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Conselho de amiga: a miopia do amor à primeira vista

Amar exige conhecimento de causa. Detectar nas entrelinhas as miudezas que provocam admiração

Da Redação Publicado em 13/07/2019, às 09h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h47

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Necessita de tempo para correr uma meia maratona juntos - Banco de Imagem/Getty Images
Necessita de tempo para correr uma meia maratona juntos - Banco de Imagem/Getty Images

Não. Ninguém ama à primeira vista. Não mesmo! À primeira vista você repara nos sapatos, no sorriso, na bunda. Nota se a pessoa come de boca aberta, se palita os dentes ou se chama o garçom por “psiu”. 

À primeira vista, descobrimos Simone & Simaria na playlist, se os verbos são conjugados corretamente ou se ali está um motorista que dirige pelo acostamento. Talvez seja possível odiar à primeira vista, isso sim. 

Amar exige muito conhecimento de causa. Detectar nas entrelinhas as miudezas que provocam admiração. Só com um mínimo de convivência a gente encontra o amor. Notamos gestos de gentileza apenas evidentes quando o outro não sabe que está sendo observado. 

Quando baixa a guarda, o personagem sai de cena e o ator mostra quem é na vida real. Vamos percebendo amor quando a pessoa nos ouve olhando nos olhos. Ri das mesmas piadas tontas que nos fazem rir também. Usa o guarda-chuva arqueado em nossa direção.

Prefere ir a pé para ficar mais tempo junto. E aí, sim, quando cai a ficha de que você faria o mesmo, olhando no fundo da trilha, o amor está se avizinhando. 

À primeira vista não dá para saber se vão encaixar dormindo de conchinha, se ele gosta de comida agridoce ou trocaria uma viagem exótica para o Marrocos para passar o Réveillon em uma praia lotada do litoral paulista, abusando da pieguice e pulando sete ondas de mãos dadas.

Difícil amar à primeira vista: necessita de tempo para correr uma meia maratona juntos, nem que seja para carregar o desfibrilador. É necessário passar, pelo menos, um inverno para dividir a manta pequena no sofá desconfortável e entender que a prioridade não é mais o seu frio. 

Quando a gente já coleciona o gestual do outro de memória, passa a falar em linguagem tatibitate e abre primeiro a mensagem da pessoa em detrimento do WhatsApp do chefe e até da mãe, aí, sim, você entende que o amor, bem-nascido como é, não faz como os parentes do interior, que chegam e depois avisam. 

Ele espera você olhá-lo nos olhos e reconhecê-lo para depois então se instalar como se a casa sempre tivesse sido dele. É exatamente assim que acontece...

WAL REIS é jornalista e profissional de comunicação corporativa. Escreve sobre comportamento e coisas da vida: www.walreisemoutraspalavras.com.br/blog/