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Entrevista com Miriam Freeland

“Como a Raabe, também tenho muita fé”

Ana Bardella Publicado em 09/03/2017, às 11h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Entrevista com Miriam Freeland - Michel Angelo
Entrevista com Miriam Freeland - Michel Angelo
Em Os Dez Mandamentos, sob o comando de Josué (Sidney Sampaio), foram muitas as batalhas enfrentadas pelo povo hebreu – mas não só eles. Interpretada por Miriam Freeland, a personagem Raabe, prostituta de Jericó, contraria sua origem pagã e descobre uma fé imensa pelo Deus daqueles que deveriam ser seus inimigos. Arrependida de seus pecados, ela é poupada da matança em suas terras e se  junta à tribo de Judá. Lá, enfrenta os preconceitos pelo seu passado até se casar com Salmon (Rafael Sardão). Longe das telas, Miriam Freeland, de 38 anos, é casada com Roberto Bomtempo, que também estava no elenco de A Terra Prometida, como o rei Kamir. Miguel, de 5 anos, é fruto da união entre os dois. A atriz também é mãe de Maria Helena, de 17 anos. E ela conta para AnaMaria como foi participar da trama:


De onde buscou inspiração para viver a personagem?
Nunca tinha participado de uma produção bíblica, nem de uma narrativa tão histórica assim. Então dei uma olhada nas séries de referência que a equipe nos passou, como Game of Thrones e Vikings, com todos aqueles castelos e muralhas... Busquei entender a importância da Raabe na Bíblia, é claro. E também li sobre o universo da prostituição. A intenção da novela nunca foi dar um hiper-realismo sobre a vida das prostitutas. Mesmo assim, fui atrás desse material para ter uma referência.


A Raabe já passou por maus bocados...
Sim! A mulher naquela sociedade já era absolutamente nada, os homens predominavam. Imagina as prostitutas? Estavam na ralé da ralé. A Raabe estava à margem, era muito malvista.


Você enxerga resquícios desses preconceitos ainda hoje?
A violência contra a mulher é sutil, mas sabemos que ela existe. A novela abre espaço para algumas discussões nesse sentido. O Renato [Modesto, autor da trama] tentou emancipar um pouco as figuras femininas na história. Por exemplo, com a personagem da Kalesi [Juliana Silveira], que é ficcional, ou seja, não está originalmente na Bíblia. Ela era uma devoradora de homens! Mulheres muito fortes estiveram presentes nos capítulos.


E como foi interpretar uma personagem da Bíblia?
Um desafio! Lembro que nas primeiras semanas eu, que nunca tive dificuldade para decorar os textos, errei muitas falas. Ficava
perdida ao dizer “Deus dos hebreus”, “Deus deles”, “Jericó”, “Rio Jordão”, “Mar Vermelho”... Não tinha propriedade. E não dá pra improvisar, né? Uma das recomendações era de que nós falássemos o que estava escrito no texto. Depois é natural, aquilo vai
entrando... Mas não foi fácil, não!


Ela é uma mulher de fé. Você segue alguma religião?
Sigo o budismo japonês e entendo bem a fé da Raabe, porque também tenho a minha e a coloco em prática todos os dias. Tenho um ritual de manhã e à noite. Então quando o assunto é fé, benevolência, olhar o outro com a dignidade que todo ser humano tem que ter... Eu entendo tudo. A Raabe está pertinho de mim.


A caracterização para entrar no papel é intensa...
Deixei meu cabelo crescer, mas pedi que não fizessem babyliss. Queria ele mais natural, então fazia no difusor e nem demorava muito para arrumar.


E no dia a dia, você se considera vaidosa?
Eu cuido normal... Pra mim, o mais difícil é isso aqui [Miriam aponta para outras atrizes tirando fotos na entrevista coletiva, no estúdio da Record, em São Paulo]. Prefiro gravar 50 cenas do que ficar ali paradinha na parede esperando pelo próximo clique. Eu gosto de atuar, o restante é mais uma ilustração, uma brincadeira. Eu, pelo menos, não levo a sério.