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Bem-estar e Saúde / Saúde Mental

Ronnie Von revelou ter tido crises de Agorafobia: o que é isso?

Agorafobia atingiu Ronnie Von: “Você tem a sensação nítida de que está morrendo”

Ronnie Von revela ter sofrido com agorafobia e psicólogo explica transtorno - Instagram/@ronnievonoficial
Ronnie Von revela ter sofrido com agorafobia e psicólogo explica transtorno - Instagram/@ronnievonoficial

Ronnie Von, revelou na última quinta-feira (20), que já sofreu com crises de agorafobia, durante o programa ‘Sensacional’ da Rede TV. “Eu tive um negócio chamado agorafobia, em que você não pode ter muita gente em volta, porque você começa a passar mal e suar frio”, contou o príncipe da Jovem Guarda 

Contrariando o senso comum, de que transtornos mentais como ansiedade e depressão são exclusivos das novas gerações, o apresentador de 78 anos listou momentos em que sofreu com crises de seu transtorno. No avião, durante um casamento na igreja e no meio da noite, a sensação de pânico se tornou rotina. 

“Três horas da manhã acordei a Kika (esposa de Ronnie) e disse: ‘Aqui na gaveta você vai encontrar o contrato de não sei o que’ e ela: ‘Por que você está falando isso?’. Respondi: ‘Porque eu estou morrendo’. Você tem a sensação nítida de que está morrendo”, revelou.

Mas afinal, o que é a Agorafobia? Quais são os gatilhos para alguém desenvolver esse transtorno e quais são os tratamentos? Nós de AnaMaria Digital conversamos com o psicólogo Yuri Busin, especialista em Neurociência do Comportamento, para desvendar a Agorafobia. Confira!

O QUE É A AGORAFOBIA?

Assim como a maioria dos distúrbios mentais, definir a Agorafobia pode ser muito abstrato para pessoas que não sofrem com nenhum tipo de transtorno. No entanto, Busin explica como sendo um medo muito específico e intenso de perder o controle sobre uma situação, especialmente em locais desconhecidos. 

Apesar de não serem a mesma coisa, a agorafobia, a ansiedade e a síndrome do pânico estão todas na mesma caixinha de transtornos mentais. “É um tipo de transtorno específico de ansiedade, e uma das manifestações pode, sim, ser esse pico agudo típico da síndrome do pânico.”

Segundo ele, os sintomas também são semelhantes. “Quando se trata desse transtorno, o pico mais agudo é uma crise de pânico. Como na ansiedade, a pessoa sente que vai morrer, que ela não tem mais controle sobre si mesma, tem sudorese, hiperventilação, a frequência cardíaca fica mais alta, ela tem formigamento no corpo, ou seja, sintomas clássicos da ansiedade.”

O DIA-A-DIA FICA COMPROMETIDO

Apesar desse momento de crise durar por volta de 20 minutos, a sensação ruim de angústia acompanha a vítima por muito mais tempo. Com o tempo, o medo de ter uma crise se torna maior do que a vontade - ou até mesmo a necessidade - de realizar tarefas simples fora de casa, e a pessoa que sofre com agorafobia não consegue mais sair dos limites do próprio conforto. 

O especialista ressalta ainda que a pandemia da covid-19 contribuiu e muito para o aumento da incidência de agorafobia e ansiedade. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), a quarentena e a experiência de se passar por uma pandemia contribuíram para um aumento de 25% de pessoas com esses transtornos. 

“O isolamento social, e a superexposição às notícias de morte em todo o mundo, aumentaram o estresse em um número grande de pessoas. Toda essa situação é, sim, algo que pode desencadear agorafobia”, aponta Busin. 

GATILHOS E TRATAMENTOS

Mesmo que haja um aumento massivo de casos, o desenvolvimento de agorafobia não é tão simples quanto causa e consequência. “Não há uma regra de que todo mundo que passa por determinada situação vai desenvolver este transtorno. Muitas vezes, o que ocorre é um acúmulo de situações, várias vivências da pessoa, traumas e assim por diante”, revela. 

Assim como cada caso é particular, o tratamento pode variar. Yuri Busin explica que a intervenção médica pode ser tanto por medicamentos quanto por psicoterapia, mas aconselha: “O mais indicado é que a pessoa faça terapia cognitiva comportamental, padrão ouro para tratamento de ansiedade”.

COMO AJUDAR ALGUÉM COM AGORAFOBIA?

Sabemos que quando alguém sofre com transtornos mentais, como depressão, ansiedade e a própria agorafobia, não é apenas a vítima que sofre. Os familiares e amigos podem sentir impotência por não saberem como ajudar, ou até indiferença, por não compreenderem como aquela pessoa se sente. 

Apesar de se tratar de uma situação extremamente delicada, Busin explica o que jamais deve ser feito. “A melhor forma que eles [as pessoas próximas] têm de ajudar é ouvir, respeitar e auxiliar na busca por ajuda, em vez de julgar. Nunca julgue alguém que está em sofrimento. Isso é uma premissa muito importante, pois o sofrimento é dela e não seu, então respeite o sofrimento do próximo”, conclui.