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Famosos / Entrevista

Empreendedora, dançarina e atriz: saiba mais sobre Julianne Trevisol, a Nidana de 'Gênesis'

Aos 37 anos, famosa iniciou a carreira como bailarina do 'Domingão do Faustão', e, recentemente, fundou uma esmalteria

Karla Precioso Publicado em 30/10/2021, às 08h00

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Atriz brilha como Nidana em 'Gênesis', mas, durante a carreira, já participou de produções globais - Instagram/@juliannetrevisol
Atriz brilha como Nidana em 'Gênesis', mas, durante a carreira, já participou de produções globais - Instagram/@juliannetrevisol

Julianne Trevisol retornou à RecordTV no papel da vilã Nidana, na novela Gênesis, mas sua trajetória é extensa. Ela, que já foi musa da escola de samba Grande Rio, tem na dança uma paixão desde menina. Aos 15 anos, entrou para o time de bailarina do ‘Domingão do Faustão’ e permaneceu lá por cinco anos. A partir daí o encantamento pela atuação começou a aflorar. Estudou teatro, fez cursos... Em 2006, viveu Olívia, em ‘Floribella’, na Band. No ano seguinte, integrou a trilogia ‘Mutantes’. A experiência com a dança rendeu a ela o posto de protagonista em ‘Vidas em Jogo’, em que interpretou uma bailarina sem-teto. Ainda atuou em ‘Balacobaco’ e na minissérie ‘Milagres de Jesus’, tudo na RecordTV. No cinema, fez o filme ‘Divã’. Em 2015, assinou com a Globo e brilhou em ‘Totalmente Demais’. E vieram as participações em ‘Os Normais’ e ‘Malhação’. Ela é uma camaleoa e plural no cardápio de papéis que desempenha na arte e na vida. Desafios são com ela mesma! Em plena pandemia, sem se abater diante das dificuldades, decidiu empreender e abriu uma esmalteria no Rio de Janeiro, o Atelier Trevisol: “As coisas estão difíceis, mas estudamos até outras frentes. O que incomoda não me acomoda”, fala orgulhosa. Reinventar-se realmente é uma de suas tantas proezas!

Você trabalhou como bailarina do ‘Domingão do Faustão’. Você sentia que havia e ainda há um certo preconceito com a profissão de dançarina?
Hoje não existe mais isso. A luta pela quebra dos ‘pré-conceitos’ tem mais voz e se estende a todos os tipos de rótulos. Mas havia, sim, na época. Estamos falando de 1999, quando entrei no Domingão. Eu tinha apenas 15 anos... Fiquei lá durante cinco anos e paguei minha faculdade de teatro com o salário. Mas, quando comecei a transição de carreira e imagem, encontrei muitos obstáculos. Precisei sair e trabalhar num reposicionamento como atriz, foquei no teatro, estudei muito, fui ter outras experiências como dar aulas, fiz bastante publicidade. Aí, num certo momento, voltei mais preparada para os testes e mais forte para ultrapassar qualquer barreira. Foi quando passei no teste para a novela ‘Floribella’, meu primeiro contrato como atriz na TV.

Aliás, quando e como a dança entrou na sua vida?
Aos 7 anos! Fui criada com a minha prima. Ela ia para a aula de dança e eu ficava assistindo, tentando copiar no cantinho da sala – eu tinha hérnia umbilical e, por isso, não podia dançar. Mas, como tudo que desejei fazer na vida, tive o apoio da minha mãe, que assumiu a responsabilidade e me deixou fazer as aulas. E assim segui por anos. Me formei em balé, jazz e sapateado. Hoje em dia, pratico quase todas as modalidades, inclusive danças de salão e tecido circense.

E o que veio primeiro: o desejo de dançar ou atuar?
Dançar! O teatro começou com as encenações que tínhamos nos palcos dos espetáculos do grupo de dança. E, aos 13 anos, fui fazer o curso do Tablado.

Você fez um ensaio sensual para a revista ‘Mensch’. Como você lida com a nudez?
Com normalidade. Sem exageros e sem tabus. O importante é me sentir bem comigo mesma. Por isso, cuido bastante da saúde, do corpo e da mente.

A pandemia deixou muitas pessoas ansiosas. Como você lidou com a ansiedade no período de quarentena?
Para mim, 2020 foi um convite à reflexão. Tenho total compaixão por esse ano difícil. Está tudo diante dos nossos olhos e estamos aprendendo juntos como seguir adiante. Porém acredito que está passando melhor por ele quem se dispôs a ressignificar a vida, a olhar para o mundo e para as pessoas com outros olhos. Profissionalmente, foi um ano bom para mim. Com a força das mídias sociais e estando no ar em três reprises ao mesmo tempo, não parei de trabalhar. Foi uma delícia rever ‘Totalmente Demais’... Também aproveitei para fazer cursos e aprimorar o conhecimento. Fiz aulas de francês, inglês, dança, ioga, treinos, fono, tudo on-line! Compartilhei conteúdo, cozinhei e comi muito, e também me permiti desencanar de estética, para focar na meditação e em vibrar boas energias, já que tive a oportunidade de passar cinco meses transformadores em meio à natureza. Depois, voltei a gravar ‘Gênesis’ com todos os protocolos e cuidados, e seguimos ainda nos cuidando aqui em casa porque, infelizmente, a pandemia não acabou.

Você inaugurou uma esmalteria recentemente. Fale sobre os desafios de empreender, especialmente num momento difícil como estamos vivendo.
Pois é. E que desafio! A esmalteria inaugurou e, na mesma semana, fechou com a pandemia. Não tivemos tempo nem de capitalizar o negócio para resistir a esse período. Então, foi na raça mesmo. Minha irmã, que é empresária e sócia comigo, reestruturou tudo com os protocolos de segurança e abrimos assim que foi liberado o seguimento de beleza. Temos ciência de que a pandemia não acabou, as coisas estão difíceis, mas seguimos fortificando a marca e já estamos estudando outras frentes de negócio.

Agora, fale como foi interpretar uma vilã, a Nidana, em ‘Gênesis’.
Uma experiência muito rica! Uma personagem forte, retrato de uma sociedade da época em que viveu, articulada, ambiciosa, egoísta, responsável por conflitos essenciais na trama e com uma trajetória de três fases com idades diferentes – essa última fase, com envelhecimento de 17 anos, foi um desafio diferente de tudo que já havia feito na televisão. Eu amo fazer vilã. Eu acredito que ninguém é uma coisa só. Baseada nisso, costumo trabalhar minhas criações de personagem. A verdade acima de tudo. Até quem comete desvios de caráter ou comportamento acredita fielmente ter seus reais motivos para isso. Nidana é dessas! E o delicioso dessa vilã foi também poder trazer humor para ela. O texto me deu esse espaço. Estou muito feliz com o resultado e a resposta positiva do público.


("O delicioso dessa vilã foi também poder trazer humor para ela", conta Julianne, sobre sua personagem em Gênesis, Nidana | Crédito: Record TV)

Novos projetos?
Estamos num momento de muitas incertezas, muitos projetos que caíram, porém outros que estão surgindo. O que vale é ter um olhar mais atento para os novos formatos, para o digital etc. Como exemplo, integro o elenco da peça on-line, ‘Hell Center’, e estou focada em novos planejamentos para o Atelier Trevisol, como já mencionei anteriormente. Na dramaturgia estou em processo de novos testes. Vamos aguardar para ver.

Falando sobre o movimento ‘Me Too’, como você vê o crescimento do feminismo e das denúncias contra o assédio?
O movimento tem um papel muito importante. Ele trouxe à tona a necessidade de dar atenção ao assédio e agressão à mulher. É bom ver o lado positivo da globalização. A arte tem o poder de transformação e levar isso ao palco do cinema mundial foi uma iniciativa maravilhosa. Meio milhão de mulheres enviaram suas respostas nas primeiras 24 horas. Se isso não é desejo de mudança, então, não sei o que é. Criou-se um fundo de arrecadação para mulheres que sofreram abusos e mais de 300 atrizes, escritoras e diretoras se envolveram. E muitas mulheres tomaram coragem de denunciar. Sou a favor de movimentos sérios e que se propõem a mudar toda uma mentalidade, além de conscientizar as pessoas.

Você se considera feminista?
Estamos num momento muito extremista de tudo. Acredito que algumas causas são realmente importantes para que haja a mudança. A valorização da mulher, a liberdade, o direito de escolha, a igualdade de direitos trabalhistas, a união feminina como força potente de transformação. Isso tudo é mais que necessário e urgente. Mas acho também que as pessoas levantam vários questionamentos sem se aprofundar. Tem gente que mais quer ibope do que transformar de fato alguma coisa. É claro que sou a favor do feminismo, porém procuro avaliar cada caso e me informar, ouvir opiniões e diversos pontos de vista antes de me apropriar de algum título. Algumas atitudes feministas me representam, outras não.

Você está com 37 anos. Teve alguma neura com os passar dos anos? 
Não tive crise dos 30 porque sempre aparentei ter menos idade. Mas, nos últimos dois anos, mudei muito. Não acho que tive neuras, porém começaram a despertar desejos mais maduros em relação à carreira, como abrir novas possibilidades de trabalho, empreender… Com relação à vida pessoal, veio o desejo de formar uma família, a consciência de que meus pais já têm mais idade, então preciso dar mais atenção a eles. E uma maior consciência com relação aos cuidados com a saúde e o bem-estar. Entendo que preciso manter o equilíbrio da mente e me entender como espírito em constante evolução.

Um sonho? E uma frustração?
Além de me realizar profissionalmente e poder viver da arte, sonho em estudar gastronomia e morar na França um tempo para aprimorar a língua francesa.
Frustração? Acho que não ter me dedicado ao inglês quando criança. Não domino a língua como gostaria, mas estou correndo atrás. Repito: não sou de me acomodar com o que incomoda.