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Por menos doces e telas: dicas para acertar a alimentação do seu filho?

Especialistas em saúde alertam sobre obesidade e sedentarismo infantil, que cresceram silenciosamente durante a pandemia

*Priscila Correia, do Aventuras Maternas, colunista de AnaMaria Publicado em 30/07/2021, às 08h20

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Bons hábitos devem começar na primeira infância. - Arquivo pessoal
Bons hábitos devem começar na primeira infância. - Arquivo pessoal

"Comi doce e bebi refrigerante quando era pequeno e não morri". "Mas era pra ter morrido?" Esse diálogo ficou famoso na internet e pode parecer extremista, mas o fato é que, apesar de não ser possível mensurar se há ou não consequências fatais ao longo da vida, os hábitos nutricionais errados na infância podem, sim, ter resultados muito negativos, indo da obesidade à disfunções metabólicas importantes, como diabetes, colesterol e até mesmo hipertensão arterial.

Cardápio equilibrado, atividades físicas e hábitos saudáveis não devem estar na lista de preocupações apenas de um adulto que quer se manter em boa forma. Na realidade, é preciso pensar na saúde de nossos filhos enquanto são ainda pequenos. Afinal, o cenário atual já é bastante preocupante. 

Algumas estatísticas apontam, inclusive, que até 2030, o Brasil poderá ter quatro vezes mais casos de obesidade infantil. E mais: uma pesquisa publicada em junho deste ano pelo Ministério da Saúde indica que 3,1 milhões de crianças com menos de 10 anos estão obesas, enquanto 6,4 milhões sofrem com o excesso de peso. Ou seja, vencer a obesidade é uma questão de saúde pública.

No entanto, para combater esses números e vencer a obesidade infantil é preciso transformar o estilo de vida dos pais ou educadores, para começar pelo exemplo. Afinal, embora os hábitos saudáveis no cardápio infantil já sejam uma realidade para muitas famílias que esperam a introdução dos doces somente depois dos dois ou cinco anos, com a pandemia as escorregadas gastronômicas, que começaram pelos adultos, invadiram também os pratos das crianças.

A pediatra Monica de Araújo Moretzsohn, membro do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), lembra que a obesidade infantil é risco para o desenvolvimento de outras enfermidades, chamadas de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia (alteração do colesterol) e até alguns tipos de câncer. “Em relação à alteração do colesterol, por exemplo, o aumento do considerado "ruim" já pode começar a acumular nas artérias desde a primeira infância. Quanto mais cedo a criança permanece obesa, maiores são os riscos de desenvolver pressão alta, diabetes, entre outras complicações. Por isso, os pais devem entender que obesidade é uma doença e que precisa ser tratada”, enfatiza.

Sobre o consumo de alimentos com açúcar, Moretzsohn pontua que seu excesso causa, além de problemas em relação ao peso, outros danos associados, como aumento da gordura no sangue e de triglicerídeos, acúmulo de gordura no fígado, entre outros males. E, apesar de facilitarem a vida, os alimentos processados ou ultraprocessados possuem muito sódio, gorduras e glicose. "São alimentos palatáveis, com custo acessível, mas que levam a um ganho de peso progressivo”, exemplifica. 

BOTA PARA BRINCAR

Hábitos saudáveis e exercícios físicos estão intimamente ligados. (Crédito:  Cesar Pinelli/ Pixabay)

Além da comida, é preciso alertar sobre a importância da prática de exercícios físicos, que deve ser estimulada desde bebê. “A atividade física condiciona nosso organismo, ajuda a desenvolver os músculos e ossos, e auxilia na cognição e equilíbrio. Então, quando falamos de hábitos de vida saudáveis, estamos associando bons hábitos alimentares a uma rotina de exercícios. O sedentarismo é uma das causas do aumento expressivo de obesidade observado nas crianças e adolescentes”, explica.

Já para a fisioterapeuta e especialista em emagrecimento saudável, Edivana Poltronieri, a solução para o problema passa pela mudança de hábitos entre os pais. “A primeira coisa é fazer os responsáveis da criança entenderem que qualquer mudança de hábito só acontecerá quando os adultos da casa forem exemplos. A criança precisa ter um ponto central de inspiração. Não adianta querer que eles comam verduras, frutas ou legumes se os pais comem pizza, hambúrguer e industrializados”, explica a especialista, que ainda elogia a postura dos pequenos quando o assunto é mudança de hábito. “A criança é muito mais acessível. Ela entende, é aberta. Quem sabota os filhos, na maioria dos casos, são os pais. Por isso, eles devem ser o principal foco na reeducação alimentar da criança”, enfatiza.

E como sabemos que administrar uma rotina multitarefas não é simples, especialmente quando se trata de manter uma rotina saudável sem grandes deslizes, a coluna de hoje pretende ser um guia recheado de dicas, que vão desde informações para trazer de volta os hábitos saudáveis para pais e filhos, até atividades físicas e orientações sobre o que pode ou não ser introduzido em cada fase da infância.

NOVOS HÁBITOS COM A PANDEMIA
A rotina das crianças, assim como dos adultos, mudou muito desde o começo da pandemia do novo coronavírus. Longe da escola e dos amigos, e vivendo apenas dentro de casa, muitas vezes sentados diante das telas e sem brincar ao ar livre, o fato é que, além do isolamento imposto a todas as idades, existem ainda os bebês que nem ao menos tiveram contato com o mundo antes da pandemia e que, até agora, só conhecem uma realidade muito limitada.

Esse confinamento, obviamente, acabou se refletindo também na alimentação diária, causando ansiedade das crianças e cansaço nos pais, que acumulam a sobrecarga de tarefas com a dificuldade de preparar diariamente refeições perfeitamente equilibradas. “Muitos estão comendo alimentos com baixa qualidade nutricional, em grandes porções e mais vezes ao dia. Ainda tem aqueles que aumentaram a quantidade de comida ou que, infelizmente, desenvolveram transtornos alimentares e não conseguem comer normalmente”, explica a nutricionista infantil Camila Garcia.

Segundo dados da SBP e da Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), no Brasil, quase nove em cada 10 pediatras (88%) apontaram que as crianças apresentaram alterações de comportamento no último ano. As mudanças mais comuns são as oscilações de humor, como passar de felizes e ativas para emburradas e retraídas. Em segundo lugar, aparecem sintomas como aumento da ansiedade, irritabilidade, depressão, agitação, insônia, tristeza, agressividade e aumento de apetite.

“Não podemos esquecer que as crianças também tiveram a rotina alterada. Muitas eram bebês no começo da pandemia e agora estão na fase infantil. Então, o impacto psicológico do confinamento é uma das principais causas que levaram ao aumento dos casos de obesidade infantil no período”, analisa a nutricionista.

Para ela, o padrão alimentar mudou e aumentou o sedentarismo das crianças durante o distanciamento social. “Não devemos introduzir industrializados ricos em açúcar na alimentação, principalmente nos menores de dois anos. A preocupação é ensinar os pequenos a experimentar os alimentos. Pode parecer mais fácil apresentar alimentos industrializados, mas no futuro o trabalho para ensiná-los sobre alimentos de verdade será maior. Além disso, elas precisam gastar energia e a tela não faz esse papel”, aponta.

Outra preocupação é que muitas famílias, de março do ano passado para cá, mudaram os horários das crianças, inclusive o de comer. E isso também acabou refletindo na qualidade da alimentação dos pequenos. Camila destaca que os horários para comer não precisam ser alterados por causa do aumento de tempo dentro de casa. "Não ter uma rotina certa aumenta as chances de beliscar entre as refeições. Uma ótima solução é planejamento e organização durante a semana. Os pais podem preparar marmitas com alimentos variados. Com a organização na rotina, é possível seguir uma alimentação saudável e não só ficar optando por coisas práticas e alimentos industrializados”.

COMO MELHORAR OS HÁBITOS?

Alimentação pode ser saudável e divertida! (Crédito: Arquivo pessoal)

Para ajudar os pais a introduzirem a alimentação saudável no lar, mudando a rotina para um estilo de vida equilibrado, a especialista em emagrecimento Edivana Poltronieri lista 5 dicas.

1) Adote uma rotina de horários para as refeições: “É normal os pais cumprirem horários quando a criança é bebê. Depois, alguns deixam para ela se alimentar quando quiser. Mas esse tipo de pensamento não considera que existe a influência da tecnologia e fatores emocionais, como estresse e ansiedade, e isso prejudica muito os hábitos da criança.”

2) Seja sincero ao apresentar a refeição à criança: “Vamos dar o exemplo de uma criança que adora batata. Bem-intencionados, os pais fazem uma receita de inhame e dizem que é batata só para a criança comer. Só que ela vai na expectativa de comer batata, naturalmente criando um bloqueio com o inhame quando percebe” explica a especialista, que indica, nesses casos, que os pais apelem para as propriedades terapêuticas dos alimentos. “É normal as crianças serem competitivas, ou seja, querer ser a mais inteligente, forte ou rápida da turma. Então, os pais podem sugerir que tal legumes, fruta ou verdura vai potencializar a energia, a força ou a inteligência da criança pelas suas vitaminas e nutrientes.”

3) Seja lúdico e criativo: Nesse sentido, Edivana criou um método exclusivo, que aplica com seus pacientes: a Trilha da Saúde. Similar a um jogo de tabuleiro, que pode ser colado na geladeira, a criança entra em um game alimentar. “Esse jogo pode ser usado de duas formas. A primeira é: a cada alimento diferente que a criança experimentar, ela avança uma casa. Ao chegar no final, ela pode escolher o seu prêmio: um brinquedo, passear no parque etc. O segundo é: a cada 100g eliminados, ela avança uma casa. Então, se ela perder 500g, irá avançar cinco casas, e assim sucessivamente. Entre as casas, incluímos práticas saudáveis como beber água, fazer uma atividade física ao ar livre e outras recomendações”.

4) Seja persistente e respeite o paladar da criança: “Pode ser que ela não goste de um legume feito de um determinado jeito. Então, tente outras formas para entender se o problema é a receita ou o ingrediente. Se a criança realmente não gostar de determinada fruta, legume ou vegetal, não insista e nem faça chantagem emocional”

5) Não tenha plano B na dispensa: “Se, ao abrir a geladeira, a criança ver só opções saudáveis, ela será obrigada a escolher uma para se alimentar. Mas, se houver alimento industrializado, logicamente ela vai recorrer ao que agrada o seu paladar infantil. Então, eu sempre peço para os pais não comprarem itens industrializados e açucarados. Assim, nem o responsável e nem a criança terão opções pouco nutritivas ao alcance”, indica.

O QUE OFERECER EM CADA FASE?
Segundo a nutricionista Adriana Stravo, a prevenção é a chave do sucesso no controle da obesidade. E, abaixo, ela propõe algumas dicas importantes para cada etapa da nutrição infantil.

• Da gestação aos 2 anos (Primeiros 1000 dias)
A nutrição pré-natal deve ser adequada, com ótimo ganho de peso materno, bom controle de açúcar no sangue, perda de peso pós-parto, com exercícios e aconselhamento nutricional.

Desde o nascimento até os 6 meses de idade, o bebê deve ser amamentado exclusivamente com leite materno, ou seja, não lhes dê mais comida ou bebida, e os alimente "sob livre demanda," ou seja, quantas vezes quiserem, dia e noite. Por si só, o leite materno fornece todos os nutrientes e líquidos que os bebês precisam para seus primeiros 6 meses de crescimento e desenvolvimento saudáveis. Assim, eles têm melhor resistência contra doenças comuns da infância, como diarreia, infecções respiratórias e infecções do ouvido. Mais tarde, no decorrer da vida, aqueles que foram amamentados quando criança são menos propensos a ficar acima do peso ou obesos, ou a sofrer de doenças não transmissíveis, como diabetes, doenças cardíacas e derrames.

• Aos 6 meses de idade
- Introduza uma variedade de alimentos seguros e nutritivos para complementar a amamentação e continue a amamentar até que os bebês tenham 2 anos de idade ou mais.

- Não adicione sal ou açúcar aos alimentos para bebês e crianças até 2 anos

- Ofereça alimentos variados: ingerir diferentes nutrientes, incluindo cereais, trigo, cevada, centeio, milho, arroz, batata, inhame, mandioca. lentilhas, feijões, verduras, legumes, frutas, frango, peixe e ovos entre outros. Comer alimentos variados e frescos todos os dias ajudam as crianças a obter a quantidade adequada de vitaminas e minerais necessários para o crescimento e desenvolvimento. Também evita o excesso de açúcares, gorduras e sal, que pode levar a um ganho de peso.

- Evitar completamente televisão ou mídia para crianças menores de 2 anos

• Dos 2 anos à adolescência

- Seguir fornecendo uma dieta balanceada;

- Forneça vegetais, legumes e frutas;

- Ofereça grãos como lentilhas e feijões regularmente;

- Incentive a beber água;

- Não ofereça bebidas açucaradas (sucos de frutas, refrigerantes, leites aromatizados);

- Use óleos vegetais insaturados (por exemplo, óleo de oliva, soja, girassol ou milho) em vez de gorduras animais ou óleos; ricos em gorduras saturadas (por exemplo, manteiga, ghee, banha, coco e óleo de palma);

- Escolha carne branca como frango (sem pele) e peixe, que geralmente têm menos gordura, em vez da carne vermelha;

- Evite carnes processadas, pois são ricas em gordura e sal;

- Evite alimentos processados, assados e fritos que contenham gordura trans produzida industrialmente;

- Ao cozinhar, limite a quantidade de sal e condimentos com alto teor de sódio (por exemplo, molho de soja e molho de peixe), e use ervas frescas;

- Evite alimentos com alto teor de sal e açúcar;

- Escolha frutas frescas em vez de lanches doces, como biscoitos, bolos e chocolate;

Pessoas cujas dietas são ricas em sódio (incluindo sal) têm maior risco de pressão alta, o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas e derrames. Da mesma forma, aqueles cujas dietas são ricas em açúcares têm maior risco de ficarem com sobrepeso ou obesos, e um risco maior de cáries. Pessoas que reduzem a quantidade de açúcar em sua dieta também podem reduzir o risco de doenças não transmissíveis como diabetes e hipertensão.

- Tempo máximo de visualização de televisão e mídias de 2 horas ou alguma estratégia que se aproxime desse limite ao dia.

- Monitore peso e da altura, prevenindo a adiposidade pré-puberal excessiva, fornecendo aconselhamento nutricional estimulando atividade física diária.

- Evite o aumento de peso após o estirão de crescimento, mantendo um comportamento alimentar saudável e reforçando a necessidade de exercícios físicos diários.

MAIS ESPORTE, MENOS SEDENTARISMO

Atividades físicas ao ar livre para fugir das telas. (Crédito: Arquivo pessoal)

De acordo com a assessora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Juliana Landolfi Maia, que é doutoranda em Fisiologia do exercício, os problemas do sedentarismo podem ser atribuídos não apenas à falta de movimento, mas também à estimulação proporcionada pelas atividades substitutivas, como jogos e filmes em smartphones, tablets, videogame e televisão. "Pesquisas recentes apontam que crianças estão se movimentando cada vez menos e que o tempo em frente às telas pode ser um fator preocupante quando nos referimos à saúde", alerta.

E para ajudar os pais, a especialista separou algumas dicas de atividades que vão incentivar os pequenos a movimentar o corpo.

Crianças de 2 a 3 anos:
Montar circuitos de caixas de papelão em diferentes tamanhos e incentivar a criança a se deslocar pelo caminho. As caixas também podem ser usadas para cenários e encenações. Vale a pena utilizar materiais disponíveis em casa para estimular a criança a criar os próprios brinquedos. Outra sugestão para essa faixa etária é incluir brinquedos que simulam movimentos de pinças e blocos de encaixes. Para fortalecer o corpo, uma brincadeira interessante é "Morto-Vivo”, que consiste em agachar (morto) e ficar com o corpo ereto (vivo). Essa atividade promove o fortalecimento muscular e das articulações das pernas, além de ajudar na coordenação motora e equilíbrio.

Crianças de 4 a 5 anos:
Promover brincadeiras que envolvam dança e movimentos normalmente costuma ser muito bem aceito para essa faixa etária. Outras opções são jogos que envolvam personagens e um ambiente acolhedor com brinquedos e materiais disponíveis em casa. Uma alternativa que funciona bem é incentivá-los a criar seus próprios jogos e envolver a família toda na brincadeira. Vale brincar com papéis coloridos, tinta, bolas e colocar a imaginação para funcionar.

Para quem tem mais espaço, boas sugestões são brincadeiras como pique-pega, esconde-esconde e cabo-de-guerra. Elas auxiliam, respectivamente, na movimentação dinâmica por conta do abaixar, pular e correr em várias direções, desenvolvendo também o condicionamento cardiorrespiratório e o fortalecimento da musculatura de braços e pernas, usando as articulações para gerar força.

Crianças de 6 a 8 anos:
Nessa idade, as crianças exploram muito o mundo da imaginação. Vale a pena sugerir jogos com desafios que ajudam a criar habilidades específicas e senso de competição, além de aproveitar ideias de jogos e passatempos populares, fazendo uma pesquisa com avós, tios e pessoas próximas sobre brincadeiras da infância. Esse resgate, além de muito divertido, pode trazer experiências inesquecíveis para toda a família.

Crianças de 9 a 12:
Para os maiores, vale a pena explorar a movimentação em atividades com bolas ao ar livre, ou então, preparar uma playlist e gravar sequências coreográficas para que as crianças acompanhem. Outras atividades que podem ser incentivadas são salto de corda, pular o elástico, queimada e carrinho de mão. O jogo de queimada desenvolve a força e agilidade, e o carrinho de mão estimula os músculos dos braços, a coordenação motora e o abdome.

A especialista reforça ainda que a alimentação e a qualidade do sono são aspectos que precisam ser observados. "Reduzir os alimentos processados e cuidar da higiene do sono das crianças, incentivando-as a ficarem sem as telas no período que antecede a hora de dormir, pode fazer a diferença e auxiliar nos mecanismos fisiológicos e de desenvolvimento dessa fase", acrescenta Juliana.

A partir de 12 anos:
Em relação aos adolescentes, a preocupação é com os transtornos relacionados à ansiedade provocados pelo distanciamento social, incluindo distúrbios do sono. Nesse contexto de férias é comum que haja uma necessidade maior de convívio social, que muitas vezes é substituída pelos jogos online e uso de Redes Sociais. Os pais devem observar e orientar os filhos a fim de evitar a privação do sono, ocorrência comum quando os adolescentes jogam on-line durante a madrugada, por exemplo. Isso pode interferir no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional.

Com os devidos cuidados sanitários locais, a família deve optar por atividades ao ar livre. Para os adolescentes, o ideal é estimular a prática de esportes individuais como corridas de longa e curta distância, patinação, passeios de bike, caminhadas em trilhas, entre outros.

ACOMPANHAMENTO PEDIÁTRICO
Antes de finalizarmos, é válido falar sobre a importância do acompanhamento pediátrico das crianças, pesando-as e medindo periodicamente, para que essas informações sejam incorporadas nos gráficos de crescimento. Ao se fazer isso, há a possibilidade de avaliar precocemente quando essa criança está desviando da curva para mais e de orientar bons hábitos alimentares para a família toda, ressaltando a importância da prática da atividade física. Precisamos ficar de olho nas crianças que estão em risco de ganhar peso. 

"Quando começam a subir na curva, no gráfico, é um sinal de alerta: tem alguma coisa acontecendo e é preciso intervir. Hoje, a principal causa de obesidade é alimentação pouco saudável e inatividade física. E precisamos impedir que nossas crianças continuem engordando. Temos mais de 50% das crianças entre 5 e 9 anos com excesso de peso. E quando elas se mantêm desta forma, têm muitas chances de se tornarem adultos obesos. Então, é importante que a gente intervenha o mais precocemente possível para não deixar a obesidade se desenvolver, pois é uma doença muito grave, que leva extremo sofrimento para todos e que causa outros danos. E esse é meu recado para os pais e pediatras, que fiquem atentos. É importante lembrar que a obesidade é uma doença e precisamos preveni-la a todo custo”, conclui Monica de Araújo Moretzsohn.

*PRISCILA CORREIA é jornalista, especializada no segmento materno-infantil. Entusiasta do empreendedorismo materno e da parentalidade positiva, é criadora do Aventuras Maternas, com conteúdo sobre educação infantil, responsabilidade social, saúde na infância, entre outros temas. Instagram:@aventurasmaternas.