O monarca foi diagnosticado com câncer de próstata após aparecer com as mãos inchadas; médico explica possível relação
Recentemente, o Rei Charles chamou atenção ao ser diagnosticado com câncer de próstata após apresentar inchaço nas mãos, levantando questões sobre a possível relação entre esses eventos. Além disso, o monarca rejeitou a quimioterapia, tratamento comprovado cientificamente contra o câncer, e optou por métodos alternativos - o que vem gerando debates na comunidade médica.
Para entender melhor a possível conexão entre inchaço nas mãos e câncer, AnaMaria conversou com o geriatra e clínico geral Paulo Carniz, professor da USP e do Hospital das Clínicas de São Paulo. Acompanhe a seguir.
Segundo o Dr. Carniz, os sintomas paraneoplásicos, como o inchaço nas mãos, muitas vezes estão relacionados à reação do corpo contra o câncer. Quando o organismo detecta a presença do tumor, ele produz uma série de anticorpos na tentativa de combatê-lo. No entanto, alguns desses anticorpos podem acabar agredindo outras regiões do corpo, levando a manifestações autoimunes.
Essas manifestações podem se apresentar de diversas formas, desde sintomas típicos de autoimunidade até alterações metabólicas, como desequilíbrios nos níveis de cálcio e dores generalizadas. Portanto, o inchaço nas mãos do Rei Charles pode ter sido um desses sinais indiretos do câncer de próstata, destacando a importância de estar atento a sintomas aparentemente não relacionados.
Embora o câncer de próstata não seja comumente associado a sintomas paraneoplásicos, outros tipos de câncer podem desencadear essas manifestações. Entre os cânceres mais propensos a causar inchaço nas mãos e sintomas paraneoplásicos, o médico aponta o câncer de pulmão, o câncer renal e alguns tipos de câncer de pele.
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De acordo com Carniz, as síndromes paraneoplásicas não estão necessariamente relacionadas ao inchaço nas mãos, mas podem se manifestar de diversas maneiras, muitas vezes como marcadores indiretos da presença de um câncer.
Um exemplo comum são as alterações nas unhas, que podem ser indicativas de câncer. Mudanças no formato e na aparência das unhas, bem como na ponta dos dedos, podem ser sinais de alerta para a presença de uma condição maligna subjacente. Além disso, nas mãos, observam-se padrões de autoimunidade que podem estar relacionados a síndromes paraneoplásicas.
Portanto, mesmo que os sintomas não estejam diretamente ligados à área afetada pelo câncer, eles podem fornecer pistas importantes sobre a presença da doença. No entanto, o geriatra ressalta que as manifestações paraneoplásicas podem assumir diversas formas, muitas vezes divergentes do que se espera.
"O inchaço nas mãos é apenas uma das possíveis apresentações. Outras manifestações incluem inflamação dos vasos sanguíneos, conhecida como vasculite, e sintomas neurológicos, como distúrbios do movimento, como parkinsonismo ou coreia. Além disso, os sintomas podem afetar diferentes partes do corpo, como perda de movimento nas pernas, braços ou fala, sem necessariamente serem causados por um evento circulatório, como um AVC", explica o profissional.
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O Dr. Paulo Carniz ressalta que a abordagem dos sintomas aparentemente desconexos não deve ser uma responsabilidade exclusiva do paciente. Ele enfatiza que os médicos devem ser treinados para identificar quando algo foge do padrão e merece uma avaliação mais abrangente.
Portanto, é fundamental que os médicos estejam atentos a sinais e sintomas que não se encaixam no quadro usual de uma doença. Nesses casos, é importante considerar a possibilidade de câncer e síndromes paraneoplásicas, garantindo uma abordagem abrangente e eficaz para o diagnóstico e tratamento adequados.
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Rei Charles optou por tratar o câncer com métodos alternativos, o que não é recomendado pelos médicos. Em entrevista à AnaMaria, o oncologista Dácio Quadros, do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC), alertou sobre os riscos de trocar a quimioterapia por métodos não indicados.
"Não há qualquer comprovação que nos motive a substituir uma terapia convencional por outra alternativa", disse o especialista. Cirurgia, quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea são métodos comprovadamente seguros e benéficos no tratamento contra o tumor. Em alguns casos, é necessário combinar mais de uma das modalidades citadas para buscar a cura do câncer.
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