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Como voltar à rotina após as férias escolares? Especialistas dão as dicas

Rotina que nem sempre é prazerosa para todas as crianças e adultos

*Priscila Correia, do Aventuras Maternas, colunista de AnaMaria Digital / Colaboração: Alessandra Ceroy Publicado em 28/07/2023, às 08h00

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Quando se trata de crianças e adolescentes, dormir bem também é fundamental. - Annie Spratt/Unsplash
Quando se trata de crianças e adolescentes, dormir bem também é fundamental. - Annie Spratt/Unsplash

Foram apenas 15 dias em alguns estados. Em outros, quase um mês. Mas o fato é que não importa a quantidade de dias, a pausa das férias quebra a rotina das crianças de um jeito muito bom, mas também que precisa de atenção na hora em que tudo volta ao normal.

Pensando nisso, a coluna de hoje será dedicada a ajudar os pais e responsáveis a estimularem o melhor de seus filhos no segundo semestre, que se iniciará na próxima semana.

HORA DE RECOMEÇAR

Quando os alunos voltam às aulas, há uma empolgação natural. Afinal, além da saudade que alguns sentem dos colegas, todos querem contar o que aconteceu durante as férias, as novidades e por aí vai. Mas também há uma certa melancolia, que chega junto com o início de uma rotina que nem sempre é prazerosa para todas as crianças e adultos.

Voltar às aulas após um período de férias é recomeçar. E recomeçar, como a etimologia do nome sugere, é começar de novo. Todos os começos trazem muitas expectativas, algumas preocupações e, até, ansiedade. Diante disso, a melhor forma de se preparar para voltar às aulas é pensando e planejando um bom acolhimento. "Acolhimento da família e da escola. A família colabora quando prepara a rotina da casa de modo a já antecipar a volta à escola e, para isso, ajusta o horário de ir para a cama, organizam, todos juntos, os materiais da mochila. Na escola, é fundamental planejar aulas de (re)integração, momentos mais leves, onde os alunos possam falar de suas experiências e expectativas para o novo semestre que chega. Enfim, preparar esse recomeço com zelo e responsabilidade é fundamental para que as crianças se sintam seguras”, comenta a pedagoga Aline Maciel, que é coordenadora de tutoria e relacionamento das turmas do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais da Escola Crescimento.

Sendo este o último final de semana antes da volta às aulas, a especialista acredita que a dica mais importante em qualquer recomeço é investir no diálogo com as crianaçs, ouvindo elas sobre suas dúvidas e expectativas. "Uma atividade legal é fazer uma lista de coisas e de combinados que precisamos fazer e cumprir para voltar à escola. A lista pode incluir revisitar a mochila e o estojo, conferir se é necessário alguma reposição de materiais (e, se sim, fazer isso juntos), tirar o uniforme do armário e deixá-lo preparado para o primeiro dia de aula. Entre os combinados, pais e filhos podem alinhar ir para a cama mais cedo, trocar a tv ou o game pela leitura de um livro. O importante, aqui, além da escuta das crianças, do engajamento delas em todo o processo, é o planejamento dos adultos, de modo a garantir o cumprimento dos horários com tranquilidade”, diz.

Para a psicopedagoga Thaise Venturini Pregnolatto, o retorno às aulas tende a ser um período bastante produtivo para quem souber aproveitar. Entretanto, é fundamental acostumar o corpo antes de voltar à rotina. “Não adianta estar com o cérebro descansado e o corpo ‘moído’ por dormir tarde todos os dias se as aulas são de manhã. É importante ir acostumando o corpo à rotina de horários da época de aula, principalmente as refeições e a hora de dormir. Pode ser difícil inicialmente (alguns estudos dão conta de que o corpo de uma criança pode levar cerca de 3 semanas até se habituar a novos horários), mas é preciso insistir. Não é necessário que isso seja feito de uma só vez também, é possível ir ajustando os horários paulatinamente, por exemplo indo dormir meia hora mais cedo a cada dia”, explica.

Luciana Garcia, que é neuropsicóloga focada no desenvolvimento infanto-juvenil, diz, ainda, que as férias de julho, embora mais curtas, podem ajudar a continuar o resto do ano letivo mais com foco. “Esse tempo de descanso é muito restaurador e necessário desde que a criança possa brincar, estar com amigos, ficar sem fazer nada. Mesmo o tempo entre uma aula e outra (troca de disciplina ou de professores) é importante para que o estudante converse, se levante, tome água e possa manter o foco na próxima aula. O ser humano não consegue manter a qualidade de atenção por muito tempo sem intervalos. E a parte do cérebro onde se localizam a atenção e as funções executivas são extremamente sensíveis à fadiga, estresse, preocupação. Portanto, intervalos, finais de semana e férias (ainda que curtas) são muito bem-vindos”, exemplifica.

É importante lembrar, ainda, que para muitas crianças e adolescentes é difícil "romper" os hábitos adquiridos durantes as férias nas primeiras semanas de aulas. Mas é possível, sim, incentivá-los a voltar a rotina de estudos.  Para isso, Aline Maciel alerta que é valioso demais que a escola promova um espaço acolhedor, cheio de atividades integrativas e motivadoras, para retomar a rotina de estudos com crianças e adolescentes. “Antes mesmo do primeiro dia de aula, a escola já pode fazer o acolhimento através de recados via agenda on-line, dizendo a eles que estamos, todos, preparando um retorno cheio de alegria. Nas boas-vindas ao novo semestre (no primeiro dia de aula), um momento inicial de integração é importante e fundamental e, durante a primeira semana, professores, coordenadores e toda a comunidade escolar devem planejar atividades de sondagens, para entender melhor como cada aluno está retornando das férias, além de uma retomada gradativa da rotina acadêmica e de estudos. Mais uma vez, a escuta, o acompanhamento das turmas e de cada aluno são fundamentais para garantir um retorno saudável e mais feliz”, enfatiza.

Em tempo: “Penso que é importante que na primeira semana de aula, a escola já não inicie com excesso de matérias, mas com momentos de integração, ajudando os alunos a organizar e planejar o semestre, entre outros”, complementa Luciana Garcia.

PARA RECARREGAR AS BATERIAS

criança dormindo
Crédito: Annie Spratt/Unsplash

Se dormir bem é importante na hora da diversão, para voltar à rotina de estudos é mais ainda. E quando se trata de crianças e adolescentes, dormir bem também é fundamental para outras funções do desenvolvimento. Tatiana Cicerelli Marchini , que é pediatra da clínica Parto com Amor, explica que retomar a rotina após as férias pode ser um desafio, mas algumas dicas costumam ajudar, como estabelecer um horário de sono gradualmente, alguns dias antes do retorno às aulas, manter uma rotina consistente para dormir e acordar, evitar eletrônicos antes de dormir e criar um cronograma com atividades e horários para facilitar a transição de volta à rotina escolar.

Para a educadora Eliana Dias, consultora materno infantil e especialista em educação de sono infantil, o ideal é que os pais não esperem o primeiro dia de aula para ajustar a rotina de sono das crianças. “Quem acorda cedo, dorme cedo. Então, com dois a três dias de antecedência, tirem as crianças da cama próximo do horário que precisam levantar para ir à escola. Assim, irão sentir sono mais cedo e voltam a se adaptar a rotina de dormir cedo e acordar cedo”, sugere. Ela diz, ainda, que é característica do ritmo circadiano que as crianças estejam prontas para iniciar o sono noturno 12 horas depois de iniciar o dia e os adolescentes de 13 a 15 horas. “Sendo assim, o ideal é acordar cedo por dois a três dias antes do início das aulas para que o organismo se habitue a rotina novamente”, complementa.

Mas para além da dificuldade de alguns para voltar à rotina de sono depois dos horários mais flexíveis durante as férias, algumas crianças e adolescentes passam por outra situação: mudança de turno. Para Marchini, trocar o turno de estudo dos filhos pode ser uma opção válida em algumas situações, mas é importante considerar cuidadosamente os prós e contras antes de tomar essa decisão. Alguns pontos a serem considerados são o ritmo natural do filho, já que cada pessoa tem um ritmo biológico diferente. Isso porque algumas crianças e adolescentes são naturalmente mais propensos a serem "corujas" e se sentem mais alertas e produtivos no período da tarde e à noite.

"Nesses casos, uma mudança para o turno da tarde pode se adequar melhor ao seu cronotipo. É preciso ficar de olho também na adaptação às atividades extracurriculares, pois mudar para o turno da tarde pode facilitar a participação em atividades extracurriculares, permitindo que os filhos tenham mais tempo disponível para praticar esportes, aulas de arte ou outras atividades que podem ser benéficas para o desenvolvimento deles. Na puberdade/adolescência, o inicio do sono é todo arrastado para mais tarde (há um atraso na produção de melatonina, portanto, adormecem mais tarde) , e o horário de inicio das aulas faz com que eles durmam menos do que precisam (precisam de 9 horas de sono). Para estar às 7h na escola, eles precisam acordar as 6h e, portanto, devem dormir as 21h . E dormir pouco nessa fase da vida traz uma série de impactos tanto na saude física, mental e desenvolvimento do cérebro podem ocorrer”, pontua.

Ela lembra que, embora o cronotipo tenha uma base genética, os hábitos e o estilo de vida também podem influenciar a capacidade de acordar cedo. Algumas pessoas podem ser mais flexíveis e capazes de se adaptar a diferentes horários de sono, enquanto outras podem enfrentar maiores desafios para fazer essa mudança. No entanto, é importante lembrar que, mesmo que alguém tenha uma preferência natural por horários diferentes, com ajustes adequados no ambiente e na rotina, é possível melhorar a capacidade de acordar cedo. "A exposição à luz natural pela manhã e o estabelecimento de uma rotina de sono consistente podem ajudar a reajustar o relógio biológico e melhorar a qualidade do sono e a capacidade de acordar mais cedo. Porém, quando a dificuldade em acordar cedo afeta significativamente a vida diária ou o desempenho acadêmico, é recomendado buscar orientação médica ou de um especialista em sono para avaliar a situação e fornecer orientações personalizadas”, diz.

E complementa, ensinando que, se os pais precisam acordar o filho e essa criança/adolescente demora mais do que 15 minutos para despertar e iniciar o dia, significa que está dormindo menos do que o necessário. "O ideal seria acordar espontaneamente. Por isso, manter os horários de dormir e acordar, mesmo nos finais de semana e férias, é fundamental. Se aos finais de semana a criança/adolescente está acordando mais tarde, significa que ficou alguma necessidade de repor sono perdido na semana. É importante lembrar que crianças param de cochilar entre os 3 a 5 anos de idade e se, após essa idade, ela ainda cochilam de dia , o sono noturno não está sendo suficiente”. Ou seja, o sono ideal deve ser uma busca constante.

Para a pediatra Patricia Terrivel, que é neonatologista do Grupo Trasmontano, sendo este o último final de semana antes da volta às aulas, o mais importante para que as crianças e adolescentes se acostumem é justamente estabelecer a rotina. Como tudo acaba ficando mais bagunçado nas férias, a primeira providência a tomar é começar a acordar as crianças mais cedo. "Aproveite para estimular a atividade física, não deixando ficar só na frente da televisão, na frente das telas, para poder queimar essa caloria, deixá-las cansadas e conseguirem dormir à noite, evitando o uso de telas. Em criança de todas as idades, e até adolescentes, o uso de telas acaba deixando-os mais excitados, com demora para dormir. Por isso que não recomendamos o uso de tv no quarto”, pontua.

O psicólogo Vitor Friary, que é pesquisador e autor de uma série de livros sobre mindfulness no Brasil, enfatiza que o recomendado para melhorar a qualidade do sono dos adolescentes e crianças é estipular o uso controlado de telas de celular, televisão e outros dispositivos eletrônicos antes de dormir - isso porque a luz azul emitida por essas telas pode afetar negativamente a produção de melatonina, um hormônio que regula o sono. “Com pelo menos de 1 a 2 horas sem usar o celular ou assistir TV, o cérebro tem tempo para se acalmar e começar a preparar-se para o sono. Atividades relaxantes, como ler um livro, meditar para esvaziar a mente de preocupações e pensamentos do dia, tomar um banho quente e praticar um exercicio de relaxamento em cima da cama, como respirando devagar e lento por exemplo, pode ajudar as crianças e teens retornarem com muita facilidade ao ritmo do retorno às aulas."

A psicopedagoga Thaise enfatiza, ainda, que se pudesse dar uma dica para os pais para que "comecem a acostumar" os filhos com a rotina de estudos que volta na próxima segunda, seria focar completamente no horário de dormir – e não somente nesse final de semana, mas sempre. Isso porque, conforme a especialista, não é saudável que uma criança vá dormir às 23h, mesmo que ela estude à tarde, pois alguns processos bioquímicos do corpo podem ficar defasados, como a produção de hormônio do crescimento, por exemplo. "Com as férias, é natural, esperado e saudável que fiquemos menos rígidos com os horários, mas é preciso retomar a rotina e lembrar que crianças costumam precisar de pelo menos 10 horas de sono por noite", diz.

Como elas não estão dormindo o suficiente, os efeitos da falta de sono são muito claros:

  • Dificuldades na escola;
  • Problemas de socialização;
  • Comportamento;
  • Irritabilidade;
  • Ansiedade.

"O sono é muito importante para todos, mas é mil vezes mais importante para uma criança em pleno desenvolvimento. Não podemos esquecer dos adolescentes, é preciso atentar também às horas de sono por noite. Eles precisam dormir muito para ficarem bem. Os horários de aula iniciando tão cedo não ajudam o metabolismo na puberdade, mas dormir tarde definitivamente não ajuda na equação. O ideal é começar a retomar o horário certo de dormir uma semana das aulas começarem, mas nem sempre isso é possível, então o final de semana da véspera do início das aulas é ainda mais importante. Façam do domingo um dia mais tranquilo e ir para a cama cedo é inegociável. O corpo precisa estar descansado para que o cérebro funcione bem – e dar conta de todas as suas funções, não só cognitivas, mas também emocionais, de regulação de humor, por exemplo”, pontua.

Abaixo, Tatiana Cicerelli sugere algumas dicas para ajudar os pais a prepararem os filhos para a volta às aulas durante o último final de semana:

  1. Horários Graduais: Comece a ajustar os horários de sono e despertar gradualmente, tanto à noite quanto pela manhã. Isso ajudará as crianças a se “acostumarem” com os horários escolares.
  2. Rotina Diária: Estabeleça uma rotina diária que inclua horários específicos para atividades como refeições, estudos e momentos de lazer. Isso ajudará a criar uma sensação de previsibilidade e organização.
  3. Tempo ao Ar Livre: Incentive a prática de atividades ao ar livre durante o dia para que os filhos fiquem mais ativos e, ao mesmo tempo, se cansem um pouco mais para dormir mais cedo à noite.
  4. Limitar Telas à Noite: Reduza o tempo de uso de dispositivos eletrônicos à noite, pelo menos uma hora antes de dormir, para facilitar o processo de adormecer.
  5. Alimentação: Procure manter uma dieta equilibrada e evitar alimentos pesados antes de dormir, pois isso pode prejudicar a qualidade do sono.
  6. Organização do Material Escolar: Aproveite o final de semana para organizar o material escolar, mochilas e uniformes, para que estejam prontos para segunda-feira.
  7. Conversa Positiva: Converse com as crianças e adolescentes sobre o retorno às aulas de forma positiva, destacando as coisas boas que a escola oferece, como reencontrar amigos e aprender coisas novas.
  8. Hora de Dormir Mais Cedo: No domingo à noite, (ou alguns dias antes) tente fazer com que as crianças durmam um pouco mais cedo do que estão acostumadas nas férias, para ajudar a readaptar o sono ao horário escolar.

“Lembre-se de que a transição pode levar algum tempo, mas com paciência e consistência, os filhos estarão mais preparados para o início das aulas na segunda-feira”, conclui Cicerelli.

ALIMENTO DO CORPO E DA MENTE

crianças indo para a escola
Crédito: Unsplash

Diz o ditado que “saco vazio não para em pé”. E quando se fala de voltar a rotina de estudos, esse dito popular é mais que verdadeiro. O período de férias, normalmente, é mais livre quando se fala em alimentação, tanto em relação ao horário em que acontecem as refeições quanto ao que se come. Mas como voltar a rotina com a volta às aulas?

Para começar, é preciso dizer que, sim, é completamente aceitável que, durante esse período, as crianças e adolescentes saiam um pouco da rotina e comam mais lanches, fast food, pizzas, doces e guloseimas. Com o retorno das aulas, porém, é hora de voltar à rotina, com os horários, tarefas e, claro, uma alimentação equilibrada, para garantir toda a energia necessária.

“Para essa volta à rotina, destaco que o primeiro passo é planejar as compras. É recomendável fazer uma lista das preparações, pois isso irá facilitar a escolha adequada dos itens, evitando que falte ou sobre alimento. Sugiro que, nessa retomada, os pais evitem ter em casa, para o consumo diário da criança, alimentos que elas acabam comendo muito, como as guloseimas que estavam liberadas no período de férias. Outra recomendação é a família toda se alimentar bem, pois a criança costuma responder positivamente aos estímulos e exemplos. Crie um ambiente feliz, cheio de cor e sabor durante o momento da refeição em família”, sugere Fernanda Dal'Moura, nutricionista clínica e funcional da MedSculp.

Embora durante as férias habitualmente se consuma mais “besteiras”, todos sabemos que uma alimentação saudável é fundamental para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da boa saúde de uma criança. A nutricionista Giovana Moraes Canno explica que hábitos alimentares inadequados causam prejuízos imediatos e a longo prazo e que, inclusive, há estudos que mostram que crianças e adolescentes que têm uma alimentação nutritiva apresentam melhores níveis de concentração e rendimento escolar, além de melhorar imunidade. E o que precisa ser evitado?

"Alimentos ricos em açúcar, como refrigerantes, balas, chicletes, e chocolates. Além deles, os fast foods, frituras, alimentos gordurosos e embutidos, como salsichas, também precisam ser evitados. A principal razão para não ingerir esses alimentos é a baixa presença de nutrientes que fazem bem ao corpo e o excesso de alguns que podem fazer mal ao desenvolvimento. Para incluir bons alimentos, de forma geral, um planejamento saudável deve ser fracionado em diferentes tipos de refeições: as “refeições principais”, como o café da manhã, o almoço e o jantar; e também os lanches intermediários, como o lanche da manhã, o lanche da tarde e a ceia. Essas refeições devem ocorrer de acordo com a rotina da criança", explica.

O café da manhã, por ser a primeira refeição do dia, é responsável por garantir, através dos nutrientes que a compõe, energia e concentração para as atividades da manhã. Para isso, segundo a nutricionista, utilizar alimentos ricos em carboidratos e fibras, como os cereais integrais, proteínas de ótima qualidade, como ovos e iogurte, vitaminas e minerais, como as frutas, e “gorduras do bem”, como as sementes oleaginosas. O almoço e o jantar devem ser refeições coloridas e variadas. "Nesses momentos, tenha sempre um bom aporte de verduras e legumes, tanto crus quanto cozidos; alimentos ricos em proteínas animais ou vegetais, como carnes bovinas e suínas, frango, peixes, ovos, tofu, tempeh e leguminosas; e alimentos ricos em carboidratos, de preferência em sua forma integral, como arroz, massas, raízes e tubérculos. E os lanches intermediários são ótimas oportunidades para oferecer ao corpo o complemento de nutrientes que não podemos ficar sem, como fibras, vitaminas e minerais. Boas opções para esses momentos são frutas frescas ou desidratadas, legumes baby, sementes e castanhas, queijos e iogurtes, bebidas vegetais e preparações com leguminosas e cereais integrais”, exemplifica.

Para a também nutricionista e chef de cozinha Marina Guedes, que é professora na pós-graduação da Faculdade UNIGUAÇU no curso de Materno Infantil, como no período de férias normalmente as famílias flexibilizam a alimentação infantil, voltar a rotina pode ser algo desafiador. “Retomar hábitos alimentares saudáveis é fundamental para garantir o desenvolvimento adequado das crianças e a promoção de uma boa saúde. Portanto, alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados, refrigerantes, balas e bolos prontos recheados não devem fazer parte da alimentação infantil, pois além de não fornecerem nenhum nutriente, contribuem para o aumento do sobrepeso e obesidade infantil. Crianças e adolescentes devem ter uma alimentação variada composta por frutas, vegetais, cereais e boas fontes proteicas como carnes, queijo e iogurtes. O simples sempre funciona. E nada melhor que o nosso brasileiríssimo arroz com feijão”, sugere.

MAS, AFINAL, O QUE DAR PARA OS FILHOS LEVAREM PARA A ESCOLA?

“Primeiramente, recomendo incluir a criança na hora de escolher, comprar e preparar os alimentos. Esses hábitos tornam o processo alimentar mais agradável, atrativo e encoraja os pequenos a comerem melhor e experimentarem novos sabores. Eles se sentem úteis e responsáveis por sua própria alimentação”, comenta Fernanda Dal'Moura. Algumas boas opções na hora da compra são frutas, pois são boas fontes de fibras e antioxidantes, elementos fundamentais para a prevenção de doenças crônicas, do envelhecimento precoce de células e de doenças intestinais. Para a lancheira da criançada, Fernanda recomenda que ela seja dividida em três partes:

  • Uma preparação salgada: como um sanduíche de pão integral com queijo, ovos mexidos, milho ou muffin salgado com legumes, por exemplo;
  • Uma opção de fruta: variando as opções ao longo da semana; 
  • E uma bebida: sendo a conhecida garrafinha de água a melhor escolha, ou sucos de frutas integrais também.

Portanto, de forma prática, tenha em mente que é fundamental que o lanche seja nutritivo, pois ele contribui no aprendizado, estimula o raciocínio, a memória e garante toda energia que as crianças precisam. Também insira a criança em cada fase, desde a compra até a preparação final do lanche. Use, ainda, a criatividade na preparação, deixando uma aparência agradável, colorida e bonita, para dar prazer e estimular o apetite. Por fim, prefira lancheira térmica para correto armazenamento de alimentos que necessitam de refrigeração.

Abaixo, Marina sugere algumas dicas para voltar à rotina alimentar durante as aulas:

  1. Retome os horários das refeições, rotina é importante: durante as férias, é natural que os horários das refeições sejam mais flexíveis, mas é importante voltar a estabelecer horários regulares para as refeições e lanches. Ter uma rotina estruturada ajuda a regular o apetite e a evitar que as crianças fiquem com fome entre as refeições;
  2. Priorize alimentos nutritivos: Inclua frutas e vegetais na alimentação infantil;
  3. Faça refeições em família: Tente estabelecer o hábito de fazer refeições em família sempre que possível. As refeições em grupo promovem a interação familiar e podem incentivar a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis;
  4. O lanche escolar não é exceção: seu filho irá comer o lanche no mínimo 200 vezes no ano. Esta refeição deve fazer parte de um contexto alimentar saudável para promover o crescimento e desenvolvimento da galerinha;
  5. Para montar uma lanche escolar nota 10: Tenha 1 líquido, preferencialmente água, mas pode ser sucos naturais ou chás sem açúcar; 1 fonte proteica como iogurte, queijo, pasta de grão de bico, ovo; 1 fonte de carboidrato, como pães integrais, bolos e biscoitos caseiros, milho cozido, mandioca etc; e 1 fruta;
  6. Nos intervalos das aulas, frutas e castanhas são uma ótima pedida;
  7. As crianças e adolescentes que almoçam nas escolas devem priorizar os vegetais no prato. Ideal de metade do prato seja repleto de salada e legumes e o restante dividido entre arroz, feijão e uma fonte proteica.

Na sequência, Giovana Moraes Canno especifica alguns alimentos que podem ser boas opções para um lanche saudável e variado para levar para escola:

  1. Frutas picadas: as frutas picadas são sempre uma ótima pedida porque, além de serem práticas, as opções são bastante diversas e é bem provável que seu filho goste de pelo menos algumas delas. Além disso, as frutas podem ser combinadas com outros alimentos, como granola e iogurte;
  2. Cookies caseiros: Os cookies caseiros, assim como outros alimentos feitos em casa, como pão de queijo ou bolo, são sempre uma opção melhor do que os que são comprados. Essas receitas geralmente usam menos açúcares e nada de conservante;
  3. Suco natural: Por falar em suco natural, essa é outra ótima opção para acompanhar os lanches saudáveis para a escola. Vale lembrar que o suco natural deve estar sempre fresco — ou seja, que tenha sido preparado no mesmo dia ou na noite anterior, para as crianças que estudam no período da manhã;
  4. Palitinhos de tapioca: os palitinhos de tapioca normalmente são oferecidos como entrada em um jantar. Pode ser que você nunca tenha pensado em como essa é uma boa opção para a lancheira das crianças, principalmente com geleia caseira como acompanhamento. Com uma receita fácil e poucos ingredientes, os palitinhos de tapioca podem ser feitos em casa. Para ficarem ainda mais saudáveis, opte por assar a massa;
  5. Bolo de banana integral: O bolo de banana é uma das alternativas mais saudáveis dessa receita, além de ser uma das mais saborosas. Ele é muito versátil e permite várias adaptações, inclusive versões completamente sem glúten ou utilizando apenas aveia como base. Assim, são muito nutritivos e deliciosos;
  6. Mini sanduíches: Quem resiste a um bom e velho sanduíche? Embora sejam comumente vistos como lanches pouco saudáveis, eles podem ser adaptados para serem gostosos e nutritivos. Um pão integral, por exemplo, enriquece a refeição e hambúrgueres caseiros também podem ser uma alternativa bem interessante;
  7. Frutas secas e oleaginosas: além de muito saudáveis, as frutas secas e as oleaginosas são responsáveis por trazer uma grande sensação de saciedade para o organismo das crianças, diminuindo a fome entre as refeições. Outra vantagem de seu consumo regular é a alta incidência de gorduras boas nesses alimentos, que dão energia sem trazer malefícios para a saúde;
  8. Palitinhos de vegetais: assim como os palitinhos de tapioca, a versão de vegetais desse lanchinho é sempre muito apreciada pelas crianças que têm o hábito de se alimentar bem. Eles podem ser feitos com cenouras e muitas outras alternativas de ingredientes e, claro, acompanhados por um bom molho ou patê.

“Lembre-se de que a mudança para uma rotina alimentar mais saudável pode levar tempo e requer paciência. Gradualmente, as crianças se adaptarão aos novos hábitos e voltarão a apreciar a variedade e os benefícios dos alimentos nutritivos”, conclui Marina Guedes.

Abaixo, algumas sugestões para incluir na rotina alimentar que as crianças e adolescentes farão na escola:

Torta Feliz, por Giovana Guerra, nutricionista da rede Hortifruti Natural da Terra

Ingredientes:

Para a massa: 1 xícara (chá) de tâmaras, 1 xícara (chá) de nozes

Para o recheio: 4 colheres (sopa) de iogurte natural desnatado light, 6 colheres (sopa) de leite condensado Diet, 3 colheres (sopa) de suco de limão-siciliano, 125 ml de creme de leite fresco

Para decorar: ½ kiwi, 1 gomo de tangerina, 3 morangos

Modo de preparo massa: Passe as nozes e as tâmaras no processador até a massa ficar consistente para moldar. Coloque a massa em uma forma de torta ou pirex, aperte bem na base do recipiente. Deixe descansar.

Modo de preparo do recheio: Misture o iogurte, o leite condensado e o suco de limão em uma tigela grande até o creme ficar homogêneo. Separadamente, bata o creme de leite até ficar firme. Adicione 2 colheres (sopa) de creme de leite na outra mistura de iogurte e mexa. Incorpore o restante de creme de leite. Espalhe o recheio sobre a massa de nozes. Use uma espátula para alisar a superfície. Deixe no freezer por 30 minutos para endurecer. Decore com os pedaços de kiwi, morangos e tangerina fazendo uma carinha feliz.

Quibe de Abóbora com Aveia, por Giovana Guerra, nutricionista da rede Hortifruti Natural da Terra

Ingredientes: 250g de abóbora madura (em purê), 200g de ricota esfarelada, 2 xícaras de chá de trigo para quibe, 100g de Aveia, 10 folhas de hortelã, 1 cebola pequena picada, 3 dentes de alho picado, Raspas de limão ou laranja, Sal a gosto, Azeite a gosto

Modo de preparo: Hidrate o trigo para quibe por 20 minutos com duas xícaras de água morna. Em um recipiente, misture o purê de abóbora, aveia a ricota esfarelada e o trigo para quibe já hidratado. Corte as folhas de hortelã bem fininhas e acrescente à mistura. Em uma frigideira, refogue a cebola e o alho picados no azeite. Em seguida, acrescente-os à massa do quibe. Ajuste o sal e acrescente as raspas de limão ou laranja, de acordo com a sua preferência. Unte uma assadeira com um fio de azeite, disponha a mistura de forma homogênea. Asse em forno pré aquecido de 30 a 40 minutos a 200ºC.

Bolo pão de queijo de liquidificador, por Giovana Guerra, nutricionista da rede Hortifruti Natural da Terra

Ingredientes: 3 ovos, 1/2 xícara de chá de óleo, 1 xícara de chá de leite, 2 xícaras de chá de polvilho doce, 2 xícaras de chá de queijo ralado, 1 colher de sopa de fermento, 3 colheres de sopa de requeijão cremoso, 1 pitada de sal, 50g de queijo parmesão ralado (de saquinho)

Modo de preparo: No liquidificador, bata os ovos, o óleo, o leite e o requeijão. Adicione o polvilho aos poucos, até que esteja bem dissolvido. Coloquei o queijo e o fermento, misture com a colher. Coloque em uma forma untada com margarina e queijo parmesão. Asse em forno pré-aquecido a 180 graus, por 35min, ou até que fique dourado. Se quiser que a textura fique mais firme, e o bolo mais alto, coloque 3 xícaras de polvilho. Agora, se preferir ele mais macio e cremoso, como o meu, coloque 2 xícaras de polvilho. Você pode misturar calabresa, orégano, cebolinha, presunto picadinho e até pedaços de goiabada na massa!

O RETORNO DE ALUNOS COM TEA

Como falamos acima, a volta às aulas depois do período de férias é sempre um momento de grande ansiedade para as crianças e adolescentes. E para os com Transtorno de Expectro Autista (TEA), além da excitação/preocupação natural com esse momento, há alguns detalhes específicos que podem fazer grande diferença nesse momento. Segundo o último Censo escolar do Brasil, divulgado em 2022, houve um aumento de 280% no número de estudantes com TEA matriculados em escolas públicas e particulares apenas no período entre 2017 e 2021.

No Brasil, dados da Organização Mundial da Saúde sugerem a existência de dois milhões de autistas, mas esta estimativa é considerada desatualizada. Ou seja, não apenas os pais devem se preocupar com esse retorno, mas as escolas  também. “A rotina é muito importante para as crianças e adolescentes autistas. Então, depois desse período de férias, é preciso ficar atento à essa transição para que a volta às aulas ocorra sem traumas ou crises”, pontua a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, do Autonomia Instituto, que continua: esse pode ser um momento mais temida para os pais. Entretanto, com o suporte adequado e seguindo alguns protocolos, é possível ser bem-sucedido”. A seguir, ela enumera como os pais e a escolas podem ajudar nessa volta às aulas.

Antecipação de situações: Quando sabemos o que vai acontecer em determinadas situações, como a volta das aulas, não somos pegos de surpresa, certo? Para crianças e adolescentes com TEA, essa previsibilidade é extremamente importante. Portanto, dê essa noção à criança/adolescente, explicando que em breve as aulas e aquela rotina vão voltar. Para isso, use dicas visuais explicando o que vai acontecer, como será a rotina antes de ir para a escola, quanto tempo vão ficar lá, explique também o que vocês vão fazer de ação efetiva no dia a dia;

Voltando à rotina: Como o objetivo é que a criança/adolescente se familiariza com a rotina que vai começar (ou melhor, voltar), comece a introduzir pequenas mudanças no dia a dia antes da volta às aulas. Se o objetivo é acordar às 6h e está acordando às 9h, a cada dia se aproxime um pouco mais do horário que será o habitual. Isso vai permitir que ela se ajuste. Faço isso também com outros horários que fazem parte da rotina, como as refeições, hora de brincas, de dormir etc. Lembre-se: a previsibilidade dá segurança;

Comunicação: Ao falar com a pessoa autista, module a voz com entonações que ajudem a criança/adolescente a identificar emoções, como falar com entusiasmo sobre a volta às aulas. Mostre também, por meio de gestos e olhares, a sua empolgação com esse retorno. Outra estratégia interessante é usar sentenças curtas, com poucas palavras, e sobre assuntos que sejam de interessa da criança/adolescente, como experiências que terão em uma aula que gostem da matéria. Outra forma de comunicação é por meio dos estímulos visuais.

Você pode usar imagens da escola e calendários com horários para que entendem como e quando irão para a escola. Além disso, é importante que o ambiente onde essa interação/comunicação aconteça não tenha muitos estímulos, como sons, luzes e outras pessoas se movimentando o tempo todo. Uma dica importante, que também é relacionada à comunicação, diz respeito ao toque e ao volume da voz, seja de quem está conversando ou de algo no ambiente. Lembre-se: indivíduos com TEA são hipersensíveis e se observar que algo está incomodando, tente compreender o que a pessoa com TEA está sentindo;

Mudança de escola: Crianças e adolescente com autismo têm mais dificuldades para lidar com mudanças. Isso ocorre porque têm dificuldades de prever situações que vão acontecer e a rotina traz uma previsibilidade de conforto. Quando estão acostumadas a uma escola, a criança/adolescente já sabe o que vai acontecer, como vai acontecer, com quem estará e onde, e, com isso, se organiza sobre as ações que precisará ter naquela situação. Então, se houver alguma mudança de escola, é preciso estimular as variações e as flexibilidades nas intervenções para que os muitos imprevistos que possam acontecer não desencadeiem crises.

Vale frisar, portanto, que nas terapias é preciso trabalhar certa flexibilidade cognitiva e treinar situações de imprevisto para que a criança/adolescente ganhe repertório de lidar com situações novas e inesperadas. E a previsibilidade das situações, nesses casos, deve se estender aos professores e demais membros da equipe escolar. Converse sobre as necessidades da criança/adolescente para que o plano de apoio individualizado esteja atualizado e de acordo com as necessidades daquela criança/adolescente;

Evitando o bullying: O desenvolvimento infantil é uma fase de muitos desafios para todas as crianças, inclusive na fase da adolescência. Para adolescentes com TEA mais ainda porque as demandas sociais são maiores e o bullying começa a acontecer. Para minimizar os danos, é importante buscar uma rede de apoio empática e tolerante com outros alunos, amigos e familiares de amigos que consigam compreender e lidar com as necessidades específicas desse jovem e inseri-los em atividades quere unam outros colegas. Além disso, o adolescente deve treinar em suas terapias estratégias de habilidades sociais e vida funcional para que tenha sucesso nas atividades diárias.

Em tempo: “Se a criança e adolescente apresenta algumas nuances do TEA, mas ainda não há o diagnóstico, sugiro que os pais e responsáveis descubram mais rapidamente sobre a condição do filho, para que o retorno às aulas aconteça de forma tranquila e seguindo os protocolos sugeridos para quem tem o transotrno. A falta de um diagnóstico correto o quanto antes, principalmente quando se fala em TEA Nível de Suporte 1, que tem suas particularidades muitas vezes confundidas com um possível mau comportamento, pode levar a criança e o adolescente a terem suas crises confundidas com birras ou falta de respeito. Contudo, uma vez que recebam o diagnóstico correto, é possível adequar as situações ao transtorno e, consequentemente, dar mais qualidade de vida ao indivíduo com TEA, inclusive em momentos como a volta às aulas”, diz Calmeto. E complementa: “É essencial que os pais entendam que não é birra. Isso é um alerta muito importante. Acreditar que um determinado comportamento da criança/adolescente com TEA, que parece uma malcriação, é desencadeado simplesmente por ela não ter um desejo atendido pode atrapalhar todas as ações realizadas para promover o desenvolvimento de suas habilidades”, conclui.