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Respeite qualquer que seja a religião!

Heloísa Périssé sofre críticas por interpretar uma vidente na novela A Lei do Amor, já que, na vida real, é evangélica. Mas, afinal, qual o problema?

Ana Bardella Publicado em 13/12/2016, às 10h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Respeite qualquer que seja a religião! - Renato Rocha Miranda/TV Globo
Respeite qualquer que seja a religião! - Renato Rocha Miranda/TV Globo
Mãe, autora, atriz, mas, antes de tudo isso, serva de Deus.” A descrição de Heloísa Périssé sobre si mesma em uma de suas redes sociais diz muito sobre a fé da artista. Aos 50 anos e convertida ao cristianismo há quase duas décadas, ela não esconde do público que segue a religião evangélica. Em compensação, nas telinhas, a personagem Mileide, de A Lei do Amor, está sempre rodeada de cartas de tarô, bolas de cristal, galhos de arruda, incensos e outros objetos místicos. Em uma entrevista, Heloísa revelou que tem sofrido críticas por ter aceitado o papel. Mas de onde vem esse pensamento de que as religiões não podem conviver pacificamente?


Aceite a fé do outro
Como dá pra ver pelos noticiários, há lugares do mundo em que a intolerância religiosa é muito mais forte do que no Brasil – como em parte do Oriente Médio, onde grupos radicais impõem seus costumes por meio da violência. Mas isso não quer dizer que ela
não chegue aqui. “Historicamente, a população brasileira sempre teve contato com religiões de matrizes africanas e indígenas, além das cristãs. Tanto é que alguns grupos chegam a misturar as crenças. No entanto, atualmente, para que pudessem crescer, algumas
igrejas passaram a bater de frente com outras, para fortalecer o próprio discurso”, explica Silas Guerriero, antropólogo e professor
da pós-graduação em Ciência da Religião da PUC-SP. Daí para o desrespeito é um passo!


Isso é violência!
Já ouviu falar em violência simbólica? Não se trata de uma agressão direta, como é a física. É algo mais sutil, porém, com poder de devastar a outra pessoa psicologicamente. “Por exemplo, durante a aula de ensino religioso, um professor pode desqualificar a fé de um grupo de pessoas ao dizer que suas práticas não são religiosas, mas sim frutos de feitiçaria”, detalha o antropólogo. Comentários maldosos no dia a dia (e às vezes feitos até na televisão ou nas rádios) podem ofender os seguidores de uma determinada crença. Além disso, apesar de ser menos comum, essa intolerância também pode se manifestar por meio de gestos, xingamentos diretos, agressões físicas ou depredações dos locais onde os rituais ocorrem.


Assunto delicado...
❱ Como escutar sobre a fé do outro educadamente?
“Há religiões que pregam o uso de vestimentas específicas, como véus ou
roupas compridas. Outras, não impõem regras nesse sentido”, comenta Maria Inês Borges da Silveira, consultora de etiqueta 
social, de Curitiba. “Assim como é errado condenar alguém por não aderir a um costume de sua própria religião, também é errado
zombar da outra pessoa pela maneira como professa sua fé”, completa a especialista. O melhor é dialogar com respeito e prestando atenção à maneira como se comporta, para não ofender o outro. Se a conversa se transformar em discussão, mude de assunto!

❱ Como agir quando tentam me converter?
Se não estiver gostando do rumo do papo, seja clara. “Diga que não pensa dessa maneira e que não foi educada com esses princípios”, orienta a consultora. Não é necessário desqualificar o discurso do outro, basta dizer que não está se sentindo confortável.

❱ Algumas pessoas dizem acreditar em várias religiões. Isso é possível?
“Sem a menor dúvida. Essa é uma característica comum da nossa sociedade”, garante Guerriero. De acordo com o antropólogo, muita gente se decepciona com a instituição religiosa que costumava frequentar e, ao sair, constrói uma crença própria, personalizada. “Cada vez mais as pessoas estão vivenciando a fé do seu próprio modo e isso deve ser respeitado”, completa.


Vale lembrar:

No Brasil, a liberdade religiosa é um direito garantido por lei! Sempre que alguém sentir que está sendo desrespeitado, deve
abrir um boletim de ocorrência em uma delegacia ou procurar a orientação de advogados!


"Algumas pessoas perguntam como eu faço um papel assim. Faço porque é o meu trabalho, porque é uma porta que, eu creio, foi Deus quem abriu pra mim. Escolhi a profissão pela possibilidade de viver várias vidas em uma”, disse em entrevista ao jornal Extra