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Famosos / Entrevista

"Cheguei onde queria, mas ainda há vários lugares para estar", diz atriz Giovana Echeverria

Em entrevista exclusiva, Giovana Echeverria fala sobre carreira, feminismo e maternidade solo

Karla Precioso Publicado em 19/03/2022, às 08h00

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Giovana Echeverria deu vida à Lisa em 'Verdades Secretas 2' - Instagram/@gioecheve
Giovana Echeverria deu vida à Lisa em 'Verdades Secretas 2' - Instagram/@gioecheve

Giovana Echeverria atuou na série 'Justiça' e em 'Malhação'. Ela retornou à Globo em 'Verdades Secretas 2', após passagem pela RecordTV, onde atuou em 'Gênesis'. Aos 28 anos, a atriz enxerga com tranquilidade a proximidade dos 30: “Crescer é difícil, mas o amadurecimento é uma delícia. Tenho muito orgulho de quem tenho me tornado. Em alguns aspectos, acho que cheguei aonde queria, mas ainda há vários lugares para estar... O tempo é meu amigo”.

Responsável pela guarda do filho Ben, de 3 anos, ela assume o quão ‘trabalhoso’ é criar o pequeno e ainda dar conta da vida profissional e afazeres domésticos. Porém, graças a uma rede de apoio, tem dado conta do recado lindamente. “Educar é uma responsabilidade imensa e conciliar as próprias necessidades com as da criança não é fácil. No maternar solo, priorizar a si mesma é um desafio gigante”, confessa.

Desafio esse que a artista também vem tirando de letra: “Pare, respire. Praticando ioga, entendi o quanto isso é importante para o nosso equilíbrio. Olhe para si, acolha seus incômodos, não queira eliminá-los. Faz parte do crescimento observar e abraçar a sombra. Isso só acontece quando nos olhamos internamente”. Mãe, mulher, dona de casa… Muitas em uma só. É para inspirar!

Confira a entrevista completa à revista AnaMaria!

Depois de três anos longe da TV, como foi o retorno em 'Gênesis', como a rainha Kíria?
O tempo passa e nem sentimos. Durante esse tempo, muitas coisas aconteceram: fui mãe, trabalhei bastante e também estudei. Com a sua pergunta é que me dei conta de que fiquei três anos longe de novelas. O retorno foi o melhor possível. Estava morrendo de saudade do clima das gravações. Sem contar que foi uma grande válvula de escape nesse momento tenso em que estamos vivendo. Retornar às gravações com todos os cuidados necessários [devido à pandemia] foi fundamental para o meu equilíbrio emocional.

Kíria foi na contramão do movimento feminista, em que mulheres buscam seu lugar, diferente da personagem, que se submetia a muitos caprichos do rei. Qual sua visão sobre esse movimento tão representativo nos dias de hoje?
Eram outros tempos e é interessante e emocionante acompanhar a evolução da mulher. Nos tempos de hoje, impossível não ser feminista. O feminismo é o reconhecimento da batalha pelo nosso espaço. É lindo ver o que estamos nos tornando, porém triste ter que ainda lutar pelo óbvio. Há muita luta pela frente, mas me acalmo com as conquistas. Acho a personagem Kíria frágil, mas isso não anula sua força. Aliás, há muita força em ser e saber ser frágil quando preciso.

Na série 'Justiça', reprisada no Globoplay, você interpretou Vanessa, que teve um vídeo íntimo exposto nas redes sociais. Já passou por algo parecido na vida real?
Vanessa foi uma personagem marcante. Uma história forte e que me acrescentou muito. Na época, conversei com várias pessoas que passaram por essas situações e li bastante sobre o assunto. Fiquei bem chocada e levei como aprendizado cada experiência. Graças a Deus, nunca passei por esse tipo de coisa, mas entendo cada reação de pessoas que tiveram sua intimidade violada.

Em 'Verdades Secretas', você interpretou Lisa. O que acha relevante contar sobre esse trabalho?
Estou sou muito agradecida pela oportunidade. A Lisa é contemporânea, antenada, dona das próprias vontades… Interessante demais esse trabalho.

Para interpretá-la, você mudou radicalmente o visual. Como encarou a mudança?
Como algo positivo. Adoro mudar! E o trabalho na atuação é estar a serviço da história. Vejo meu corpo como instrumento de trabalho, e me entrego de corpo e alma.

Para muitas mulheres, o cabelo é relacionado com sensualidade. Você é apegada às madeixas?
Não me sinto apegada. A sensualidade é um universo de coisas. Pode ser um olhar, bom humor, inteligência, boa conversa. Essa característica vai muito além de um estereótipo, do físico. Vem de dentro, da essência de cada um.

Nos dias de hoje ainda é muito forte a ditadura da beleza. Lida como com esse assunto?
É uma busca insana pelo perfeito. Vivemos em um mundo comparativo, e isso é tão cruel... Cada pessoa tem a sua beleza, mas essa aceitação é uma construção diária. Com as redes sociais cheias de filtros, contendo apenas rostos e corpos perfeitos, é difícil ir na contramão e entender que a “imperfeição” também é beleza. Tento não pirar com isso. Mas gosto de estar bem comigo, me cuidar, física e mentalmente. Me alimento bem, uso filtro solar e pratico exercícios, e não abro mão de cuidar da mente, de meus momentos de meditação.

Maternidade não é algo fácil, solo então, no meio de uma pandemia, potencializa ainda mais o desafio. Conta com alguma rede de apoio para dar conta do recado?
A pandemia potencializou o desafio por diversos fatores. O que eu mais senti foi a questão do reconhecimento social. Acredito no coletivo, aprendemos muito sobre limites e aprovação. Como mãe, me senti absolutamente responsável por estabelecer esses limites e também por ofertar o reconhecimento perante os acertos. Isso dobrou a carga. Educar é a parte mais difícil. Ser mãe solo é de uma responsabilidade que eu jamais tinha experimentado, um exercício de doação permanente. É muitas vezes não se priorizar e ter que refazer as noções da própria identidade. E, sim, muitas vezes, precisar tirar um tempo para se restabelecer, respirar, manter o equilíbrio. Por isso, é muito importante a rede de apoio. Antes da pandemia, a rede era maior. Agora, reduziu bastante, mas sempre conto com velhas e boas amizades. E faço alguns malabarismos para dar conta do recado.

Educar está entre as tarefas mais difíceis na maternidade. Quais são suas maiores preocupações?
Educar requer dedicação, paciência e conhecimento. Tratando-se de um menino, sem dúvida, é desconstruir o machismo na raiz, pois ele me parece estar em todo lugar e de todas as formas. E requer a preocupação também de que ele tenha consciência de que a terra é a nossa casa e que o meio ambiente somos nós. Eu ambiciono que meu filho realmente faça a diferença no mundo nesse sentido. Que haja mais consciência e transformação nessa nova geração.

Como lida com a exposição de figura pública?
Tento levar com leveza e tranquilidade. Hoje em dia, muitas pessoas buscam reconhecimento pelo número de seguidores. As pessoas fazem qualquer coisa para se destacarem nas redes sociais. Uso minhas redes apenas como canais de conexão com meus fãs e divulgação do meu trabalho. Prezo muito pela minha intimidade.

Quais seus cuidados na hora de postar algo nas redes?
Nada de mostrar endereços e localizações. E, principalmente, tudo que envolva meu filho. A internet é terra de ninguém e atingimos lugares e todo tipo de pessoa. É preciso cautela. Outro cuidado é não alimentar essa coisa da vida “perfeita” nas redes sociais. A vida de ninguém é perfeita e prezo muito pela transparência. Estou sempre me vigiando.