Listamos possíveis motivos que explicam o sucesso de 'Avenida Brasil'
Milena Garcia, repórter da AnaMaria Digital Publicado em 26/03/2022, às 06h00
A novela ‘Avenida Brasil’ completa 10 anos de seu lançamento neste sábado, 26 de março. Escrita por João Emanuel Carneiro, é considerada por críticos e telespectadores como uma das maiores produções da década.
O sucesso estrondoso se reflete em números: ‘Avenida Brasil’ foi licenciada em 150 países e dublada em 19 idiomas. A revista Forbes ainda elegeu a trama como a terceira com maior êxito de todos os tempos em termos de rentabilidade.
Seu último capítulo, inclusive, chegou a paralisar grandes cidades brasileiras. Até a ex-presidenta Dilma Rousseff teria cancelado compromissos para não perder o final da história. Devido à audiência, o Operador Nacional do Sistema Eletrônico no Brasil (ONS) previu um apagão de energia no país em vista à sobrecarga do sistema.
Passados exatamente 10 anos, não é difícil encontrar telespectadores saudosos, que sempre fazem referências aos personagens inesquecíveis e resgatam os memes divertidíssimos da época. A pergunta que fica é: por que ‘Avenida Brasil’ faz tanto sucesso até hoje?
O elenco de peso de ‘Avenida Brasil’ já indicava que a novela tinha tudo para bombar. Na prática, isso não foi diferente. As atuações de Adriana Esteves (Carminha) e Débora Falabella (Nina) foram alvo de diversos elogios e renderam vitórias e indicações em cerimônias como ‘Troféu Melhores do Ano’ e ‘Prêmio Contigo! de TV’ às atrizes.
Murilo Benício (Tufão), Cauã Reymond (Jorginho) também se destacaram no elenco masculino. Quem também roubou atenção foram os coadjuvantes: José de Abreu (Nilo) e Vera Holtz (Lucinda), Isis Valverde (Suelen), Cacau Protásio (Zezé), Marcos Caruso (Leleco), entre outros - que entregaram tudo em suas atuações.
Outros destaques marcaram presença no elenco infantil, como Mel Maia (Rita, eleita a vários prêmios revelação na época) e Ana Karolina Lannes (Ágata).
Tantos atores incríveis não teriam espaço para brilhar na trama se não fossem os personagens de João Emanuel Carneiro. Dividido em núcleos familiares, o casting equilibrava comédia e drama - de maneira a provocar identificação e empatia nos telespectadores.
A começar pela protagonista forte e pela vilã carismática, era impossível quem não se envolvesse na trama da Nina e Carminha. As confusões da família de Tufão e seus agregados eram um entretenimento à parte e despertavam boas risadas no público.
Enquanto isso, o núcleo do Lixão, que incluía Lucinda e Nilo, estava sempre pronto para comover os brasileiros e promover reflexões sobre as desigualdades sociais.
As domésticas Zezé e Janaína conquistaram cada vez mais espaço devido ao carisma (e como esquecer o ‘eu quero ver tu me chamar de amendoim’, né?). Da mesma forma, aconteceu com o triângulo amoroso entre Suellen, Roni e Leandro.
O enredo de ‘Avenida Brasil’ é outro dos motivos que leva a novela a fazer tanto sucesso até hoje. O público chegava a suar frio diante das reviravoltas entre os personagens principais da trama.
No início, todos torciam para que Carminha se desse mal e pagasse pelos seus crimes - o que aconteceu quando Nina se infiltrou na casa da megera como empregada e colocou sua vingança em prática.
Acontece que a ‘mocinha’ pegou tão pesado que começou a ter atitudes de ‘vilã’ em nome do que considerava justiça. Ao ver Carminha no fundo do poço, o público vibrou para que ela conseguisse dar a volta por cima - protagonizando mais uma reviravolta no enredo.
Esse jogo de ‘gato e rato’ entre elas fez com que os telespectadores cada hora torcessem para um dos lados e estivessem sempre preparados para novos ‘plot twists’. No final, nenhuma das duas saiu vitoriosa da disputa por poder, porém, isso rendeu momentos eletrizantes.
Não há como falar em ‘Avenida Brasil’ sem relembrar os memes criados na época da novela. Por si só, o momento já era propício para que as piadinhas rápidas viralizassem na web. Isso porque o Twitter estava crescendo cada vez mais e a novela ocupava os Trending Topics diariamente.
Nesse contexto, memes como os bordões icônicos de Carminha e ‘congelamento’ no final dos capítulos viralizaram com rapidez. Quem aí não fez a sua própria montagem com a foto preto e branco e as luzes da cidade ao fundo?
O último motivo, e talvez o mais importante dessa lista, é a identificação. ‘Avenida Brasil’ quebrou o antigo padrão de retratar apenas personagens ricos nas novelas das nove ao apresentar os humildes moradores do bairro Divino ao público.
O protagonismo saiu das mãos da classe A, alocada na Zona Sul do Rio de Janeiro, e chegou às classes B e C, antes ilustrados apenas como coadjuvantes – representando as lutas e a simplicidade do subúrbio carioca.
Apesar de fictício, o Divino poderia ter suas histórias, confusões e trejeitos comparados a qualquer outra periferia brasileira. Foi assim que o público passou a se enxergar na telinha, se sentido parte daquelas histórias.
Para completar, essa mudança foi de encontro ao momento econômico do país. O Brasil atravessava uma fase com ascensão das classes mais baixas e aumento do poder de consumo, o que escancarou ainda mais a importância de ter essa parcela da população representada no entretenimento. Histórico, né?
