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Vitamina S é bom e elas gostam!

Se você não deixa as crianças brincarem na areia ou se arrastarem pelo chão por medo das doenças, alto lá! Estudos mostram que o contato com a “sujeira” fortalece a imunidade e até aumenta a capacidade de aprendizado

Redação Publicado em 30/05/2016, às 16h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h44

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Vitamina S é bom e elas gostam! - Shutterstock
Vitamina S é bom e elas gostam! - Shutterstock
Quando o assunto é higiene, os pais não titubeiam em manter a criançada sempre limpinha e longe de qualquer porcaria. Afinal, para que correr o risco de contaminação, né? Mas exagerar nesses cuidados também pode atrapalhar. 
Alguns especialistas chamam carinhosamente a sujeira de vitamina S, porque ela pode, sim, enriquecer o desenvolvimento infantil e deixar as crianças longe de doenças, ou mais fortes para enfrentá-las. 
Os micro-organismos espalhados pelos ambientes (vale para o tanque de areia do parquinho, o campo de futebol ou o chão de casa) ajudam no amadurecimento do sistema imunológico. 
O contato sensorial que a criança tem com os elementos envolvidos na “brincadeira suja” estimula os neurônios a fazer novas conexões, o que favorece a inteligência e influencia no aprendizado das emoções e aptidões. 
Por isso, da próxima vez que seu filho quiser pular naquela poça de lama, diga sim e relaxe!


Mais saúde

As células de defesa do nosso organismo precisam de um incentivo para se fortalecer e, assim, aumentar a resistência a infecções, alergias e doenças. “É através do contato com os bichinhos invisíveis, na infância, que o corpo das crianças produzem anticorpos para defendê-las de ameaças futuras”, diz o pediatra Jaime Olbrich Neto (SP).

Aliadas

De acordo com uma pesquisa realizada pela Escola de Medicina da Universidade da Califórnia (EUA), algumas bactérias com as quais temos contato nos primeiros anos de vida, e que acabam se alojando na nossa pele, podem nos ajudar na fase adulta a ficarmos bem longe de uma série de infecções. Os cientistas responsáveis pelo estudo afirmam que esses micróbios tornam o nosso sistema imunológico “menos exigente”, amortecendo respostas como dor, inflamação ou alergia. Só não vale exagerar, né?

Menos inflamações

Outro estudo, feito pela Universidade de Northwestern, também nos EUA, descobriu que quanto maior o contato com agentes infecciosos antes dos 2 anos, menores são os níveis da proteína Creativa (substância que está presente no sangue quando existe uma inflamação ou infecção no organismo),  na fase adulta. E mais: o nascimento na época mais seca e cheia de poeira – que no sudeste do Brasil, por exemplo, é entre maio e agosto, reduz os níveis dessa proteína em 30%.



Mais inteligência

Engatinhar num chão que você não sabe se está desinfetado ou colocar a mão suja de areia na boca apavora muitos pais. Por outro lado, essas atitudes ampliam a percepção de mundo das crianças. Ao explorar o quintal de casa, pegar uma minhoca ou se lambuzar com a comida, por exemplo, o pequeno extravasa a criatividade e fica mais esperto. “Os primeiros dois anos de vida são os mais significativos para o desenvolvimento do cérebro. Metade do crescimento cerebral ocorre nesse período”, enfatiza o pediatra Saul Cypel (SP).


Memória afiada

O bebê já nasce com o cérebro formado na área sensorial (visão, paladar, olfato, tato e audição). Porém as habilidades motoras amplas (como andar) e finas (pegar pequenos objetos) são adquiridas com o crescimento. As brincadeiras, especialmente as que dão liberdade de movimentos, podem potencializar esse desenvolvimento –quanto maior for o estímulo, maior será o número de ligações entre os neurônios e o aumento da capacidade de aprendizado. Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (RS), com crianças de 2 e 4 anos, mostrou que as que têm contato com livros, visitam pessoas ou brincam em parques nos primeiros 720 dias de vida apresentam melhores resultados em testes de memória, inteligência e cognição.


Anticorpos em ação

Nosso organismo sabe o que é dele ou não. Quando invadido por um corpo estranho, o sistema imunológico entra em ação para mandá-lo embora. É o princípio das vacinas: um vírus suavizado é apresentado ao corpo, que mobiliza o sistema imunológico 
pra se defender. Se a bactéria entrar novamente, o anticorpo será produzido rapidinho.


Viva a vitamina S!

“Seus filhos precisam saber que se sujar não é trágico. Repreensão demais transforma-se em emoções negativas.Broncas do tipo ‘não ponha a mão no chão’ ou ‘saia daí que é sujo’, podem levar à insegurança, ao medo e à timidez”,  diz a pediatra Milena de Paulis do Hospital Albert Einstein (SP). Veja o que mais dizem os especialistas:

✔ A prova de que a sujeira “faz bem” é que no hemisfério sul as pessoas apresentam muito menos doenças autoimunes do que no hemisfério norte. Isso porque aqui temos mais contato com sujeiras e bactérias. Portanto, não entre em crise se o seu filho comer um biscoito que caiu no chão.

✔ Deixe o pequeno se lambuzar à vontade durante a refeição. Ok comer com a mão: o contato lúdico faz com que ele se interesse mais pelo alimento. Para a saúde não correr riscos, lave as mãos dele antes das refeições. 

✔ Ter contato com sujeira não significa expor a criança a um local sem saneamento básico. Nunca deixe o seu filho brincar próximo a esgotos ou mexer em fezes e urina de animais.

✔ O bebê fez xixi ou coco na banheira na hora do banho? A urina não tem bactérias – não há problema, continue o banho sem se preocupar. Se a criança evacuar, também não ficará doente com as bactérias e vírus do seu próprio intestino. Mas o recomendado é retirar logo o baixinho da água e dar outro banho.

✔ Ao ver o cachorro lamber o rosto do pequeno, não entre em pânico – limpe a região com lenço umedecido. A boca do animal é contaminada, porém não mais que a humana! 

✔ Nada de drama se ele pisar descalço no vestiário do clube. Depois, é só lavar e secar bem os pés antes de colocar 
a meia e o tênis.

✔ Uma dieta equilibrada, com muitas frutas, verduras, grãos, legumes e carnes, garante que o seu filho se exponha com segurança a um pouquinho de sujeira.