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Dia dos Pais: conheça histórias inspiradoras daqueles que mudam a vida pelos filhos

A paternidade deles veio com a missão de ajudar seus filhos mais do que especiais

Reportagem: Helena Gomes / Edição Vivian Ortiz Publicado em 09/08/2020, às 08h00

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Conheça Carlos, Henri, Reynaldo e Silvio - Acervo Pessoal
Conheça Carlos, Henri, Reynaldo e Silvio - Acervo Pessoal

Ser um pai de fato não é para qualquer um, mas fazer a diferença na vida de um filho é apenas para pessoas singulares. Este é exatamente o caso de nossos personagens: Carlos Henrique Conti, Henri Zylberstajn, Reynaldo Roel e Silvio Vilas Boas.

Apesar de nomes e histórias completamente diferentes, eles têm uma coisa em comum: são a grande inspiração para seus filhos especiais e sabem que podem fazer a diferença na vida deles. 

Neste domingo (9), Dia dos Pais, AnaMaria Digital decidiu homenageá-los, compartilhando suas histórias de vida para inspirar você, nosso querido leitor. Confira!

GUILHERME E CARLOS: “UM HOMEM DE MUITA RESPONSABILIDADE”

Foto: Acervo Pessoal

Guilherme, o primeiro filho do casal Silvia Helena e Carlos Henrique Conti, nasceu em 1993. Dois anos depois, após contrair meningite bacteriana, uma tia percebeu que o menino não ouvia mais nada. Ao buscar ajuda, a família descobriu que ele estava com surdez bilateral, nos dois ouvidos, causada pela própria meningite. “Nós falávamos: ‘Como, Deus? O senhor me deu ele perfeito, agora ele ficou surdo. Eu não sei falar com ele’”, conta o pai.

Independentemente de não terem parentes e conhecidos com a mesma deficiência, Silvia e Carlos foram atrás de uma escola de libras, localizada na cidade vizinha. “Onde morávamos não tinha como ele estudar na época, por falta de intérprete. A sorte foi termos conhecido mais algumas mães e conseguido uma perua para levar as crianças. Foi lá que ele aprendeu a se comunicar e tudo o mais”, conta.

O garotinho cresceu e hoje, aos 27 anos, abraçou a profissão de barbeiro e se casou com Elays Custodio, que também é surda. Além disso, Guilherme tem uma filha ouvinte, de um antigo relacionamento, chamada Sofia, que tem 7 anos e já sabe falar na língua do pai e da madrasta. 

Quando os três decidiram ir morar juntos, deixaram Carlos Henrique e a família bastante preocupados. “Querendo ou não, os dois não ouvem e, se estão aqui, a gente sempre está atrás. Ao mesmo tempo, fiquei feliz, porque meu filho queria ter a vida e a casa dele, então isso nos deixa muito satisfeitos”, confessa.

O primogênito reconhece que o fato de ser surdo dificulta na hora de morar sozinho, mas diz que gosta e ressalta ter sempre os pais por perto. Carlos Henrique, por sua vez, sente muito orgulho ao vê-lo vivendo essa experiência. “Estou muito feliz, porque é um homem de muita responsabilidade, então só temos a agradecer”, fala, abrindo o coração.

Apesar dos impasses, nos momentos de felicidade, que são muitos, Guilherme adora passar o tempo com a filha jogando bola e se divertindo em partidas de videogame. Já com o pai, de quem é bastante amigo, prefere sair e passar o tempo conversando e pescando. Para este Dia dos Pais, a ideia de Carlos Henrique é reunir a família em um almoço para celebrar o amor.

HENRI E PEDRO: “ENXERGUEI O CAMINHO DA DIVERSIDADE”

Foto: Acervo Pessoal

Vindos de famílias numerosas, o casal Henri e Marina Zylberstajn tinham o sonho de ter três crianças. Pais de Felipe e Carolina, ambos ficaram bem felizes quando descobriram a terceira gravidez. Por ter chegado ao mundo adiantado, com 36 semanas, Pedro acabou sendo internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No dia seguinte, uma obstetra comentou com os pais sua desconfiança de que o bebê tivesse Síndrome de Down.

“Eu lembro, como se fosse hoje, da sensação quente que me veio no peito quando a médica falou isso. Por falta de informação e contato prévio com o tema, achei que era uma coisa ruim. Questionei muito Deus o motivo dele ter me mandado um filho assim, se eu me considero uma pessoa boa. De forma muito sincera, foi como me senti naquela fase”, conta Henri.

Durante os 21 dias de hospitalização do bebê, o casal lembra ter recebido bastante acolhimento, a ponto de começar a enxergar a situação por outra perspectiva. O pai, então, passou seis meses estudando o assunto. Além de ler livros e ver filmes, participou de cursos, palestras e conversou com médicos e especialistas. Para se inserir ainda mais no contexto, aproximou-se da antiga APAE de São Paulo, atual Instituto Jô Clemente.

Levando em conta o que aprendeu durante o período sabático, sua experiência e a maneira como amigos e parentes abordavam o assunto, a família decidiu criar um perfil no Instagram para dividir um pouco de seu conhecimento e tentar derrubar a barreira do preconceito. No entanto, algo que era para ser apenas para os próximos, tomou uma proporção maior e se transformou na ONG ‘Serendipidade’.

A conta na rede social cresceu, atingindo 160 mil seguidores, assim como Pedro, que ganhou o apelido Pepo. Atualmente com dois anos, ele tem acompanhamento com diversos profissionais, entre eles: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e natação. Além disso, ele está bem perto de andar, já fala sua própria língua e usa símbolos para se expressar.

Com o passar do tempo, Henri, hoje com 40 anos, afirma ter se tornado uma versão melhorada do que era no passado, mas diz que continua em profunda transformação, como se define. “Eu sou judeu, e a religião diz que cada filho traz uma benção para a família quando chega. A do Pedro foi nos fazer enxergar o mundo através de outras perspectivas, nos unindo ainda mais”, confessa. “Ele veio abrir uma porta que estava fechada para mim, mas quando abriu enxerguei o caminho da diversidade, pluralidade, respeito às individualidades e às liberdades”, exclama.

Para celebrar o presente, momento que tem dado mais valor, Henri, Marina, Nina, Lipe e Pepo irão se reunir com a família e farão um almoço no Dia dos Pais. “Sem grandes comemorações, sem grandes coisas, com presentes feitos por eles. Será nesse contexto gostoso, que faz sentido, da gente aproveitar mais os momentos familiares”, detalha.

YASSER E REYNALDO: “O QUE NOS MOTIVA A VIVER”
O grande sonho do casal Reynaldo e Claudete Elias era ter um filho. Quando o bebê finalmente nasceu, veio a notícia de que ele tinha o Transtorno do Espectro Autista. “Me senti um pouco triste e comecei um questionamento com a minha mulher. Nos perguntávamos: ‘Onde e o que nós erramos?’”, relembra o pai.

Apesar do sentimento ruim, ele conta que ambos decidiram erguer a cabeça, aceitar a realidade e se propuseram a viver para ajudar o menino, que ganhou o nome de Yasser. Desde então, a rotina deles mudou completamente. “Exige muita dedicação, tanto de mim, como da minha esposa. Nossa vida ficou totalmente voltada à educação, orientação e instrução do nosso filho”, conta.

Yasser atualmente tem 37 anos e trabalha em diversas áreas, entre elas: auxiliar administrativo, técnico de processamento de dados, web designer, operador de computador, violinista e digitador. Ainda que tenha presenciado muitas dificuldades, o herdeiro enche os responsáveis de orgulho com cada objetivo alcançado. “Aprendi a me superar no dia a dia. Desde criança, os meus pais me ajudaram a lidar com a minha deficiência intelectual leve”, conta.

Os dias atuais são regados de amor e carinho. Atualmente, a dupla é muito amiga e adora passar o tempo livre na própria companhia. As jogadas de pingue-pongue, caminhadas, idas à praia e à estâncias hidrominerais estão sempre na lista de atividades prediletas para fazer e destinos favoritos.

Reynaldo, de 68 anos, que antes era uma pessoa muito sensível em relação aos problemas sociais, diz ter se tornado ainda mais humano. “Ele é que nos motiva a viver e amar a vida, e estaremos ajudando-o até que estejamos neste plano existencial”, relata.

Para o futuro, o jovem tem diversos planos, mas os que lhe vêm à cabeça de imediato são o crescimento no âmbito profissional e o relacionamento, que já sabe até como quer que aconteça. “Quero conseguir uma namorada da minha igreja, Congregação Cristã, no Brasil, e me casar”, projeta.

Por conta da pandemia, causada pelo novo Coronavírus, Yasser, Reynaldo e Claudete estão se preparando para fazer o que chamaram de almoço diferenciado para celebrar cada conquista no Dia dos Pais.

SILVIO E MARIANA: “É UMA ALEGRIA MUITO GRANDE”

Foto: Acervo Pessoal

Rita e Silvio Vilas Boas já tinham o filho, Mateus, quando ficaram ‘grávidos’ pela segunda vez. No meio do processo, acabaram descobrindo que esperavam gêmeos. Mas no 6º mês da gestação, Rita sofreu uma complicação e precisou ser internada, perdendo um dos bebês. 

Por conta disso, e para não correr nenhum risco, foi preciso antecipar o parto da filha, que ganhou o nome de Mariana. De tão pequena, o pai lembra que “cabia na palma da mão”. O tempo passou, mas quando a garotinha tinha um ano e alguns meses, Silvio e Rita notaram detalhes inesperados. 

“Ela não engatinhava, não conseguia ficar sentada sozinha, caía para os lados, então tinha que colocar algumas almofadas como apoio”, relata o promotor de vendas. Ao consultar o médico, eles foram orientados a procurar um fisioterapeuta, por conta de um suposto atraso no desenvolvimento.

O tempo passou e nenhuma melhora aconteceu. Os pais, porém, só foram entender o que estava se passando após uma consulta com uma fisiatra substituta, quando a principal não pode atendê-la. “Ela viu a minha filha, começou a mexer e falou: ‘Quanto tempo faz que vocês já sabem que a Mariana tem paralisia cerebral?’”, conta Silvio.

“A palavra é muito forte, ainda mais pra gente que não conhecia. Já imaginei uma pessoa que não anda, não fala, totalmente imóvel. E pra gente foi um susto. Minha esposa ficou muito abalada”, lembra. No entanto, uma notícia veio para acalmar. A profissional explicou que, aparentemente, não era um grau tão grande de paralisia, e que o ideal seria procurar um tratamento na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente).

Mariana, hoje com 12 anos, afirma que a lição mais valiosa que o pai lhe deu foi a persistência. “Sempre que eu não conseguia alguma coisa, ele me incentivava e isso é uma das coisas que mais sinto orgulho dele”, expressa. Já Silvio, de 38 anos, destaca que a filha o ajudou a dar valor e ver a felicidade nas pequenas coisas. 

“Vê-la, de um tempo para cá, tomando banho sozinha é uma alegria muito grande, mas é algo que passa despercebido para a maioria das pessoas”, opina. Todavia, a mudança não foi apenas sentimental, pois a vida da família precisou passar por adaptações: as escadas viraram rampas, o carro foi adaptado para a cadeira de rodas, e os passeios e viagens agora são sempre para lugares acessíveis.

E, caso Rita e Silvio tenham folga, a comemoração será celebrada de maneira simples, mas especial, com o bom e velho almoço em família.