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Entrevista Dhu Moraes

“Sou vaidosa assumida”

Roseane Santos Publicado em 28/11/2017, às 14h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Entrevista Dhu Moraes - Mauricio Fidalgo/Globo
Entrevista Dhu Moraes - Mauricio Fidalgo/Globo

Na década de 70, ela embalou muita gente ao som das Frenéticas. Depois, Dhu Moraes colecionou personagens carismáticos na TV: Tia
Anastácia, do Sítio do Picapau Amarelo, e Manoela,de Êta Mundo Bom!, por exemplo. Em entrevista exclusiva, a atriz, que também interpretou a escrava Idalina em Novo Mundo, fala de preconceito e de como é fora da televisão hoje em dia.

Acha que herdamos o preconceito da época da novela?
Muita coisa já foi conquistada, mas a luta contra a discriminação tem que continuar. Existe ainda muito preconceito, a mulher não é vista da mesma maneira que o homem para o trabalho, é julgada de forma diferente de acordo com sua conduta sexual. Muitos ainda olham para uma mulata apenas como um fetiche.

Já sentiu isso com você?
Sou mulata, mas nunca tive corpão, pernão, bundão. Acho que não despertava esse desejo por ser esguia, coisa que sempre fui. Só que esse mesmo fetiche, que existia com as escravas, passou a se dar com as empregadas. Existem essas histórias até hoje. Imagina uma babá ali cuidando da criança, abaixada no berço... será que o patrão passa e não dá uma olhadinha? Acho que a história da minha personagem está por aí. Ela tem um filho mestiço, não pode ser de um escravo.

Você foi criada com valores rígidos?
Acho que sempre guardamos muito de nossa criação. Lembro que minha mãe ficava passando a roupa do meu pai para ele ir dançar nos bailes e ela ficava em casa. Perguntava por que ela não o acompanhava e ela respondia que se fosse junto teria que ficar parada tomando conta das crianças enquanto ele dançava. Eu cresci achando que teria que casar, que precisaria casar, como se isso fosse fundamental para a mulher. As meninas das Frenéticas ficavam brincando comigo, falando: “Jura que esse é o seu sonho? Casar?” e começavam a rir.

E como essa menina do interior conseguiu ser uma “frenética”?
Na época das Frenéticas, eu ficava com vergonha de cantar “sou bonita e gostosa”. Achava um pouco audacioso, mas eu também estava dentro de um personagem cantando ali. Hoje posso cantar mais à vontade essa música: me acho “bonitinha e gostosinha” [risos].

Você é muito diferente das suas personagens?
Sou muito mais vaidosa. Adoro me cuidar. Já viu as minhas unhas [aponta com os dedos]? Mesmo com elas curtinhas, estão feitas, pintadas. Acho importante a pessoa se cuidar bem, assumo a minha vaidade.