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Meninos vão 18 vezes menos ao urologista do que meninas ao ginecologista; entenda

Especialista explica que o número menor entre meninos é uma questão cultural

Levantamento analisou adolescentes com entre 12 e 18 anos - Unsplash/Markus Frieauff e Shawnee D
Levantamento analisou adolescentes com entre 12 e 18 anos - Unsplash/Markus Frieauff e Shawnee D

Meninos frequentam o urologista muito menos do que meninas o ginecologista. De acordo com um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o número de adolescentes meninos, entre 12 e 18 anos, que vão ao urologista é 18 vezes menor do que o de meninas, nessa mesma faixa etária, ao ginecologista.

O urologista Alex Meller, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP), explica que isso acontece devido a uma questão cultural, já bastante enraizada na sociedade, de que homens não são habituados a frequentar especialistas.

“Existe uma cultura de não precisar. Desde sempre, a mulher precisou de ginecologista, para fazer o pré-natal e a prevenção de cânceres, como o de colo do útero – que tem alta incidência em jovens – e o de mama. Por isso, elas adquirem um hábito de visitar o ginecologista para, justamente, fazer essas prevenções”, esclarece.

Acontece que não ir ao médico pode causar prejuízos a longo prazo na saúde do jovem. Por não apresentarem nenhuma doença que necessite de visitas frequentes ao urologista, uma questão mais grave se torna menos importante. Dessa forma, problemas podem se desenvolver sem que a pessoa sequer perceba. 

APRENDIZADO

Segundo o médico, também existe uma crença de que o aprendizado sobre sexualidade, cuidados íntimos, higiene e transmissão de doenças será passado ao menino nas ruas ou pelos familiares. Por isso, não é comum buscar um especialista para se informar, e o conhecimento dos jovens acaba sendo defasado.

“Vem um pouco da questão da falta de tempo dos pais para fazer isso e das famílias serem menores hoje. Você não tem mais o irmão mais velho para orientação, o que era um hábito”, reflete.

Por isso, existe uma necessidade ainda maior de se estruturar um protocolo para cuidar desses adolescentes. “Muito melhor do que aprender com um primo mais velho como você deve se higienizar ou como são transmitidas doenças sexuais, é aprender com o médico de confiança, que vai poder tirar suas dúvidas”, afirma.

IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO

Meller ressalta ainda que o problema é educacional, por conta da falta de conscientização dos garotos sobre o assunto. Os pais devem levar seus filhos a consultas para tirar dúvidas e obter conhecimento sobre educação sexual e prevenção de doenças, como ocorre com as meninas.

“O objetivo é trazê-los para dentro do consultório para explicar sobre sexualidade, dúvidas em relação à vida sexual, ao início dela, à higiene, doenças que você pode ter devido ao sexo ou simplesmente esclarecimentos anatômicos”, declara.

Além disso, Alex acredita que há uma questão econômica envolvida na problemática, já que a conscientização traria benefícios à sociedade como um todo. “Fatores econômicos podem ser colocados na mesa, já que a informação pode prevenir doenças e a prevenção permite economizar recursos da saúde pública”, completa.

Dessa forma, com a orientação dos adolescentes, problemas como uma gravidez indesejada, que tem grandes custos sociais – especialmente para as mulheres – podem ser evitados.