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Família/Filhos / Sinta & Liga

Quarentena: como a convivência mostra a vida como (realmente) ela é

É como descobrir a sujeira dos nossos familiares embaixo do tapete

Wal Reis Publicado em 05/05/2020, às 07h40

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A vida estava mais baseada no que acontecia da porta para fora - Banco de Imagem/Pixabay
A vida estava mais baseada no que acontecia da porta para fora - Banco de Imagem/Pixabay

A quarentena devido à pandemia do coronavírus está nos apresentando a uma vida familiar sem filtro. Um grande espelho que faz enxergar o que não necessariamente estamos dispostos a ver. Uma imersão compulsória para dentro da gente e da casa, que pode mostrar como a orquestra interna desafina.

Isso porque é mais fácil ter a família perfeita quando não se fica 24 horas com ela em uma rotina que passa longe de ser de férias. É como descobrir a sujeira embaixo do tapete – que, literalmente, você encontrou depois que começou a colocar a mão na massa e fazer faxina. 

São situações das quais tentamos nos esquivar no dia a dia dos tempos normais, tampando o sol com a peneira, procurando desfocar para não encarar certas verdades, que agora estão gritando com a gente. 

Talvez até desconfiássemos de que havia alguma coisa errada com nossos relacionamentos mais íntimos, aqueles entre marido e mulher, filhos e nossos pais. Mas íamos empurrando com a barriga porque, afinal, não era tão difícil assim coabitar com os outros moradores nas poucas horas entre o despertar e o café da manhã ou entre o jantar e a hora de dormir. 

NÃO TEM PARA ONDE CORRER

Mas agora, acontece uma espécie de intensivão e a tropeçamos na realidade a cada mudança de cômodo, sem chance de sair correndo, ir tomar um cafezinho na esquina ou se refugiar no shopping para espairecer porque, literalmente, não tem para onde correr.

A vida era assim tão diferente, tão cheia de aventuras antes da quarentena? Na verdade, para a maioria de nós, não. O que fazia tudo ser suportável era justamente a não convivência, as relações mais superficiais. Ela estava mais baseada no que acontecia da porta para fora. E a rua, às vezes, nos leva a assumir personagens e motiva uma fuga para longe de nós mesmos e daqueles que deveríamos chamar de pares.

Porque nesse antigamente, de quase dois meses atrás, tinha diferença entre ser e estar: ou éramos ou estávamos. Agora não. Agora somos e estamos no mesmo lugar, sem maquiagem e de pijamas, tentando reconhecer quem são esses estranhos que dividem a pasta de dentes conosco.

WAL REIS é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog: www.walreisemoutraspalavras.com.br