AnaMaria
Busca
Facebook AnaMariaTwitter AnaMariaInstagram AnaMariaYoutube AnaMariaTiktok AnaMariaSpotify AnaMaria
Famosos / Entrevista

Dandara Mariana, a Bel de ‘Salve-se Quem Puder’, comenta novos projetos

Classificada para a próxima fase do ‘Super Dança dos Famosos’, integrante do projeto ‘Baú da Dona Ivone’ e primeira protagonista negra de uma série da Netflix: artista está com a agenda bem cheia em 2021

Karla Precioso Publicado em 10/07/2021, às 08h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Dandara brilha como Bel, em ‘Salve-se Quem Puder’, e na ‘Super Dança dos Famosos - Instagram/@dandaramariana
Dandara brilha como Bel, em ‘Salve-se Quem Puder’, e na ‘Super Dança dos Famosos - Instagram/@dandaramariana

Dandara Mariana está repleta de projetos para 2021. Ela integra o ‘Baú da Dona Ivone’, que festeja o centenário da sambista carioca, cantando ‘Silêncio da Passarada’ e está confirmada para o elenco do filme ‘Casamento à Distância’ − ela será a primeira protagonista negra brasileira em um filme produzido pela Netflix. 

Durante a pandemia, a artista também não se acomodou e encarou o desafio de gravar a série multiplataforma da Globo, ‘Diário de um Confinado’, em casa. Criada por Bruno Mazzeo e a mulher, Joana Jabace, o projeto contou com participações especiais, como Fernanda Torres, Lázaro Ramos, Debora Bloch, Arlete Salles e Lulu Santos

Não parou por aí! “Danço, leio, assisto à séries, cozinho, escrevo, produzo vídeos e também tenho estudado música e canto”, enumera. Atualmente reforçando o time do Super Dança dos Famosos (a atriz ficou em 2º  lugar no Dança dos Famosos em 2019), a filha de Romeu Evaristo, o icônico Saci do ‘Sítio do Picapau Amarelo’, e de Elizabeth Correa Nahas estreou na TV na série ‘Na Forma da Lei’, em 2010.  Viveu Tamires, em ‘Malhação Conectados’ e, logo, outros papéis marcantes vieram. No cinema, atuou em ‘Aparecida − O Milagre’, ‘O Concurso’, ‘O Candidato Honesto’ e ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’. 

A música e a dança estão presentes em vários momentos de sua carreira. Fez os musicais ‘Orfeu da Conceição’, ‘O ‘Bem do Mar’ e ‘Dona Ivone Lara – Um Sorriso Negro’. Em ‘A Força do Querer’, interpretou uma ribeirinha que arrasa ao dançar carimbó, no papel de Marilda. Na novela ‘Verão 90’, viveu a dançarina Dandara Brasil: “A arte faz parte da minha vida. Estou constantemente abrindo os meus sentidos, seja cantando, dançando, desenhando, escrevendo, lendo, observando... Me coloco a serviço dela”. Atualmente, interpreta Bel, em ‘Salve-se Quem Puder’, tudo na Globo.

Mulher muito esclarecida, aos 33 anos, ela reforça a confiança que carrega desde pequena em relação aos seus sonhos − fruto da educação familiar focada na negritude. “Minha família sempre foi preocupada em me apresentar aos semelhantes para que eu pudesse desde criança ter essa autoestima e esse olhar de admiração. Fora isso, cresci em uma casa frequentada por artistas e cabeças pensantes do movimento negro, como Cosme dos Santos, Antonio Pitanga e Milton Gonçalves.” Acompanhe o bate-papo que tivemos com ela!

Seu pai interpretou o Saci no Sítio do Picapau Amarelo. O seriado marcou a infância de uma geração inteira. Qual é a sua lembrança do Sítio?
Eu me divertia muito assistindo e até hoje revejo cenas incríveis. Que criança não teve a infância marcada por essa obra, não é? O importante é que meu pai sempre me apoiou, mas ficava preocupado pelas dificuldades da profissão. Coisa de pai. Uma vez, ele foi assistir a uma peça minha e falou: ‘Você é atriz mesmo’.

Você completou 33 anos recentemente. Existe mesmo a crise dos 30?
Não tenho e nem tive essa crise. Ainda não [risos]!

Qual seu maior sonho?
Que pergunta difícil! Demorei horas para tentar achar uma resposta... e não saberia te dizer uma só. Eu sou muito sonhadora, mas também vou à luta para conquistar meu espaço, diariamente. Tendo saúde, já me basta.

E sua maior frustração?
Queria que nosso país fosse menos desigual, que todas as pessoas tivessem mais oportunidades de trabalho, educação... É muito cruel a nossa realidade. É frustrante saber que algo pode até ser feito para mudar isso, mas tem que ser feito agora para mudar lá na frente. O hoje deveria ter sido mudado lá atrás.

Você sempre usou seus cabelos cacheados, né? Desde jovem já entendia o poder do Black?
Sim, cabelo é identidade, né? Importante todo o movimento mais atual em torno desse tema, porque cabelo resgata a autoestima de muitos jovens.

Mas quem tem cabelo enrolado, pelo menos a maioria, diz que dá muito trabalho. Como você cuida do seu?
Lavo meus cabelos quase todos os dias. Passo xampu e, na sequência, faço uma hidratação rápida com um bom creme de massagem. Depois, enxáguo, tiro o excesso de água e finalizo com um leave-in.

Como foi crescer com uma mãe branca em um país em que as questões raciais são tão evidentes?
Isso nunca foi um problema para mim.

Você já revelou ter aderido à técnica ‘queridinha dos famosos’ para emagrecer. Que técnica é essa e como funciona?
Meu foco são os exercícios físicos intensos. Sempre que tenho um compromisso profissional, por exemplo, para chegar viva, cheia de energia no estúdio, eu faço alguma atividade. Corro, faço musculação e crossfit. Procuro dar uma revezada nas atividades para não cair na rotina. Já fiz até aquele tipo de musculação por eletroestimulação, em que você usa um colete com vários eletrodos que dão estímulos nos músculos. Em 20 minutos, já é possível dar uma boa suada e uma tonificada na região. Depois de suar, eu posso dizer: vamos começar o dia!

O corpo magro é uma cobrança interna forte para você?
Meu corpo está a serviço da minha arte. Se minha personagem pede um determinado tipo físico, cabe a mim corresponder.

Para manter o corpo e a mente equilibrados durante a pandemia, o que você tem feito?
Acabei de comer um pedaço de bolo [risos]! Brincadeiras à parte, eu amo fazer atividade física! Inclusive, após a minha participação no quadro do Faustão, continuei a dançar, tenho feito balé contemporâneo e sapateado.

Aliás, como foi a experiência de participar do Dança dos Famosos?
Participar de um quadro de competição e ao vivo, por si só, já é um desafio. Temos que controlar a ansiedade, dosar a energia, focar para não esquecer a sequência de passos... É teste pra cardíaco [risos]. E agora estou eu cá de novo, no mesmo palco, no mesmo desafio. Estou feliz e entusiasmada em participar do Super Dança. É um quadro especial! Vai ser gostoso adquirir mais conhecimento em relação à dança e reviver toda aquela emoção e adrenalina.

Qual ritmo a faz sentir mais desafiada?
Todo ritmo tem algo que nos desafia, sejam as pegadas aéreas com o parceiro, os saltos, giros, a rapidez do ritmo, enfim, algo sempre é desafiador. Mas acho que os ritmos populares tendem a ser menos difíceis de o corpo assimilar, pela nossa identificação cultural com eles.

A dança é arte, hobby ou esporte?
A dança é expressão de vida. É tudo isso que você citou. E, como toda arte, vem para incomodar, para emocionar, para tirar o pensamento do lugar.

CRIAÇÃO
Em depoimento ao Gshow, a atriz exaltou o apoio da mãe em sua criação: “Minha mãe é branca de pele e negra de alma. Uma mulher incrível que sempre levantou a minha autoestima, uma criança negra que não se assemelhava a ela e que, por muitas vezes, quis ter o seu cabelo liso”. Segundo ela, sua criação sempre foi no sentido do empoderamento. “É preciso ter referências e admirar o semelhante, foi assim que minha mãe me mostrou o quão lindo é ser negra, o quão incrível é o meu cabelo e minha história ancestral.” O pai também sempre foi sua referência: “Meu pai é o meu maior exemplo, tanto como pessoa quanto na profissão. Ele marcou uma geração, é um ícone da infância de muitos, faz parte da história da televisão, abriu portas para que, hoje, outros estivessem ali. Como não admirar? Tenho muito orgulho de ser filha dele!”.

REPRESENTATIVIDADE
Ela carrega o mesmo nome da mulher de Zumbi dos Palmares, uma guerreira que lutou ao seu lado pela libertação do povo negro, e ainda nasceu no mesmo dia em que eram celebrados os 100 anos da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. Marcada por todo esse simbolismo, Dandara Mariana transformou-se em uma mulher forte e, acima de tudo, livre. A atriz reflete sobre a história de seus ancestrais e a representatividade que exerce para outras meninas: “Acredito no axé que cada nome carrega consigo. Dandara é sinônimo de potencialidade, resistência e força: sinto-me assim. E vir ao mundo de um parto normal no dia 13 de maio de 1988 foi a concretização de que nasci para ser livre. Tudo isso representa muito para mim!”