AnaMaria
Busca
Facebook AnaMariaTwitter AnaMariaInstagram AnaMariaYoutube AnaMariaTiktok AnaMariaSpotify AnaMaria
Comportamento / Alectomia

Mulher perde parte do nariz após plástica; entenda o que é a alectomia

Após mulher perder parte do nariz em plástica, especialista explica a cirurgia

Letícia Cassiano, com supervisão de Vivian Ortiz Publicado em 15/07/2022, às 11h47

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Cirurgias plásticas no nariz vêm aumentando desde a pandemia, e alectomia é um destaque - Fotos: Unsplash
Cirurgias plásticas no nariz vêm aumentando desde a pandemia, e alectomia é um destaque - Fotos: Unsplash

O caso de Elielma Carvalho Braga, uma jovem de 37 anos que perdeu parte do nariz após passar por uma alectomia - cirurgia de redução das asas nasais - chamou a atenção no início de julho. Em entrevista ao G1, ela contou que fez o procedimento com um dentista de Aparecida de Goiânia (GO) e que, após perder parte da pele, precisou fazer mais de dez cirurgias e ficou com cicatrizes, abalando sua autoestima.

O cirurgião plástico Wendell Uguetto, especialista em cirurgia crânio-maxilo-facial do Hospital Albert Einstein, explica que a alectomia é uma subdivisão do procedimento da rinoplastia, a famosa cirurgia plástica do nariz. Nele, se reduz cirurgicamente a asa nasal e a base da região. Este, no entanto, é um procedimento restrito à profissão médica e não poderia ser feito por dentistas. 

“Entre os médicos, o mais capacitado é o cirurgião plástico ou um otorrino. Apesar de ter muito dentista fazendo em consultório, eles são proibidos de fazer alectomia. Em nenhum momento essa cirurgia entrou no hall do conselho regional de odontologia, que nunca autorizou”, ressalta.

PODE DAR MUITO ERRADO

Os problemas causados por uma cirurgia do tipo, quando  realizada por um profissional não capacitado, podem ser irreversíveis. Segundo Uguetto, caso o profissional tire demais, vai atrapalhar a passagem de ar, deixando o paciente sem respirar corretamente. “Eu vejo muitas complicações disso no consultório. Além de ficar esteticamente feio, cria-se uma obliteração do intróito nasal, uma deformidade que é dificílima de corrigir depois”, explica.

Em casos do tipo, segundo o especialista, ainda existe a possibilidade de reconstrução. Contudo, serão necessárias muitas cirurgias para corrigir o defeito. “O resultado estético nunca mais vai ser o mesmo, assim como a parte funcional porque se trata apenas de uma reparação. Vai ter sequela na área do aerador, cicatriz na área receptora, a qualidade de pele muda, assim como a qualidade respiratória. Então, não há um conserto 100%, apenas uma reparação no defeito”, esclarece.

Foto: Elielma Carvalho / Arquivo Pessoal (G1)
Elielma Carvalho antes e depois da alectomia - Foto: Elielma Carvalho / Arquivo pessoal (Retirado do acervo G1)

JEITO CERTO

Quer fazer o procedimento? A recomendação é procurar por um profissional especializado. Vale a pena, inclusive, consultar o número do CRM (Conselho Regional de Medicina) do médico e pesquisar se ele possui o registro ou não da especialidade requerida. “Outra dica é ir no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que vai indicar se o indivíduo tem o título de especialidade ou residência em cirurgia plástica”, sugere Uguetto.

No entanto, na opinião dele, percebe-se um padrão nas pessoas que buscam pela alectomia com profissionais não qualificados: “Trata-se de um perfil que quer algo rápido, simples e de baixo custo. Com isso, a alectomia também ficou restrita a pacientes que não podem ou acham dispensável arcar com cirurgiões qualificados.”

PADRÃO DE BELEZA

A verdade é que as cirurgias plásticas são um tema muito polêmico. Assim que surgiram as mídias sociais nos Estados Unidos, há cerca de cinco anos, Uguetto lembra que houve um aumento de 40% na realização de rinoplastias. Só no último semestre de 2021 para 2022, segundo ele, cresceu em 5% a procura por plásticas no nariz.

Isso é muito explicado pelo que os especialistas chamam de “efeito zoom”. Considerado um efeito colateral da pandemia e do tempo que as pessoas passaram fazendo lives e conferências de vídeo praticamente diárias, o fenômeno foi causado pela inédita hiper exposição da autoimagem nas câmeras. 

“Mas desde que seja feita por um profissional indicado e qualificado, a alectomia é um procedimento perfeitamente seguro e de baixo risco”, conclui o médico. Portanto, assim como toda cirurgia, deve ser muito bem pensada, desde os motivos que impulsionam o desejo de fazê-la, até a pesquisa do profissional na hora de realizá-la.