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''Achei que era uma afta'', diz neta de Tarsila do Amaral sobre câncer na língua

Neta da pintora Tarsila do Amaral fala sobre câncer: ‘’Achei que era afta’’

Bruna Calazans Publicado em 25/07/2019, às 15h37 - Atualizado em 18/08/2019, às 10h56

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Tarsila do Amaral fala sobre descoberta de um câncer - Divulgação
Tarsila do Amaral fala sobre descoberta de um câncer - Divulgação

A produtora cultural Tarsila do Amaral, homônima e neta da famosa pintora brasileira, nunca havia ouvido falar de câncer na língua até se deparar com o seu próprio diagnóstico, em 2013.

Na época, ela estava com 47 anos e sentiu algo estranho na região da boca. “Achei que era uma afta, nada demais. Exatamente por isso, a minha vida seguiu normalmente durante as festas no fim daquele ano”, conta.

Passadas algumas semanas, ao perceber que a ferida nunca melhorava, ela procurou o dentista e ficou surpresa ao ser encaminhada para um especialista em cirurgias de cabeça e pescoço. O que parecia ser apenas uma afta foi diagnosticado como um câncer.

A doença, também conhecida como CCP (Câncer de Cabeça e Pescoço), é a mesma que obrigou o jornalista José Roberto Burnier, responsável pelo programa Em Ponto, da Globo News, a se afastar da emissora. 

DIAGNÓSTICO TARDIO 
Em países em desenvolvimento, o problema afeta cerca de 700 mil pessoas e causa 400 mil mortes por ano. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), as taxas são especialmente altas e a enfermidade já representa o segundo tipo de tumor mais frequente entre os homens, perdendo apenas para o de próstata.

Quando detectado precocemente, a probabilidade de cura do CCP pode chegar a 90%. No entanto, um levantamento realizado pelo ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) revelou que seis em cada dez dos pacientes com a enfermidade atendidos na instituição são diagnosticados em estádio avançado da doença, o que diminuiu as chances de cura para 40%. 

A situação é tão alarmante que foi criada a Campanha Julho Verde, em que o mês inteiro é dedicado à conscientização da doença. 

CASO RARO 
No caso de Tarsila, a demora de algumas semanas até o diagnóstico impactou o tratamento, pois levou a uma metástase da doença para a garganta. 

De acordo com Marco Aurélio Kulcsar, chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Icesp, isso pode acontecer em cerca 30% dos casos de câncer de cabeça e pescoço, principalmente na região da garganta e amígdalas. 

“Para evitar, é importante realizar o procedimento cirúrgico e tratamentos como quimio e radioterapia o quanto antes”, ressalta.

Apesar do susto, a produtora cultural conseguiu se recuperar do câncer e hoje vive uma vida saudável. No entanto, guarda sequelas: perdeu alguns dentes, os seus ossos estão mais frágeis e sua salivação é baixa. Além disso, não pode comer alguns tipos de alimentos, como pimenta, limão e temperos ácidos. Também não pode mais tomar bebidas alcoólicas.

FATORES DE RISCO 
O câncer de cabeça e pescoço pode ser causado por diversos fatores. Entre os principais, estão o abuso de cigarros, bebidas alcoólicas e uma má higiene bucal. O caso de Tarsila, por outro lado, foi uma exceção. 

Ela sempre manteve uma vida saudável, com boa alimentação e prática de exercícios físicos diários. O caso é menos frequente, mas pode acontecer. "Podemos dizer que o câncer é uma espécie de falha nas nossas defesas”, explica Kulcsar. "Seria uma baixa na imunidade que todos nós estamos sujeitos."

Para identificar a doença, é importante ficar atento aos sinais do corpo. No caso de Tarsila, o surgimento de uma afta foi o indício de algo não estava bem. Burnier também percebeu algo errado na própria língua, e deve ficar em tratamento pelos próximos três meses. 

Outros aspectos também devem chamar a atenção, como rouquidão e feridas na boca. Nódulos na região do pescoço, orelha e clavícula, que não somem no período de 16 dias, também precisam ser investigados. 

“O mais importante é não deixar que essas feridas crescerem, pois isso pode dificultar o processo de cura da doença”, ressalta o médico.