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Livro conta caso raro de paciente que conseguiu regredir o Alzheimer

Ela descreve os detalhes de como se sentia durante os primeiros anos e alerta para os sinais

Ana Bardella Publicado em 23/03/2019, às 17h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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O início, em geral, ocorre de 15 a 20 anos antes de o diagnóstico ser feito - Banco de Imagem/Getty Images
O início, em geral, ocorre de 15 a 20 anos antes de o diagnóstico ser feito - Banco de Imagem/Getty Images

Um dos problemas do mal de Alzheimer, doença incurável que provoca lesões cerebrais e causa perda de memória e de funções cognitivas, é que, ao contrário de outras doenças, seus primeiros sinais não provocam desconforto.

De acordo com o livro O Fim do Alzheimer (Ed. Objetiva, R$ 54,90), no momento em que os sintomas são notáveis a ponto de fazer com que a pessoa procure um médico, a doença está relativamente avançada e difícil (quando não impossível) de tratar.

O início, em geral, ocorre de 15 a 20 anos antes de o diagnóstico ser feito. Para piorar a situação, quando os sintomas se desenvolvem, a tendência é procurarmos justificativas para nos assegurar de que nada grave está acontecendo.

Dizemos que as palavras estão “na ponta da língua” ou que determinado comportamento “é sinal da idade”. Muitos realmente não estão sofrendo com o desenvolvimento da doença, porém, alguns estão – como aconteceu com a paciente relatada na obra: Eleanor tinha apenas 40 anos quando passou a notar os primeiros sinais do Alzheimer. 

Ela é um dos raros casos em que foi possível melhorar a cognição por meio do tratamento. Ou seja: voltou a desenvolver pensamentos e acessar memórias quase da maneira como fazia antes de ser diagnosticada com a doença.

Animados com o caso, médicos pediram a ela que aproveitasse a experiência no assunto e detalhasse o que sentiu durante nove anos, antes de procurar ajuda: sua descrição pode ajudar outras pessoas a fazerem o diagnóstico mais precocemente.

CEGUEIRA FACIAL
A dificuldade em reconhecer e lembrar rostos foi a primeira das mudanças.

CLAREZA MENTAL DECLINANTE (especialmente no fim do dia)
“Comecei a sentir um ‘cansaço’ mental cada vez maior, sobretudo após as 3 ou 4 da tarde. Errei em pensar que isso era apenas um cansaço extremo. Ajudar meus filhos a fazer a lição de casa era mentalmente exaustivo. Era similar ao que eu sentia quando estava na faculdade e na pós-graduação, depois de estudar intensamente e fazer provas longas, exceto pelo fato de isso acontecer no meio da tarde, sem que eu tivesse feito nenhum esforço mental. Nas reuniões de trabalho me sentia ‘zonza’, tendo pouco a acrescentar, em particular naquelas feitas ao final do dia.

DECLÍNIO DO INTERESSE POR CONTEÚDOS
Incapacidade de acompanhar leituras e filmes com tramas complicadas ou de se envolver em conversas mais complexas.

DECLÍNIO DA CAPACIDADE DE RECORDAR
”Era exaustivo ter de tentar lembrar das coisas, como uma lista de compras no mercado ou qual comida meus filhos queriam pedir.”

DECLÍNIO DO VOCABULÁRIO
Eleanor diz que sofria para encontrar a palavra certa e começou a usar um vocabulário mais simples. “Costumava buscar as palavras enquanto falava, e talvez fizesse uma pausa procurando a palavra certa. Isso era desconcertante para mim, mas não tão óbvio a ponto de ser notado pelos outros”. Além disso, tinha dificuldade em falar línguas estrangeiras, nas quais, antes, era proficiente.

MISTURANDO AS PALAVRAS
“Não era incomum que eu misturasse o nome dos meus filhos de vez em quando. Mas o que começou a acontecer foi que eu usava palavras completamente erradas. Um dia fui chamar minha cachorra no quintal e a chamei pelo nome da comida que estava comendo.”

DECLÍNIO DA VELOCIDADE DE PENSAMENTO
Ela não só pensava mais devagar como também digitava mais vagarosamente, como se os sinais do cérebro para seus dedos tivessem de atravessar uma espécie de substância pegajosa.

ANSIEDADE CRESCENTE EM DIRIGIR E ENCONTRAR O CAMINHO
As inúmeras coisas que os motoristas precisam ver e processar, desde a posição e movimento dos outros veículos ao significado dos sinais de trânsito e o movimento dos pedestres, deixavam Eleanor em um estresse tão extremo que ela quase se sentia incapaz de dirigir.

DIFICULDADE EM SE LEMBRAR DE UMA LISTA DE COISAS PARA FAZER
E também de compromissos, sentindo-se “assoberbada” com frequência com o que precisava fazer. Ela começou a perder compromissos e “estava ficando muito ansiosa e estressada em não ser capaz de acompanhar aquilo que acontecia na vida”. Usava calendários e mantinha bilhetes por toda parte, mas continuava esquecendo as coisas.

SONO INTERROMPIDO
“Eu acordava com facilidade e quando isso acontecia tinha muita dificuldade em voltar a pegar no sono: às vezes, levava horas. Sempre acordava várias vezes à noite.”

CAFEZINHO SEM EFEITO
Fim do efeito estimulante da cafeína