, pelo menos, o começo de abril.

E quando planeja retornar aos palcos?
Depende de quando ela nascer. Como quero tentar parto normal, ela pode nascer até no início de maio. Mas, no princípio do meu retorno, devo marcar shows mais próximos de São Paulo para eu conseguir ir e voltar. E assim que ela já tiver as vacinas, irá comigo. 

ABORTO

Em maio do ano passado, você perdeu um bebê, o que mais a marcou nessa dolorosa experiência?
Foi a experiência mais dolorosa pela qual passei na minha vida. O que mais me marcou foram os ensinamentos. Deus não deixa cair um fio da nossa cabeça sem um motivo. E se ele me deu essa cruz é porque eu poderia carregá-la. Enxergo assim porque vi a missão e o propósito do porquê isso aconteceu comigo.

E qual foi?
Ajudar muitas mães. Várias delas me procuraram para relatar suas perdas e se solidarizar comigo. Algumas já tinham passado por cinco abortos e se questionavam se Deus queria que fossem mães. Como tinha pesquisado os motivos que poderiam ter ocasionado meu aborto espontâneo, e sou formada na área da saúde, orientei várias delas. Inclusive algumas grávidas com medo de que pudesse acontecer alguma coisa. Eu perguntava se elas tinham pesquisado trombofilia, alguma translocação de gene do marido, doenças autoimunes... E explicava que poderiam descobrir algo e ter várias chances de resolver a questão dos abortos. O problema da maioria era trombofilia.

Você ajudou a popularizar o termo gravidez arcoíris... O que significa?
Quando passei pelo aborto espontâneo, conheci um Instagram chamado ‘Em Busca do Arco-Íris’ e, resumindo, eles me contaram que depois da tempestade sempre vem um dia bem lindo, a esperança, o arco-íris. Esse termo é muito usado nos Estados Unidos para o bebê que vem após
a perda de um filho, o bebê arco-íris. E veio a Liz, o meu bebê arco-íris.

Sobre o parto, o que tem pensado: natural, cesárea...?
Se pudesse escolher, seria normal. Porém, com consciência de que, se precisar, farei cesariana sem problemas. Não estou neurótica com a obrigatoriedade de ser um parto normal. Se ela estiver sentada ou acontecer qualquer outra coisa, sei que precisará ser cesariana. Só não quero ficar em trabalho de parto por muitas horas porque o bebê fica exausto e isso é desnecessário. Vou deixar a Liz escolher, pois qualquer tipo de forma de o bebê vir ao mundo é humanizada, é maravilhosa e será o dia mais feliz da nossa vida. Não tenho
nenhum preconceito quanto a qualquer tipo de parto.

Talvez, se não fosse pela minha ajuda, muitas poderiam perder vários outros bebês. A minha missão foi além de gerar um bebê por nove semanas e passar por toda dor que passei. Eu aguento e aguentei, principalmente, porque pude ajudar muitas mães. Talvez por isso Deus tenha sido tão generoso comigo e me deu a Liz de presente.