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Bolsonaro insiste em tratamento precoce na ONU e mente sobre Amazônia

Em discurso de 12 minutos na Assembleia-Geral, ele ainda chamou imprensa de mentirosa

Da Redação Publicado em 21/09/2021, às 12h23 - Atualizado em 24/09/2021, às 10h19

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Jair Bolsonaro em discurso na ONU. - TV Brasil
Jair Bolsonaro em discurso na ONU. - TV Brasil

Jair Bolsonaro (sem partido) fez um discurso de cerca de 12 minutos na abertura da 76ª Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York (EUA), nesta terça-feira (21). Em sua fala, o atual presidente da República chamou a imprensa de "mentirosa", passou informações falsas sobre o combate ao desmatamento na Amazônia pelo seu governo e insistiu em práticas que já se mostraram erradas na pandemia, como apoiar o suposto tratamento precoce.

"Venho aqui mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões. O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019. Estamos há 2 anos e 8 meses sem qualquer caso concreto de corrupção", começou o presidente, primeiro chefe de Estado a falar. Bolsonaro ignorou, porém, investigações como as da CPI da Covid, que apura denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a doença.

SITUAÇÃO FINANCEIRA POSITIVA
Bolsonaro voltou seu discurso ao investimento internacional. Além de desconsiderar as denúncias que envolvem casos de corrupção do seu governo na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, ele procurou passar uma imagem positiva da situação financeira do país.

"Até aqui, foram contratados US$100 bilhões de novos investimentos e arrecadados US$ 23bilhões em outorgas. Na área de infraestrutura, leiloamos, para a iniciativa privada, 34 aeroportos e 29 terminais portuários", afirmou.

"O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a seu povo", disse Bolsonaro, que considera este ponto "uma base sólida" para um país que estava "à beira do socialismo" —embora o Brasil nunca tenha passado por isso.

INSISTINDO NOS ERROS
Bolsonaro ainda falou sobre o combate à pandemia, voltando a criticar o lockdown, medida já comprovada pela ciência, e a defender o tratamento precoce, uma solução não recomendada internacionalmente.

Segundo Bolsonaro, "as medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo". O que foi comprovado é que as medidas de isolamento social funcionaram em todos os lugares que a implementaram corretamente, ajudando a diminuir o ritmo de casos e aumento mortes.

"Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial", afirmou Bolsonaro sobre a cloroquina e ivermectina. Apesar de defendido por Bolsonaro durante toda a pandemia, já é consenso internacional que os medicamentos não só não têm eficácia como podem ser prejudiciais aos pacientes.

AMAZÔNIA
Ele declarou que houve uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto na Amazônia, quando comparado a agosto do ano anterior, entre janeiro e agosto de 2021, o desmatamento foi de 6.026 km², de fato reduzido 32% em relação ao mesmo período no ano anterior, de acordo com o UOL. No entanto, o dado foi apresentado sem contexto, já que o valor é quase o dobro do registrado entre janeiro e agosto de 2018, antes do início do governo Bolsonaro, de 3.336 km².

Durante o discurso, Bolsonaro omitiu que entre agosto de 2019 e julho de 2020 a exploração de madeira na Amazônia foi quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Ao menos 11% da exploração ocorreu em áreas protegidas.