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''Parece que abraçam'': já pensou nas propriedades sensoriais dos alimentos?

Preparações mais pastosas e líquidas, por exemplo, podem nos levar a memórias da Infância

*Dra. Renata Aniceto, colunista de AnaMaria Publicado em 14/05/2021, às 08h20

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Atente-se às dicas! - Pixabay
Atente-se às dicas! - Pixabay

Sempre que conversamos sobre alimentação, o principal foco é trazer saúde através das escolhas no dia a dia. Mas pouco vejo sobre a importância sensorial em nosso bem-estar, algo possibilitado com a descoberta do fogo no período Paleolítico médio (250.000 anos AC a 50.000 anos AC). 

Até então, os homens alimentavam-se dos produtos frescos e crus da caça, pesca e colheita, muitas vezes por sobrevivência e pouco por prazer. Só que o advento do fogo iniciou a era do prazer em comer, pois altera a textura das carnes, dos cereais e das folhas, assim como as especiarias trariam novos sabores inovadores mais tarde.

Com a chegada da industrialização alimentícia e das comidas rápidas, como fast food e congelados, infelizmente muito se perdeu da harmonização e aromatização das receitas culinárias. A meta atual é buscar um resgaste dos sabores, principalmente com elementos da culinária regional. Este movimento retoma a relação dos sentidos com a comida. Mas, afinal, o que você sente?

TEXTURA
Preparações mais pastosas e líquidas podem nos levar a memórias da Infância, visto que o processo da alimentação tem início com o leite materno e alimentos amassados. Com raras exceções, essa memória transmite sensação de aconchego, daí o poder de cura de um bom caldo ou chás. Para a construção desta memória, é importante ensinar a criança a manipular os alimentos durante as refeições, o que vai criar familiaridade.

TEMPERATURA
Na mesma linha, o quente tem o potencial sensorial de um abraço e da sensação de sossego, já a comida fria nos tira do comodismo e impulsiona a entrarmos em movimento. Vale lembrar o que sentimos com um prato de feijoada no inverno ou com um suco refrescante durante o verão.

ODORES
As vivências com os cheiros e perfumes ficam guardadas na memória e, a cada nova exposição, podem fortalecer ou não a nossa relação com aquele determinado alimento. Podemos citar por exemplo, o cheiro do bolo de fubá da vovó ou daquele pão do papai. Sinto o cheiro, me sinto bem e reforço minha autoestima!

SABORES
A língua humana é capaz de detectar cinco sabores diferentes: doce, salgado, azedo, amargo e umami, que também é conhecido como glutamato monossódico. O gosto é uma mensagem que nos diz algo sobre o que colocamos em nossa boca, para que possamos decidir se deve ser comido. E mais em detalhe o quanto devemos consumir de cada um destes sabores, fato possível se aprendermos a comer com” atenção plena”.

O sabor marca território, ensina sobre cultura e abrange uma diversidade gigante de ingredientes, o que nos proporciona variedade de sensações e de nutrientes ativos na saúde, que é o grande luxo do momento e algumas medidas podem melhorar demais sua alimentação. Devemos compreender que:

  1. Comida de casa é a melhor comida;
  2. É importante dominarmos técnicas práticas em culinária, mas não abrirmos mão do poder sensorial dos alimentos;
  3. Os filhos imitam os hábitos dos pais;
  4. A cultura de um povo passa de maneira muito intensa pelos costumes alimentares.

O que você está deixando para as novas gerações? Vamos de receita para abraçar e aquecer da Flávia Montanari, minha sócia e nutricionista materno-infantil da Liga da Cozinha Afetiva (@ligadacozinhaafetiva) neste clima de outono?

CALDINHO VERDE COM GENGIBRE(Foto:Pixabay)

Ingredientes:

  • 1 colher (sopa) de azeite de oliva extra virgem
  • 1 unidade de linguiça calabresa cortada em rodelas médias
  • 2 dentes (médios) de alho amassado
  • 1 cebola (pequena) branca ralada
  • 3 unidades (grande) de batata cortada em cubos médios
  • 3 unidades de abobrinha (média) cortada em cubos médios
  • 2 unidades (média) de cenoura cortada em cubos médios
  • 2 colheres (sopa - rasa) de gengibre ralado
  • 2 colheres (sopa) de ervas frescas (salsinha e cebolinha)
  • Quanto baste de caldo de carne caseiro ou água fervente
  • 1 e 1/2 xícara (chá) de couve manteiga fatiada em tiras finas
  • Quanto baste de sal
  • Quanto baste de pimenta do reino moída na hora

Em uma panela funda, refogar a linguiça no azeite por cerca de 5 minutos. Reservar a linguiça em um bowl. Na mesma panela, refogar o alho e a cebola no azeite. Acrescentar a batata, a abobrinha, a cenoura, o gengibre e as ervas. Adicionar o caldo de carne caseiro ou a água fervente até cobrir os ingredientes e, assim que eles estiverem al dente, retirar do fogo.

Bater no liquidificador até formar um creme liso e voltar para a panela. Colocar a couve manteiga, a linguiça, acertar o sal e a pimenta, e deixar cozinhar por cerca de 5 minutos. Porcionar no prato e polvilhar as ervas e um fio de azeite. Servir.

*DRA. RENATA ANICETO (CRM 88006) é médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC, pediatria e hematologista pela FMUSP/SP. Aqui em AnaMaria Digital escreve sobre medicina culinária, nutrição afetiva e estilo de vida na Infância. Instagram: @ligadacozinhaafetiva