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Comportamento / Processo

A arte de se tornar descartável onde você era imprescindível

Quem acredita que amor e adoração são para sempre, esquecendo a lei da reciprocidade, mais cedo ou mais tarde se vê fora de cena

*Wal Reis Publicado em 19/01/2021, às 08h00

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Aos poucos, paramos de contar com aquele que tem tão pouco a oferecer. - Manfred Antranias Zimmer
Aos poucos, paramos de contar com aquele que tem tão pouco a oferecer. - Manfred Antranias Zimmer

Tem gente acha que vai fazer falta para sempre na vida de alguém. Às vezes nem é por maldade, mas a sensação de ser imprescindível traz uma segurança, uma crença meio torta de que não é necessária quase nenhuma dedicação para manter a preferência. Como se o gostar do outro fosse uma fonte inesgotável de amor jorrando em sua direção. Amor, porém, é recurso finito. O poço seca quando só se faz retiradas.

Quem ama também cansa. Cansa de aguardar por decisões que nunca chegam, cansa de acreditar que as promessas um dia serão cumpridas, cansa de receber “nãos” para todas as propostas, cansa de ver o companheiro andando em círculos e cansa de recolher migalhas depois de oferecer um banquete com o melhor de si. Cansa de ser invisível para quem sempre significou luz.

Aos poucos – e talvez isso seja o mais triste –, por falta de uma atenção genuína, vamos deixando de contar nossas histórias, de pedir opinião, de fazer planos juntos e de procurar aconchego em abraços que nunca estiveram verdadeiramente dispostos a consolar. Cai a ficha de que estávamos sozinhos com nossa predileção.

DE PROTAGONISTA A FIGURANTE
Mas idolatria tem limite. O processo pode até acontecer lentamente, porém, um belo dia descobre-se que não se caminhava de mãos dadas porque apenas uma das mãos estava segurando a outra, que pendia frouxa. E quem era fundamental para que os dias tivessem cor, vai perdendo o protagonismo e caindo na vala comum do “tanto faz”. Paramos de contar com aquele que tem tão pouco a oferecer.

Finalmente, tanta negligência cobra seu preço e a ausência e a presença daquele que antes era indispensável ganha o mesmo peso: ótimo se vier junto, mas, caso não faça questão, isso não impede mais de ir ao cinema, pegar uma estrada ou participar de uma reunião com amigos. A vida continua sem ninguém figurar em seu altar de adoração.

Aprendemos que a festa já fica completa com aqueles que fazem questão de estar e não depende tanto dos que demoram uma eternidade para responder ao convite. Porque os convidados, que antes estavam no topo da lista, precisam entender que para o grande evento, que é permanecer ao nosso lado, o número de vagas é limitado e se encerra em pouco tempo.

*WAL REAIS é jornalista, profissional de comunicação corporativa e escreve sobre comportamento e coisas da vida. Blog:www.walreisemoutraspalavras.com.br